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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Abraão e Sara segundo o hassidismo e a cabala



Abraão e Sara segundo o hassidismo e a cabala

“Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei”. (Gen. 12:1)
“Deus, porém, disse a Abraão: Não pareça isso duro aos teus olhos por causa do moço e por causa da tua serva; em tudo o que Sara te diz, ouve a sua voz; porque em Isaque será chamada a tua descendência”. (Gen. 21:12)
“E morreu Sara em Quiriate-Arba, que é Hebrom, na terra de Canaã; e veio Abraão lamentá-la e chorar por ela”. (Gen. 23:2):

 
       Quando lemos as passagens referentes a Abrão e aos fatos que decorreram em sua vida, quase sempre nos atemos apenas a fatos históricos, sem nos apercebermos da dimensão mística do texto. Assim vemos filmes e livros falarem do assunto, e relatarem apenas um aspecto superficial da história, sem contudo isso acabar servindo as pessoas. Quando muito se percebe o aspecto moral dos patriarcas, e mesmo sua fidelidade a Deus, mas sem contudo isso aproximar de nossa pessoa, haja vista serem pessoas que viveram há muitos anos atrás. Ficamos assim limitados na interpretação do texto, ainda mais que não temos acesso ao hebraico, e nem a significado das palavras e nomes, o que já revela muito. Isso está muitas vezes em níveis de interpretações e chave, as quais se encontram na tradição oral e na cabala. Uma vertente judaica que fala no aspecto místico do judaísmo é o hassidismo (ou chassidismo), com grandes mestres e sábios rabinos. 

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     Menachem Mendel Schneersohn, considerado Messias, por alguns

        Após ler um escrito chamado Tania, e mais recentemente estar lendo Likutei Sihot, percebo a grande profundidade mística em versículos que antes pareciam apenas fatos históricos, sem uma ligação com as pessoas que hoje vivem. Mas há sim uma relação íntima e profunda. O fato de Abrão ter se tornado Abraão era antes um mistério. Quando muito se falava, era que esta era vontade de Deus. Fato é que isso se deu com a circuncisão, e que na verdade é uma circuncisão do coração. Ademais, a adição da letra “He”, que tem valor 5, faz do patriarca alguém de pleno controle de seu corpo, uma vez que isso significa os 5 sentidos. E Abrão soma 243, e já Abraão soma 248, que são os 248 órgãos do corpo, que estão sobre o poder desse homem.
       Em verdade, Abraão simboliza a alma, e o trajeto dessa por diversos níveis espirituais. Quando se escreve: “Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei”, se fala em “Pai” como sendo uma esfera da árvore da vida, uma sefira, da cabala, que chama Hochmá, e “a casa de” simboliza Biná, a esfera/sefira que se poderia chamar de Mãe. São níveis espirituais elevados dos quais a alma descende, para viver no corpo físico (Sara), para assim cumprir a Torá (Bíblia) e as Mitzvot (Mandamentos). Assim Abraão simboliza a alma e Sara o corpo, e por isso Sara morre, porque o corpo morre e a alma permanece ligada ao corpo. Hochmá e Biná estão mais próximas da luz de Deus, no Grande Rosto. Assim descende das dimensões mais elevadas, de emanação, criação e formação (Atzilut, Briah e Yetzirah), até chegar a dimensão física de Assiah, na esfera de Malkut, ou Reino. 
 
       Já Sara morre em Quiriate-Arba (Kriat-Arvá), que significa “a cidade dos quatro”, ou melhor, ao corpo composto de 4 elementos. Pois o cumprimento dos mandamentos só é possível a quem está em corpo físico. Deste modo Percebemos a missão cósmica de Abraão, Sara e as minúcias relatadas em Gênesis 12 e 21:12, de tal feita que nos resta a reflexão desse serviço a Deus e do retorno a Deus, de modo que a alma faz o juramento antes de nascer. Para tanto, não se trata apenas de um relato de homem meramente circuncidado, uma vez que a circuncisão maior seja a espiritual, daquela que tira o prepúcio do coração. E Deus apareceu a Abraão e pode aparecer a qualquer um que O busque, apesar de que a presença divina (shekiná) seja mais acessível a um justo (tsadik).


sábado, 11 de janeiro de 2014

As Bem-Aventuranças e o Espírito Santo



As Bem-Aventuranças e o Espírito Santo

 

Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaram-se os seus discípulos, e ele se pôs a ensiná-los, dizendo: Bem-aventurados os humildes de espírito” (Mat. 5:1-3)
“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores; antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e noite”. (Sal. 1:2-2)
“Eis que bem-aventurado é o homem a quem Deus corrige; não desprezes, pois, a correção do Todo-Poderoso”. (Jó. 5:17)
“Feliz (ou Bem-aventurado) é o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire entendimento; pois melhor é o lucro que ela dá do que o lucro da prata, e a sua renda do que o ouro”. (Prov. 3:13)



Lendo a Suma Teológica de Tomás de Aquino, percebi que Agostinho de Hipona atribuia as bem-aventuranças como dons do Espírito Santo. Sabemos das principais através de Evangelho de Mateus, em capítulo 5, de tal feita que lá vemos que Agostinho tinha uma razão, quando folheamos e percebemos antes da tradução, o termo não se referindo a pessoas humildes ou pobres, nem a não inteligentes ou sábios, mas sim aos que têm pouco “pobres do sopro de Elohim”, que poderíamos sim relacionar ao Espírito Santo, ou mesmo a Shekinah, Presença Divina. Lucas teria narrado que o sermão teria sido feito a multidão, e logo teria de ser numa linguagem acessível, e não enumerando todas as bem-aventuranças, mas algumas. Vemos já desde o Antigo Testamento, as referências a bem-aventuranças, e assim se prova que não existe contradição, mas apenas alguns equívocos de entendimento ou doutrinários. 

Nas línguas antigas a palavra para sopro, era o mesmo que para alma ou espírito. Assim vemos já em Gênesis esse foco. Depois vemos que a necessidade não é ficar pobre, rico, mas sim aceitar ao Senhor, estar na presença de Deus. E claro que o ímpio não é bem aventurado, pois se fosse, seria contradição nas escrituras. Mas aquele que se arrepende (ou encontra Teshuvá), e retorna ao Senhor, esse sim pode ser chamado de bem-aventurado. O mesmo se deu com a tradução equivocado dos que “choram”, na qual palavra em hebraico diz os que “esperam”, e assim toda uma doutrina se vê meio exagerada. Claro que o mestre Yeheshua (Jesus) pregava virtudes, e que uma delas era o desapego as coisas do mundo, riquezas, mas isso pelo motivo de às vezes afastarem da espiritualidade e do Reino, e não por simplesmente serem riquezas. Ambrósio atribui às bem-aventuranças, as virtudes cardeais. A sabedoria seria melhor lucro do que da prata, e assim Salomão já teria dito na bem-aventurança citada em Provérbios. 
A recompensa do encontro do Espírito Santo, e da Presença Divina, é o Reino dos Céus, e assim tanto em um mundo vindouro, futuro, como no presente, através do coração e íntimo do justo, em seu Reino interno. Por isso que Yeheshua falou que o Reino estava dentro do homem. E várias parábolas confirmam a analogia, e assim é um Reino de sabedoria, como disse Agostinho. Por isso claro que se tem de ter fé, amor, como já teria dito Paulo, João, e outros discípulos, e assim vemos que eles não se tratavam de homens sem sabedoria. Logo não se deve excluir a inteligência, uma vez que doutro modo se teria “dois senhores”, o que Jesus disse não ser possível. Assim vemos que essas mais que virtudes, mas também dons do Espírito, além dos 12 frutos, são uma meta para se encontrar o Mundo Vindouro, o que não se pode sem sabedoria, pois mesmo ter fé, buscar a justiça, ser humilde e tudo mais são sinais de sabedoria e inteligência. Também não basta ser pobre, uma vez que se pode ser idólatra, ímpio, e ainda pobre, não sendo isso o motivo de sua salvação.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Versículos segundo Bíblia Hebraica, tradução de Bíblia em Aramaico e Chumash



Versículos segundo Bíblia Hebraica, tradução de Bíblia em Aramaico e Chumash
 
       “Pois se não enviares ao Meu povo, eis que Eu farei enviar a ti, a teus servos, a teu povo e a tuas casas, animais ferozes, e se encherão as casas dos egípcios de animais ferozes, e também a terra em que estão eles” Êxo. 8:17 (Bíblia Hebraica)
         “Não podendo, porém, escondê-lo por mais tempo, tomou para ele um cesto de papiro, e a revestiu de betume e pez; e, pondo nela o menino, colocou-a entre os juncos a margem do rio”. Êxo. 2:3 (Chumash)
         “Ele, porém, respondeu: Ah, Senhor! envia, peço-te, por mão de quem seja mais apto de ser enviado”. Êxo 4:13 (Bíblia em Aramaico – Targum)
         “No sétimo mês, no dia dezessete do mês, repousou a arca sobre os montes de Kardu” Gên. 8:4 (Bíblia em Aramaico - Targum)
         “Viram os filhos dos poderosos que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram”. Gên. 6:2 (Bíblia em Aramaico - Targum)
         “Vieram, os homens após as mulheres, todos quantos eram bem dispostos de coração, trazendo broches, pendentes, anéis e braceletes, sendo todos estes jóias de ouro; assim veio todo aquele que queria fazer oferta de ouro ao Senhor”. Êxo. 35:22 (Chumash).


         Vemos que as pessoas reclamam da dificuldade em ler suas Bíblias, seja em que religião ou designação estejam. Contudo, percebemos que há textos mais simples, e inclusive os judeus utilizavam na época que não sabiam o hebraico, e assim existia o chamado Targum, que era uma Bíblia ou Torá em aramaico. Mesmo na Bíblia Hebraica, observamos uma série de mudanças na tradução, a fim de estar mais fiel a texto original e a língua hebraica, base da quase totalidade do Antigo Testamento. Mesmo cristãos deve conhecer bem isso. E há ainda o Chumash comentado, que se trata dos cinco livros da Torá comentados pelos exegetas e sábios, de modo que compreendemos esses versículos difíceis ou com lacunas. Isso sem falar em Talmud, onde vemos a tradição oral, que explica detalhes práticos e de interpretação da Bíblia, que aqui já comentei.
       Aqui observamos na Bíblia Hebraica alguns detalhes sobre as pragas do Egito, que também consideram milagres, de tal modo que se fala em “animais ferozes”, em versículos que em outras Bíblias há apenas a referência de insetos. Além do que já comentamos, como a questão de muitas interpretações poderem ver a serpente que Moisés transformou da sua vara, como um crocodilo, ou de Deus colocando um hálito de ar em Adão, ou mesmo de uma ventania sobre as águas, na Criação. Até certas moscas ou insetos seriam na verdade os besouros egípcios, escaravelhos. Isso sem falar em gafanhotos e bestas selvagens.  
       Sobre o menino Moisés no cesto ou arca, observei em Chumash que havia o termo literal de “papiro”, o que facilita em muito a compreensão. Já em versículo 4:13 do Gênesis observei uma tradução bem diferenciada, que muda um pouco de sentido. Ademais, o nome onde ficou a arca de Noé também me veio em Targum, sendo que lá se refere a Kardu (traduzido no geral por Ararat). E sobre os filhos de Deus referidos em Gênesis, vi tradução mais confiável como “filhos dos poderosos”, ou filhos dos nobres, uma vez que fica meio mítico demais colocar esses homens com tanto poder. Ademais, os Nefilins também são homens de grande estatura, colocados como “gigantes”, mas o que parece ser mais uma figura de linguagem que um fato extraordinário. 
       Já na passagem que se refere a oferta de ouro, fica claro que quem primeiro ofereceu braceletes e coisas foram as mulheres, então a tradução correta segundo um intérprete é homens após as mulheres. Isso sem falar no fogo perpétuo que havia no templo, mesmo com as mudanças que se faziam pelo deserto. Também no verbo “criar”, que pode ser também modelar ou formar, e vários exemplos. Para judeus não há noção de pecado original, nem de apocalipse, e nem de Esaú vendendo  primogenitura a Jacó, porque uma refeição era sinal de pacto, não de chantagem alimentar. Também o nome ou designação de Deus na sarça ardente não pode ser traduzido, sendo Ehieh asher Ehieh. Vários exemplos e confusões existem, e em decorrência de interpretações se começou a complicar as bíblias, que vieram juntas com essas hermenêuticas. A versão em aramaico facilita em muito, e basta ver o Targum para perceber que muitas passagens são mais simples do que imaginamos.