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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Salmos interpretados pelo Talmud



Salmos interpretados pelo Talmude
 
“Estejam na sua garganta os altos louvores de Deus, e na sua mão espada de dois gumes” (Sal. 149:6)
“o Senhor abre os olhos aos cegos; o Senhor levanta os abatidos (encurvados)” (Sal. 146:8)
“Fizeste com que os homens cavalgassem sobre as nossas cabeças; passamos pelo fogo e pela água, mas nos trouxeste a um lugar de abundância”.(Sal. 66:12)
“Ele faz cessar as guerras (desolações) até os confins da terra; quebra o arco e corta a lança; queima os carros no fogo”. (Sal. 46:9)
“Minha oração, porém, sobe até vós, Senhor, na hora de vossa misericórdia (hora de aceitação), ó Deus.” (Sal. 69:14)

 
       O livro dos Salmos da Bíblia, em hebraico traduzido como “livro dos louvores”, e na Torá chamado Tehilin, nos leva a profundos ensinamentos. Assim se deve, para compreender seus meandros, estudar a cultura judaica e sua tradição oral. Para tanto, Moisés recebeu no monte Sinai as tábuas da Lei (Torá), os mandamentos, a Mishna, o Talmud e até mesmo o Zohar. Usar apenas da Torá escrita seria temeroso, e se deve assim buscar a opinião dos sábios, que perpetuaram aquela tradição oral que se reveste de suma importância para entender o que está escrito. Assim o salmo é especial a se louvar a Deus.
       Primeiro que os dois primeiros salmos são na verdade um só, segundo talmudistas. Porque começa e termina pela expressão “Bem aventurado”, sendo que ainda o segundo salmo seria uma referência a gentios e guerra de Gog e Magog. Indo para o aspecto místico, o salmo 91 e o 149, um referente aos 1000 e 10000, e outro a espada de dois gumes, se referem a mazikin, aos demônios, que são em maior número que os seres humanos. A espada de sois gumes é a oração Shemáh, recitada ao começar e terminar o dia. 
 
       No salmo 146 fala que o Senhor levanta os encurvados (mal traduzido para abatidos...), e assim nos leva a pensar em Nosso Senhor Jesus, na cura do coxo. Mas originariamente se referia a oração (onde se fica encurvado), do Shemáh noturno. No que tange a Salmo 66, o mesmo se refere a água e fogo, e que os sábios no Talmud veem como o julgamento da água e fogo, pois a face da pessoa envergonhada (pelo pecado) fica rubra (fogo) ou branca (água). Já no Salmo 46, quando se diz : “Ele faz cessar as desolações até os confins da terra”, não se deve ler desolações (Schamot), mas sim nomes (Shemot), pois o nome provoca as ações nas pessoas. Percebemos assim os nomes bíblicos com a chave de comportamento das pessoas, mesmo o que ocorre com estes. E no “nome” nesse salmo se refere as gerações de Noé, uma vez “Hen” é nome ao contrário. O nome revela o destino. 
       Com relação a Salmo 69, quando o mesmo fala na oração e hora da misericórdia, na verdade a tradução é “hora da aceitação” (Ratzon), sendo a hora que reza a congregação na sinagoga. Sobre as regras de comportamento na sinagoga, há um livro judaico chamado Shulkan Aruch, que trata isso em pormenores. Para a Presença Divina (Shekiná), se devem reunir pelo menos 10 pessoas em oração, segundo certos escritos. Apesar de que Jesus (Ieheshua) falou para não rezar-se como os hipócritas, que são aqueles que não se concentram na oração, e ainda falando para se trancar no quarto (do coração, interno etc). Vale que bendizer a Deus sempre é recomendado, e que Davi serve de exemplo nesse sentido. O livro dos salmos traz ainda muitos mistérios, e aqui no presente artigo ficaria muito extenso falar desses detalhes, mas é um livro profundamente místico. O livro do Zohar comenta sobre esse viés, mas já falei o bastante do tema em minha obra Comentários à Bíblia.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A lepra segundo a Bíblia e o simbolismo da purificação



A lepra segundo a Bíblia e o simbolismo da purificação

“Quando um homem tiver na pele da sua carne inchação, ou pústula, ou mancha lustrosa, e esta se tornar na sua pele como praga de lepra, então será levado a Arão o sacerdote, ou a um de seus filhos, os sacerdotes, e o sacerdote examinará a praga na pele da carne. Se o pêlo na praga se tiver tornado branco, e a praga parecer mais profunda que a pele, é praga de lepra; o sacerdote, verificando isto, o declarará imundo.” Lv 13:2-3
“o sacerdote ordenará que, para aquele que se há de purificar, se tomem duas aves vivas e limpas, pau de cedro, carmesim e hissopo. Mandará também que se imole uma das aves num vaso de barro sobre águas vivas. Tomará a ave viva, e com ela o pau de cedro, o carmesim e o hissopo, os quais molhará, juntamente com a ave viva, no sangue da ave que foi imolada sobre as águas vivas” Lv 14:4-6
“Jesus, pois, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. No mesmo instante ficou purificado da sua lepra”. (Mat. 8:3)
 
       A lepra bíblica não é a lepra médica. Trata-se de algo muito mais amplo, que engloba várias doenças de pele, e chega inclusive ao aspecto do sobrenatural, como no caso das vestes com lepra e da casa com lepra. Segundo a tradição oral, talmudistas e mais especificamente Maimônides, esta se tratava mais de uma úlcera da pele. A palavra hebraica que designa a doença é tsarahat, e significa “atacar”. É uma doença, ou conjunto de doenças que está ligada a calúnias e pecados, e tem caráter de castigo ou praga. Sua causa é de violação de regra ética e moral, e não meramente uma doença médica ou de origem contagiosa, psicológica, genética etc. Refere-se muito ao povo de Israel que estaria livre das doenças (ou pragas) que havia na terra do Egito.
       Atualmente nas igrejas populares se vê muitas curas de doença de pele. Em geral se trata de psoríase e doenças assemelhadas, com fundo que médicos atribuem como emocional. Mas o sacerdote não é médico. Resta assim a obra de purificação, para se voltar a habitar na comunidade.  Aqui a questão é do0 castigo da doença, e da reflexão que deve ter aquele que a tem. A causa dessa doença, segundo os exegetas, é a má língua, a calúnia e difamação. Em especial contra familiares e cita-se o fato de Mirian, irmã de Moisés (Num. 12:10). Lembra também da doença, Deut. 24:8. Em certo modo, grande parte da cura está em teshuvah, no retorno a Deus, além dessa purificação feita pelo sacerdote. 
       Interessante é o simbolismo descrito na purificação do leproso, na parashá matsorah. Assim o cedro simboliza a força e soberba, o hissopo é espécie de musgo, que simboliza a modéstia, o que está no social de classe baixa. O carmesim significa a má conduta. Já os pássaros são pardais, e são as palavras de má língua. As águas são a vida contínua de novas ideias. O cedro também tem de ser um pedacinho, para mostrar certa humildade que deve ser buscada. Os pássaros que voam são assim dois, um da boa palavra e outro da má. Mas o pássaro simboliza a palavra irresponsável, como falou Rabi Itzhak Arama. Vale lembrar que tudo isso se deve a uma doença gerada pela difamação e calúnia, uma espécie de praga.
       Vemos assim que com a busca da luz, de Deus e Cristo, acabam por sumir essas  feridas. Isso implica em saber falar o que é bom, soltar o pássaro e se purificar do pecado e do erro. Se deve lembrar-se do poder do Verbo, e que esse pode ser usado para salvar pessoas, para ajudar e dar lições de sabedoria. A palavra revelou a Torá, e também Cristo veio com a palavra da verdade. A lepra bíblia é assim curada e nos leva a entender a causa sobrenatural de algumas doenças, e mesmo de alguns acontecimentos, como o caso da lepra da casa. Lembramos que a Criação se fez pelas palavras, ou pronunciamentos. Então o homem precisa se policiar no que fala. As lições talmúdicas e dos sábios de Israel por fim nos mostram que não se deve caluniar as pessoas, em especial os parentes. E que a fé em Deus livra de todo o mal, seja natural, ou sobrenatural.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Olho por olho e aspecto da tradição Oral com Talmud



Olho por olho, aspecto da tradição Oral com talmud
 
“Se alguns homens brigarem, e um ferir uma mulher grávida, e for causa de que aborte, não resultando, porém, outro dano, este certamente será multado, conforme o que lhe impuser o marido da mulher, e pagará segundo o arbítrio dos juízes;mas se resultar dano, então darás vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe”. (Ex: 21:22)

            Vemos ao ligar a TV algum apresentador de programa policial falar do talião, e justificando o direito de matar ou se vingar de determinado bandido. Mesmo em cursos jurídicos, na parte de história e introdução do Direito, há o equívoco de interpretar superficialmente as leis judaicas, em específico o que se entende por talião. Mas não se leva em conta a jurisprudência judaica, o Talmud, aspectos práticos e mesmo místicos da passagem referente ao chamado ‘olho por olho’. Numa dinâmica cristã, afasta-se mais ainda a interpretação literal dessa passagem bíblica.
            Primeiro que a Tradição Oral comentando esse dispositivo fala em compensação econômica, nos casos de se existir esse dano, quando não premeditado. Segundo que várias regras anteriores, e por hermenêutica, indicam a possibilidade do resgate. Desta feita, vemos que apesar de aceitável naquela época a pena de morte, a mesma apenas dependeria da Justiça, e não de vingança privada e nem de opinião de jornalistas de programa policial. Ademais, isso sem levar em conta o aspecto cristão, onde se deve amar os inimigos, e perdoar setenta vezes sete, dar a outra face, o que revela mais ainda a dimensão espiritual das Escrituras Sagradas, e na forma de tornar o homem melhor, e não incentivar mortes e vinganças. 
            E não se aceita a testemunha única, mesmo na Bíblia. Assim atesta Números 35:30, e em passagens próximas se trata do resgate. Vela lembrar que a Torá é lei geral e que necessita da tradição oral para sua hermenêutica, e assim surgem os sábios e a tradição talmúdica. Jesus provou conhecer essa tradição oral e em muitos momentos parecia contrariar a lei, como em relação ao Sábado, mas apenas estava interpretando. Sabe-se que mesmo judeus trabalhavam no sábado, se este serviço fosse, por exemplo, relativo ao culto, ao sacerdócio etc. 
            Há uma história interessante contada por Hilel, onde se vê um crânio flutuando nas águas e não se sabe quem é o assassino. Esse caso explica bem o olho por olho. Pois opera mesmo que não haja a justiça humana, existe a justiça de Deus, e assim a providência dá conta do caso. Também podemos pensar no guilgul, na reencarnação, e assim o sujeito que assassinou paga em vidas futuras o mal que vez a pessoa da qual restou apenas o crânio. E essa explicação ganha um tom místico e certeiro, uma vez que o poder Judiciário não consegue dar conta de todos os crimes. E nem se deve apoiar a vingança e o excesso, uma vez que a Escritura manda amar o próximo, e perdoar. Assim como há perdão das dívidas e tudo mais na mesma letra. Também, por outro lado, para os iníquos há o Geena ou inferno, e assim vemos a justiça divina operar em algum lugar. Logo, o “olho por olho” prova que podemos contar com a justiça divina e que não devemos defender a iniquidade.