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sexta-feira, 25 de abril de 2014

Da morte em madeiro e não cruz, da inexistência da mulher adultera em João, do pai de Maria chamado José e do trabalho de Jacó como lição de nosso para com Deus




Da morte em madeiro e não cruz, da inexistência da mulher adultera em João, do pai de Maria chamado José e do trabalho de Jacó como lição de nosso para com Deus








“O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro” (Atos 5:30)



“Aquele dentre vós que está sem pecado seja o primeiro que lhe atire uma pedra” (João 8:7)

 

“e a Jacó nasceu José, pai de Maria, da qual nasceu JESUS, que se chama Cristo” (Mateus 1:16)


 

“Estive vinte anos em tua casa; catorze anos te servi por tuas duas filhas, e seis anos por teu rebanho; dez vezes mudaste o meu salário” (Gên 31:40).

 

“Agora, pois, meu filho, ouve a minha voz; levanta-te, refugia-te na casa de Labão, meu irmão, em Harã e demora-te com ele alguns dias, até que passe o furor de teu irmão;” (Gên. 27:43-44)






Yeshua (Jesus), segundo Paulo, teria sido morto em um madeiro, e não numa cruz. A implicação disso é que a cruz é um símbolo pagão, e mesmo egípcio, e que assim não teria sintonia com aqueles que combatiam a idolatria, como os judeus, e Yeshua era judeu. Deste modo não teria o porque dessa busca simbólica, a não ser que fosse um aspecto místico ou mesmo cabalístico. A cruz é símbolo mais antigo do que o cristianismo e em larga escala objeto de culto, se referendo a eternidade e aos ciclos, temas mais que referentes a doutrina chamada pagã. Apesar que Paulo veio depois, e assim pode ter pego alguma tradição já inserida de costumes e cultos estranhos.


 
 

Sobre a passagem da mulher adúltera em João, esta teria sido inserida em tempo posterior, segundo historiadores, e esse João seria diferente daquele do Apocalipse. Ademais, resta que essa tradição deve ter sido de tamanha fama que assim não restou outra alternativa a não ser inserir esse fato. O ensinamento do perdão claro que fica em sintonia com o Mashiach (Messias), e assim Yeshua se insere bem no contesto, apesar de não talvez histórico e real. Com o acesso das mulheres em seu ministério, esse ensinamento possivelmente deve ter alguma origem em seus ensinamentos, e vemos também alguma concordância com o estilo de ensinos nos evangelhos apócrifos. Os ensinos de Yeshua eram talmúdicos, e assim havia vasta interpretação das escrituras (Antigo Testamento), e sim, ele tinha saber para ditar ensinamento no mesmo estilo.



Sobre o pai de Miriam (Maria), este se chamava José, por causa de se cumprir com a profecia do número certo de gerações, a partir de Davi, de modo que assim pela linha paterna ou da “semente”. Assim não se pode mais reclamar daquela discordância com Lucas, onde se teria uma geração a mais nessa genealogia. Pois a palavra usada para pai é complexa na passagem, e duvidosa, sendo traduzida como marido, apesar que o esposo de Miriam também é Joseph (José), e assim temos dois Josés importantes na vida de Maria.

 
 

Jacó teria saído da casa de seu pai (analogia com Pai do Céu), para assim trabalhar em Canaã (que significa comércio), ou para Labão, durante 20 anos, de modo que em verdade trabalhou para Deus (era uma avodá), de modo que assim trouxe as chispas de luz de Deus para o mundo, como ensina o Rab em Likutei Sichos. E como ensina o Midrash, todo o trabalho é para seu dono, ou seja, para Deus. Então quem reclama de seu trabalho ou vida laboriosa, está muitas vezes reclamando a Deus. Essa avodá está assim limpa de interesses pessoais ou mera busca de enriquecimento, mas tem mais um objetivo espiritual. Por consequência gera a prosperidade, mas não é a finalidade, mas sim o serviço a Deus.














segunda-feira, 21 de abril de 2014

A tradição oral cristã e sua importância aos cristãos primitivos




A tradição oral cristã e sua importância aos cristãos primitivos





“Assim, pois, irmãos, estai firmes e conservai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa”. (II Tessa. 2:15)





Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido na fé e no amor que há em Cristo Jesus” (II Tim. 1:13)



“E ainda muitas outras coisas há que Jesus fez; as quais, se fossem escritas uma por uma, creio que nem ainda no mundo inteiro caberiam os livros que se escrevessem” (João 21:25)



“Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro” (João 20:30)





Ao longo de nossos estudos, já vimos grande parte da tradição oral judaica, seja através do Talmud, seja pelos escritos do hassidismo, seja através do Zohar, ou mesmo dos sábios em seus comentários à Bíblia. Mas sabemos também que o cristianismo começou através de Nosso Senhor Jesus, o qual ensinava através de sua própria vós, e somente assim. Assim não se deve apenas seguir a tradição escrita e sem a interpretação devida, caindo no erro de apenas usar do texto sem o espírito que o acompanha, numa espécie de letra morta. Para tanto, aqui veremos as lições dos cristãos primitivos e da tradição, que foi ainda citada por vezes por Paulo, que sim a respeitava, ao lado da letra das Escrituras e juntamente com essa.


Quando Jerônimo fez a tradução do Evangelho de Mateus, fato foi que encontrou um escrito em linguagem codificada, tendo grande dificuldade no trabalho. Isso se devia por haver uma tradição oral, que era ditada de boca a boca. Assim conseguiu autorização a traduzir uma versão da biblioteca de Cesaréia, dos nazarenos. Algumas vertentes do cristianismo somente usavam esse escrito, como os cristãos judeus e os ebionitas. Assim existiam ensinamentos que eram dados apenas a discípulos de forma oral, os mistérios cristãos. Isso parece estar conservado na igreja em atos como imposição das mãos, exorcismo, certas orações, símbolos, nomes e ordens de anjos e assim vai. Possivelmente essa tradição oral esteja conservada ainda em mosteiros localizados na Círia e na Grécia. Também é possível que esteja entre ordens como a dos Jesuítas, Franciscanos e Beneditinos, podendo se notar através dos cantos desses últimos (basta ler tradução de canto gregoriano).
 
 
 

Vemos pelo que escreveu João, que muita coisa que Jesus fez não foi registrada, e nem poderia ser apenas em livros. Assim por certo que ensinamentos mais poderosos foram dados de boca a boca. Nota-se nos evangelhos apócrifos esses ensinamentos mais reservados de Cristo, como em Tomé e em Felipe. Mas tudo indica que a própria Igreja conserva a tradição oral, através de sua tradição apostólica e mesmo dogma. Dizem que a própria escolha do cânon do Novo Evangelho foi feita com base na tradição oral, o que explica essa escolha de livros para o compor. Vemos assim na lição do cristianismo primitivo. A tradição oral é assim a tradição apostólica.



Após a morte do último apóstolo, continuou a tradição cristã em um cristianismo pré-evangélico. Assim, sem escrituras. Isso até o momentos em que foi escolhido um cânon, de modo que até se usava alguns escritos, muitos do que depois foram tidos por apócrifos. Mas vale a lição dos padres da igreja primitiva, que falam sim em tradição oral e de sua importância. Segundo Basílio de Cesaréia: “Investiguemos quais são as nossas concepções comuns acerca do Espirito, assim como as que obtemos a partir da Sagrada Escritura em relação com aquelas que recebemos da Tradição não-escrita dos Padres" (Do Espirito Santo 9,22). Segundo Pápias de Hierápolis: “Eu não pensava que as coisas conhecidas pelos livros não me ajudassem tanto quanto as coisas ouvidas, através da palavra viva e permanente" (Explicação das Sentenças do Senhor) E segundo Tertuliano "A quem compete a fé, a fé a qual se referem as Escrituras? Por quem, por meio de quem e a quem a doutrina que nos fez cristãos foi transmitida? Porque onde parecer estar a verdade da doutrina crista, ai estará a verdade das Escrituras, a verdade das interpretações e de todas as tradições cristãs (...) Foi inicialmente na Judeia que (os Apóstolos) estabeleceram a fé em Jesus Cristo e fundaram Igrejas, partindo em seguida para o mundo inteiro a fim de anunciarem a mesma doutrina e a mesma fé.” (Da prescrição dos hereges).



Continuando a lição dos padres da Igreja primitiva, segundo Irineu de Lião: "E se os Apóstolos não tivessem deixado quaisquer Escrituras, não se deveria seguir a ordem da Tradição que eles legaram aos mesmos aos quais confiaram as Igrejas? Este método e seguido por muitos povos bárbaros que creem em Cristo. Sem papel e sem tinta, estes trazem inscrita em seus corações a salvação por obra do Espirito Santo, conservando fielmente a antiga Tradição" (Contra as Heresias). E Orígenes: “Mas como entre os que professam crer em Cristo ha muitas divergências, não apenas em detalhes insignificantes mas ainda em matérias de suma importância (…) parece necessário estabelecer sobre todos esses pontos uma regra de fé fixa e precisa antes de abordar o exame das demais questões (...) Mas como o ensino eclesiástico, transmitido por sucessão ordenada desde os Apóstolos, e conservado e perdura nas igrejas ate o [dia] presente, não se deve aceitar como verdade alem daquilo que em nada divirja da Tradição eclesiástica e apostólica (...) ” (Carta 67,5). E por fim Atanásio: “Mas nossa fé e reta e tem sua origem no ensino dos Apóstolos e na Tradição dos Padres, ambas confirmadas tanto pelo Novo quanto pelo Antigo Testamento” (Carta 60).

 


Assim superando as diferenças políticas e o combate a heresias, vemos que resta uma tradição oral, esta conservada aqui e ali nas igrejas, e assim disponível par aquele que as buscarem. Isso nos mostra o sentido das escrituras, e forma um verdadeiro Talmude cristão, que nos dá o norte a o que podemos entender e sobre hermenêutica. Vemos isso conservado em grande parte nos escritos de Agostinho de Hipona e mesmo em Tomás de Aquino, e assim percebemos que já temos disponível esse elevado saber, apesar de ser trabalhosa a busca, uma vez que são muitos trabalhos a respeito da fé. Como aqui faço mais um trabalho jornalístico e científico, sei que de bom uso será a reflexão, e que aos poucos essa minha obra se torna mais necessária, a fim de não se perder na mera letra morta, se confundindo com o que realmente ensinou o Senhor Jesus e e o que realmente ensinaram as Escrituras.















sábado, 19 de abril de 2014

O nome de Jesus, o que foi dito na cruz, a câmara nupcial, Madalena e o Evangelho de Felipe


O nome de Jesus, o que foi dito na cruz, a câmara nupcial, Madalena e o Evangelho de Felipe






No fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro”. (Mat. 28:1)


Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? (Mat. 27:46 – Versão Católica)

 

Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Versão João Ferreira de Almeida)



Deus meu! Deus meu! Por que Senhor, tanto me glorificas? (Evangelho de Felipe)



Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; pois vos desposei com um só Esposo, Cristo, para vos apresentar a ele como virgem pura”. (II Cor 11:2)

 

E eu vos digo que não me vereis até que venha o tempo em que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor.” (Luc. 13:35)






Vemos muitas vezes a referência ao nome de Jesus, e assim percebemos que esse nome é muito poderoso, e que segue um mistério a que sempre cristãos estiveram envolvidos. Seja para operar curas, seja para reforçar orações, seja par expulsar espíritos impuros, e assim por diante. Eu já tratei desse nome quando falei no aspecto cabalístico do mesmo, quando Martinistas o trataram, sendo o nome do Senhor Deus IHVH com o acréscimo da letra shin em seu centro (IHShVH). Aqui há a prova de que estamos diante de Deus. Como ensina o Evangelho de Felipe, “Jesus é um nome secreto, Cristo é um nome público” e “Cristo encerra tudo em si mesmo – seja homem, seja anjo, seja mistério - , incluindo o Pai”. Deste modo, há no nome dele a origem das coisas, pelo Verbo e também a sua salvação, naquele que é o Reparador e o Novo Adão.

 

Sobre o que foi dito na crucifixão, vemos que varia é a interpretação e o que importa é a entrega ao Pai, e o mistério da ressurreição. Possivelmente tenha dito bem mais e não tenhamos todo esse fato relatado. Mesmo que a Maria mãe tenha acompanhado, e até mesmo a Madalena tenha ainda apoiado, vale lembrar que também ressuscitamos em nossos corações, ao conhecer Cristo. Nos tornamos o Novo Homem, aquele que está reintegrado ao céu. Retornamos a casa do Pai. Para tanto, se Madalena foi companheira ou esposa de Jesus, fato é que isso apenas complementaria o sacramento do casamento. No Evangelho de Felipe disse que “Madalena era sua companheira”, e que Jesus amava ela mais que a todos. Tal afirmação apenas entraria de encontro com grupos de monges e celibatários, o que pode ter afastado os evangelhos ditos gnósticos, como a referência que seguidamente é feita neles, como a “câmara nupcial”. Apesar que Cristo é o esposo, como ensina Paulo na segunda carta aos Coríntios. Ensina Felipe: “A câmara nupcial não é feita para as bestas nem para os escravos nem para as mulheres sem honra, e sim para os homens livres e para as virgens”.




Interessante é que em Felipe se fala de primeiro receber a ressurreição, para depois receber algo após a morte. E fala que Adão teria comido da árvore proibida animais, e assim se tornado animal. Ensinamentos esses ampliam muito o que sabemos das Escrituras, e até o Velho Tetamento nos aparece com outra face. Também percebemos aqueles ensinamentos referentes a Sofia, aos arcontes, ao Pleroma e outros, que são essenciais e que foram aos poucos maquiados pelo dogma e pela visão limitada dos textos. E Jesus ensina que há um “Filho do Homem” e um “filho do Filho do homem”, o que pode mostrar a importância dos cristãos e do seu poder. A sofia é a mãe dos anjos. Ensina ainda o mestre: “Bem-aventurado é aquele que é antes de chegar a existir, pois o que é, era e será”. Assim pensamos na eternidade e na pré-existência da alma, que nos coloca em sintonia com doutrinas místicas judaicas, onde a alma do bebê faz um juramento a Deus de seguir seus mandamentos. Há ainda ensinamentos ocultos, como a respeito dos espíritos impuros e de sua busca em perverter as pessoas, não tendo estes poder em relação a casais. E ensina “Ou se está nesse mundo, ou na ressurreição, ou em locais intermediários”. Pensamos assim no inferno e purgatório, que se destinam aqueles que esperam ou até a pecadores, e que muitas vezes não é levado em conta. Cristo vem para restaurar tudo isso, e elevar a humanidade até a luz e ao encontro do Pai.








terça-feira, 15 de abril de 2014

Passagens bíblicas e tradução de acordo com o grego


Passagens bíblicas e tradução de acordo com o grego






“Abrirei em parábolas a minha boca; publicarei coisas ocultas desde a queda do mundo”. (Mateus 13:35)
“Não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce pelo ventre e é fossa?” (Mateus 15:17)

Professor, bem sabemos que és verdadeiro e ensinas o caminho de Deus, segundo a verdade, e com ninguém te importas, porque não olhas para a aparência dos homens” (Mateus 21:22)
“Em seguida, recolheram doze bolsas cheias dos pedaços de pão e de peixe”. (Marcos. 6:43)
“Pois todos nós recebemos de seu Pleroma, e graça sobre graça”. (João. 1:16)

Viajei em caravana a festa; eu não subo ainda a esta festa, porque ainda não é chegado o meu tempo”. (João 7:8)
“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Advogado, para que fique convosco para sempre”. (João 14:16)

“e nenhum deles se perdeu, senão o filho da destruição, para que se cumprisse a Escritura”. (João 17:12)





Ao lermos bíblias de estudo, percebemos a referência da palavra grega em determinadas passagens do Novo Testamento, de modo que assim notamos a diferença de contexto que se pode ter ao usar dessa tradução alternativa. Alguns versículos ganham um sentido bem mais amplo, e nos colocam na realidade do que foi descrito, e outros apenas mudam para algo mais real ou literal. Lembramos que uma simples tradução para o inglês já foi considerada heresia, e que a Bíblia em momentos antigos era proibida em sua leitura por leitos. Vemos na arte da contrarreforma muitos desses fatos bíblicos mostrados como símbolos de fé, mas que muitas vezes não correspondia a realidade dos fatos, como o local dos pregos na crucifixão, que não seriam nas palmas das mãos, e outros fatos avaliados pela ciência e arqueologia bíblica.

Já no primeiro versículo citado, de Evangelho de Mateus, capítulo 13, versículo 35, vemos que a palavra que habitualmente é traduzida como “fundação”, no caso “desde a fundação do mundo”, na verdade se refere desde a queda, que seria a queda relatada em um período pré-adâmico, segundo Dake. A palavra grega katabole seria mais então uma derrubada, e não uma fundação. Essa queda dos anjos relatada na tradição oral cristã, e que lá na cabala se refere a Samael e sua tentação de Eva, bem como da serpente com Adão. Isso foi transformado na história de Lúcifer e de sua vontade de estar no lugar de Deus, no relato de Isaías sobre a estrela mais brilhante. Também nos lembra a queda de Adão, pelo pecado original, o que originou a morte e sofrimento, bem como a necessidade de se trabalhar para sustento, com o seu suor, e as dores de parto de Eva. Logo a sabedoria e poder de Jesus desde essa queda, porque ele é o Novo Adão, que tira o pecado do mundo e restaura o Cosmo.

Já em Mateus 15:27, a palavra grega aphedron é fossa ou esgoto, e por isso traduzida como “o que é expelido” ou “o que é lançado fora”. A palavra fossa seria interessante, porque nos leva a ideia de uma cloaca ou boca, e assim parece ser boa opção de tradução para o versículo em questão. Já que Jesus fazia muitos jogos de palavra, possivelmente tenha feito um jogo nesse sentido, quando da presente pregação. Isso também nos leva a lembrar do Evangelho de Tomé, dito apócrifo, onde se fala que o que entra pela boca não pode fazer mal ao homem, mas sim o que sai. Uma forma de ensinar dos males da injúria e calúnia. E também de ensinar que o alimento mais importante é o espiritual, e não o carnal. Porque a carne não herda o Reino.
 


Na passagem de Mateus a que se fala do mestre Jesus, a palavra grega didaskalos seria melhor traduzida como professor, trazendo também mais realidade ao texto. Em várias passagens se mostra essa dimensão pedagógica e andragógica de Jesus, que ensinava por onde passava, mesmo a classes que antes não tinham acesso a esse saber, como o caso de estrangeiros, mulheres e crianças. O termo mestre nos leva muito a uma concepção oriental, e que talvez não estava presente naquela realidade, que era mais de fé e ensino oral.

Já a passagem de Marcos sobre a multiplicação dos pães, nos leva a lembrar de figuras e pinturas sobre o cesto onde os mesmos eram levados, cheios de pães e de peixes. A palavra grega kophinos se refere a uma bolsa que os judeus levavam em caravanas, para levar alimentos, uma vez que não comiam aquela dos gentios. Tinha essa bolsa a capacidade de em torno de 7 litros. No caso do versículo citado, 12 x7= 84 litros. Logo a quantidade era considerável e em um tempo onde não se esbanjava muito os alimentos, mais ainda. Lembramos novamente de arte medieval com esses cestas retratados, sem muita consciência do que realmente eram.
 
 
 
 

Continuando, em João, no seu capítulo primeiro, versículo 16, notamos uma palavra muito cara aos gnósticos, e que é simplesmente traduzida como plenitude, apesar de significar muito, mas muito mais. É de certo modo o céu mais elevado, o local onde os justos e santos terão por fim sua morada. Esse pleroma é o estado máximo a que um iniciado pode alcançar nos mistérios. Assim um local de plena luz, onde se tem de vestir uma veste de luz, um corpo glorioso. Nos leva a pensar no tesouro de luz descrito em evangelho de Valentim, bem como a um local que até para os anjos seria elevado. Logo é muito mais do que mera plenitude mundana, ou algum estado de êxtase superficial.

Em joão 7:8 se refere a viajar em caravana, com a palavra grega anabaio, que em muitas traduções está apenas “Subi”, na frase “Subi a esta festa”, que na ocasião era a festa das cabanas, ou tabernáculos, sucot. Ele assim tinha de fugir dos judeus, que o queriam matar nessa ocasião, segundo a passagem referida. Jesus parecia querer subir sozinho, e estava em grupo, fato que ia talvez lhe gerar o que não desejava, ser declarado rei mundano. Ele diversamente das pessoas dos dias de hoje, não procurava a fama, pois Jesus era um justo.
 

Também o termo parakletos, que muitas vezes é traduzido como Consolador, gera a confusão de não se lembrar muito do Espírito Santo, ou o que no caso poderia ser uma espécie de protetor, defensor, um anjo da guarda. A palavra seria Advogado, e assim um defensor, haja vista que Satanás, o diabolos, é um acusador. De certa forma é o próprio Cristo, e assim ele nos defende contra os inimigos, ou o maior inimigo. Em orações, Maria é também chamada de Advogada Nossa. E também capítulo 17, versículo 12, se fala em perdição, mas o termo mais literal seria “filho da destruição”, levando mais uma vez a figura de Satanás, que vem para matar, roubar e destruir, segundo outras passagens, e que parece levar a descrença em Cristo. Por tudo isso notamos que o grego nos mostra já um sentido mais profundo ou mesmo verdadeiro do Novo Evangelho, que muitas vezes é traduzido conforme gosto de seitas e de interesses. Um estudo sempre nos comprova porém, o Espírito da Verdade que está com nós.



sábado, 12 de abril de 2014

PARÁBOLAS DE JESUS SOB PONTO DE VISTA MÍSTICO E O HINO DA PÉROLA


PARÁBOLAS DE JESUS SOB PONTO DE VISTA MÍSTICO E O HINO DA PÉROLA






E disse outra vez: A que compararei o reino de Deus? É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até ficar toda ela levedada”. (Luc. 13:20)

Disse-lhe o filho: Pai, pequei conta o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e alparcas nos pés; trazei também o bezerro, cevado e matai-o; comamos, e regozijemo-nos” (Luc. 15: 11)
 
Outrossim, o reino dos céus é semelhante a um negociante que buscava boas pérolas; e encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e a comprou”. (Mat. 13:45)


O que recebera cinco talentos foi imediatamente negociar com eles, e ganhou outros cinco; da mesma sorte, o que recebera dois ganhou outros dois; mas o que recebera um foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor”. (Mat. 25:14)

 

Vimos já alguma coisa a respeito da parábola da semente de mostarda e outras relacionadas. Também percebemos que eles falam na maioria do Reino, e que assim nos dão o caminho de saberes elevados místicos de Jesus, e que aos discípulos ele falava sem parábolas. Era assim um código da iniciação cristã para se manter esse elevado saber longe de homens de má-fé, ou dos “cães”, “porcos” etc. Aqui veremos que há mais ensinamentos e que há uma tradição oral por trás desses conhecimentos, o que em muito foi já descoberto nos manuscritos do Mar Morto, e nos evangelhos lá encontrados. Também a tradição oral está em ordens monásticas e de cavalaria, e ainda em ensinamentos como o da cabala e o da gnose, que foram tratados de heréticos, por questão política.

Comecemos pela parábola do fermento. Esse é assim a essência espiritual que transforma as coisas materiais, representadas pela farinha. Assim a personalidade é transformada, ou encontra o arrependimento (metanoia), passando pelas três medidas, ou seja, pelos corpos físico, emocional e mental. Em outros evangelhos, como em certos apócrifos (Pistis Sophia, Valentiano, Hino da Pérola etc) se fala em “vestes”, que é o mesmo que esses corpos ou medidas da parábola. Lembramos do ruah dos hebreus e de doutrinas do sopro, pneumáticas. Assim com o fermento se cresce até a plena consciência, a de Cristo.
 

Já na parábola do filho pródigo, há uma crença cristã essencial, que a do Retorno a Casa do Pai, que aqui se trata do Criador, e não de um simples senhor rico ou proprietário de muitas coisas materiais. Não se trata de teologia da prosperidade. Mas sim de um retorno ao modo espiritual mais elevado, essa consciência de Cristo, ou do Logos do universo. A herança se refere a poderes espirituais, e o país distante é o mundo da personalidade ou ego, que está mais centrada em Satanás, nos interesses a maldades desse mundo. Os porcos simbolizam as forças materiais grosseiras, os instintos e desejos baixos, que se faz pecar. As cascas são as vestes físicas ou materialistas que são temporárias. Voltar ao pai é pelo caminho do discipulado, superando a ilusão da separação e dualidade. Por fim encontra a unidade com o Pai, como Cristo que falou que é um com o Pai. A melhor veste se refere a um corpo glorioso, que não morre ou entra em decomposição. Uma veste de luz, descrita em outros texto místicos sobre Jesus. O anel dado a ele é um símbolo da eternidade, do ciclo. O irmão mais velho com raiva é o profano ou aquele velho eu do Ego (Satanás), sem o propósito espiritual. E como explica o Hino da Pérola: “Sem me lembrar de seu esplendor, pois a havia deixado na Casa de meu Pai na minha infância, ao vê-la, imediatamente a Veste pareceu-me como a imagem de mim mesmo”.
 
 
 
 

Sobre a parábola do negociante e as pérolas, este se explica no Hino da Pérola, escrito apócrifo que trata desse verdadeiro tesouro espiritual. Para tanto, simboliza a gnose ou conhecimento espiritual. Isso leva a se encontrar a veste de luz, e o campo simboliza o interior do homem. O livro do Hino da Pérola fala: “Apoderei-me, então, da pérola e parti em direção à casa de meu Pai. Retirei as vestimentas sujas e impuras, deixando-as em seu país de origem. Dirigi-me para o caminho pelo qual havia vindo, a estrada que leva à Luz de nossa casa, o Oriente”. E refere-se a esfera cabalística de Tiphereth, onde os seres de luz se misturam, e que gnósticos chama de determinado Eon. Essa gnose é um tesouro, e esse tesouro se refere a alma, a sua salvação. Não a acúmulo material dese mundo, e teologia da prosperidade. Por isso que Jesus falava para largar tudo e seguir, entregar todos os bens aos mendigos. Pois nada se compara ao tesouro espiritual e sua busca, a volta a casa do Pai e a consciência de Cristo. Já falamos que o Hino da Pérola é tão prestigiado, que se encontra no canon da Igreja Ortodoxa Cristã Etíope, que não aceitou concílios políticos da Igreja.




Já sobre a parábola dos talentos, devemos ter em conta não apenas aproveitar melhor o que Deus nos deu, como a sabedoria, que deveria ser usada para o Senhor e evitando qualquer pecado. O valor do talento, segundo Dake, é 79.220 dólares. Então não se refere a uma quantia pequena. O valor que Deus nos dá é assim muito grande, e representa muito trabalho. E quando o Senhor dá mais talentos, é sinal que já foram aproveitados em existências passadas, lembrando a doutrina de Gighul judaica. Por isso que os patriarcas ganham tanta importância, e que sua boa obra é sempre lembrada. A oportunidade que temos em uma vida e não aproveitamos, a exemplo do servo que recebeu um talento e enterrou, mostra que trabalhamos contra nós mesmos e contra a nossa alma. E a riqueza para o Senhor é a espiritual, aquela dos santos e justos. Pois a quem muito é dado, muito será cobrado. As lições de Jesus se repetem em vários escritos e evangelhos, nesse sentido. Assim, o discípulo que tem muitas virtudes, deve retornar mais ao Senhor. Assim seguir o caminho espiritual que leva a vida uma com o Pai, no retorno a Sua casa.



terça-feira, 1 de abril de 2014

Paulo e o conhecimento dos mistérios na iniciação cristã

Paulo e o conhecimento dos mistérios na iniciação cristã


 

“Quando se achou só, os que estavam ao redor dele, com os doze, interrogaram-no acerca da parábola. E ele lhes disse: A vós é confiado o mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se lhes diz por parábolas” (Marc. 4:10-11)

“Porque todos quantos fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo” (Gal. 3: 27).

“Por isso daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne; e, ainda que tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não o conhecemos desse modo” II Cor. 5:16).

“como pela revelação me foi manifestado o mistério, conforme acima em poucas palavras vos escrevi” (Efe. 3:3)

“Da mesma forma os diáconos sejam sérios, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância, guardando o mistério da fé numa consciência pura” (I Tim. 1: 18).

“Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que estão no céu fossem purificadas com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes. Pois Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, mas no próprio céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus”. (Heb. IX:23)


               

            Paulo revela através de suas cartas uma grande sabedoria, esta provinda diretamente de Cristo Jesus e de forma real, mesmo que por um iniciador (que fez imposição de mãos), sem parábolas, o que constitui a doutrina secreta dos mistérios. A escola dos mistérios existiu em diversas partes do mundo, e no cristianismo também teve este seu próprio mistério. No conselho que dá Paulo na primeira carta a Timóteo, vê-se bem que entre aqueles iniciados (“diáconos”) e que estes tenham comportamento de virtudes, não se entregando ao vinho ou ganância, e em especial, guardando o mistério.

            Assim aos que não eram iniciados no mistério de Cristo, este eram chamados de “cães”. Por isso da alegoria de não se deixar aos cães migalhas de pão. Por isso de se ensinar sobre o mistério do Reino por parábolas ao povo, e aos discípulos em particular, os apóstolos, se ensinar sem parábolas. Isso se nota nos evangelhos apócrifo, sem as mudanças operadas pelas igrejas e concílios. Assim os recém iniciados eram chamados de criançinhas (não se trata de sentido literal...) e os já revestidos de Cristo eram chamados de “perfeitos”. Paulo mostrava isso tudo claramente em suas cartas, e de modo algum queria apenas pregar a massas em troca de dízimo, prestava antes pela qualidade que pela quantidade.
            Estar assim com Cristo está muito além de apenas conviver com o homem Jesus ou com meramente seus ensinamentos. Na verdade é estar junto a Cristo, com o Cristo interno e vivo, transformado em uma nova criatura, como um verdadeiro iniciado ou até mesmo adepto, representando as virtudes e sendo por dentro e por fora um seguidor de Cristo, batizado na água e batizado no fogo. Assim vivendo em si o que viveu Cristo Jesus, não sendo mais desse mundo, como são os profanos. Por isso das experiências místicas de Paulo, de ele ter entrado no terceiro céu e compreender aqueles mundos dos anjos e demônios, e mesmo do Reino dos Céus, ensinado por Jesus, sem parábolas, através de um iniciador. Por isso do próprio Paulo não se focar mais tanto na carne, ou no plano físico, haja vista sua compreensão desse mistério do Reino dos Céus, e do seu Reino Interno. 

            E Cristo bem como todos os profetas, mesmo personagens bíblicos representam algo maior, por analogia, e esse algo maior é o céu, seus governantes celestes (anjos, arcanjos, potestades, astros, satélites etc), e assim revela o sacrifício de muito mais do que animais desse mundo ou do físico, mas se constitui em um tabernáculo celestial, naquilo que os hebreus já conheciam por sua cabala, ou no “sacerdócio segundo Melquisedeque”. Por isso ele fala de tal modo com Nicodemus, porque por regra este último deveria conhecer esses mistérios. Apesar de que a nova aliança parecia restaurar a antiga naquilo que este tinha de mais elevado, ou seja, em sua mística. E assim Paulo é claro em muitas de suas cartas, e mesmo nos Atos, manifestando uma verdadeira transformação do iniciado cristão. E Cristo não é mais conhecido apenas como da carne, mas sim como Cristo Interno e Cósmico, restaurador dos mundos e Juiz das potestades, pelo tesouro do Reino.