O menino Jesus na infância e seus milagres
Já durante a infância Jesus realizava milagres, inclusive ressuscitou um menino. Curou muitos já em sua infância, como provam os evangelhos ditos apócrifos:
Segundo o Evangelho Apócrifo de Pedro:
“XI. A Cura do Menino Endemoninhado
O filho do sacerdote, acometido do mal que o afligia, entrou no albergue insultando José e Maria, já que os outros hóspedes haviam fugido. Como Maria havia lavado as fraldas do Senhor Jesus e as estendera sobre umas madeiras, o menino possuído pegou uma das fraldas e colocou-a sobre sua cabeça. Imediatamente os demônios fugiram, saindo pela boca, e foram vistos sob a forma de corvos e serpentes. O menino foi curado instantaneamente pelo poder de Jesus Cristo e se pôs a louvar o Senhor que o havia libertado e rendeu-lhe mil ações de graça.
Quando seu pai viu que ele havia recobrado a saúde, exclamou, admirado:
— Meu filho, mas o que te aconteceu e como foste tu curado?"
O filho respondeu:
— No momento em que me atormentavam, eu entrei na hospedaria e lá encontrei uma mulher de grande beleza, que estava com uma criança. Ela estendia sobre umas madeiras as fraldas que acabara de lavar. Eu peguei uma delas e coloquei-la sobre minha cabeça e os demônios fugiram imediatamente e me abandonaram.
O pai, cheio de alegria, exclamou:
Meu filho, é possível que essa criança seja o Filho do Deus vivo que criou o céu e a terra e, assim que passou por nós, o ídolo partiu-se, os simulacros de todos os nossos deuses caíram e uma força superior à deles destruiu-os.”
“XXVII. A Peste em Belém
Quando chegaram a Belém, havia uma proliferação de doenças graves e difíceis de serem curadas, que atacavam os olhos das crianças e lhes causavam a morte. Uma mulher, que tinha um filho atacado por esse mal, levou-o a Maria e encontrou-a banhando o Senhor Jesus.
A mulher disse-lhe:
— Maria, vê meu filho que sofre cruelmente.
Maria, ouvindo-a, disse-lhe:
— Pegue um pouco desta água com a qual eu lavei meu filho e espalha-a sobre o teu.
A mulher fez como lhe havia recomendado Maria e seu filho, depois de uma forte agitação, adormeceu. Quando acordou, estava completamente curado.
A mulher, cheia de alegria, foi até Maria, que lhe disse:
— Rende graças a Deus por ele haver curado o teu filho.”
Assim muitos possuídos por espíritos ruins foram curados, leprosos, endemoninhados, mudos, etc. O poder do Salvador já se manifestava em atos simples, e mesmo uma água que o tocasse já servia de remédio para curas, usada por Maria em pessoas que esse podia auxiliar de algum modo.
Noutra ocasião, ainda menino, brincando com barro, vivificou um pássaro a partir deste, de forma que saiu voando.
Conforme Evangelho Apócrifo de Pedro:
“XLVI. Brincando com o Barro
Um dia, o Senhor Jesus estava na beira do rio com outras crianças. Haviam cavado pequenas valas para fazer escorrer a água, formando assim pequenas poças. O Senhor Jesus havia feito doze passarinhos de barro e os havia colocado ao redor da água, três de cada lado. Era um dia de Sabbath e o filho de Hanon, o Judeu, veio e vendo-os assim entretidos, disse-lhes:
— Como podeis, em um dia de Sabbath, fazer figuras com lama?
Ele se pôs, então, a destruir tudo. Quando o Senhor Jesus estendeu as mãos sobre os pássaros que havia moldado, eles saíram voando e cantando. Em seguida, o filho de Hanon, o Judeu, aproximou-se da poça cavada por Jesus para destruí-la, mas a água desapareceu e o Senhor Jesus disse-lhe:
— Vê como está água secou? Assim será a tua vida.
E a criança secou”.
Também ressuscitou um pássaro em outro momento. Na verdade, deve ele ter ressuscitado diversas crianças durante a sua infância, bem como amaldiçoado as que lhe provocavam, despertando o medo das pessoas, que o chamavam de feiticeiro, impropriamente. Até mesmo no Egito ele se encontrou, o que é confirmado por Mateus. “A historicidade desse fato pode ter inspirado as referências talmúdicas à permanência de Jesus no Egito”(Dicionário de Jesus e dos Evangelhos).
Conforme Pedro em um relato de ressurreição:
“XLIV. O Menino que Caiu e Morreu
Um dia, o Senhor Jesus estava brincando com outras crianças em cima de um telhado e uma delas caiu e morreu na hora. As outras fugiram e o Senhor Jesus ficou sozinho em cima do telhado. Então os pais do morto chegaram e disseram ao Senhor Jesus:
— Foste tu que empurraste nosso filho do alto telhado.
Como ele negasse, eles repetiram mais alto:
— Nosso filho morreu e eis aqui quem o matou.
O Senhor Jesus respondeu:
— Não me acuseis de um crime do qual não tendes nenhuma prova. Perguntemos, porém, à própria criança o que aconteceu.
O Senhor Jesus desceu, colocou-se perto da cabeça do morto e disse-lhe em voz alta:
— Zeinon, Zeinon, quem foi que te empurrou do alto do telhado?
O morto respondeu:
— Senhor, não foste tu a causa da minha queda, mas foi o terror que me fez cair.
O Senhor recomendou aos presentes que prestassem atenção a essas palavras e todos eles louvaram a Deus por este milagre”.
E ainda um relato de maldição, comparável ao da figueira:
“XLVII. Uma Morte Repentina
Certa noite, o Senhor Jesus voltava para casa com José, quando uma criança passou correndo na sua frente e deu-lhe um golpe tão violente que o Senhor Jesus quase caiu. Ele disse a essa criança:
— Assim como tu me empurraste, cai e não levantes mais.
No mesmo instante, a criança caiu no chão e morreu”.
Sobre os apócrifos alguns criticam, mas meu amigo Minikovsky é a favor de que sejam inclusos na Bíblia, conforme Summa Philosophica: “Tese de n° 05.427: Diria até mesmo que além desta Bíblia da Igreja Católica Apostólica Romana com seus 73 livros, uma editora valente e corajosa deveria publicar a Bíblia tradicional acrescida de todos os apócrifos possíveis e imagináveis, em 2000 anos de cristianismo quem foi que teve coragem?!”. Deste modo fica a crítica da crítica, uma vez que os evangelhos canônicos também foram escolhidos com um critério não tanto científico se comparado as nossas técnicas atuais. Até os escritos de Nag Hamadi, do Mar Morto são mais verídicos do que aqueles que forma escolhidos pela Igreja Católica. Não podem outros assim dogmatizar sobre o que é inspirado pelo Espírito Santo e o que não é. Resta a fé e a inspiração para revelar a verdade, e sobre relatos da infância, é certo que Jesus teve infância, e que alguém deve ter testemunho de sua vida nesse período.
Mas com treze anos Jesus estava sendo testado. Os rabinos perguntavam a ele a respeito da Lei e ele os respondia com propriedade. Ele estava na casa do Pai. A nossa casa é o nosso corpo, templo vivo, do Espírito Santo. Tornemos sagrada a nossa casa, o nosso templo. Precisamos nos perder, para nos encontrar (como o filho pródigo da parábola). É o autoconhecimento que nos leva a verdade. É o deserto que devemos enfrentar por quarenta dias (XXXX). A infância de Cristo demonstra que ele foi profetizado, que estava em sua missão cósmica. Curar e ressuscitar faria parte de sua vida no futuro, bem como operar os exorcismos. Ele foi a Palavra viva de seu palavra viva entre os homens, o filho do homem (iniciado/adepto), iluminado e quem deve se fazer criança é o homem para estar em sua presença.
César Vidal Manzanares - Dicionário de Jesus e dos Evangelhos
Cléverson Israel Minikovsky - Summa Philosophica
Evangelho Apócrifo de Pedro
As Doutrinas Secretas de Jesus - Harvey Spencer Lewis