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domingo, 21 de outubro de 2018

Apocalipse segundo teologia em comparação a enfoque místico


Apocalipse segundo teologia em comparação a enfoque místico

 

“escreve, pois, as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de suceder”. (Ap 1:19) – João Ferreira de Almeida

“Eis que cedo venho e está comigo a minha recompensa, para retribuir a cada um segundo a sua obra”. (Ap 22:12) idem

“Ora, uma só coisa é o que planta e o que rega; e cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho”. (I Cor 3:8)

“Porque pela graça sois salvos, por s gentios, e eles à vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie”. (Ef 2:1-9)

“não em virtude de obras de justiça que nós houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou mediante o lavar da regeneração e renovação pelo Espírito Santo” Tito 3:5

 

            Aqui se mostra um estudo sobre o Apocalipse em crítica a teologia e a sua limitação. Falamos de Apocalipse 1:19. Também das 3 formas de interpretação: 1- Pretérita, 2  - histórica e 3 futurista. Ademais, sobre a diferença entre salvação e recompensa. Ainda, sobre a classificação de Paulo em 3 classes de pessoas: judeus, gentios e povo de Deus. Tudo isso explicado sob enfoque místico. Parece que há uma questão de tomar “partido”, como a questão de obras, fé, purgatório e outras, entre igrejas. Esquece-se da tradição oral e de aspectos mais profundos da filosofia, e se vai unicamente por induções de passagens bíblicas e de tradução de terceira mão. Basta se pegar uma tradução melhor, como a Peshita, para se ver que o tema não se encerra em dicotomia. Já o Apocalipse é altamente chaveado com a cabala, e basta ver aspecto numérico (gemátrico) para se perceber isso, ou algumas concepções de gnose presentes no texto.

            A questão da interpretação teológica, dividida em unicamente 3 enfoques, é por demais esquecida sobre o PARDES judaico, os 4 níveis já existentes, que incluem assim literal, moral, analógico e místico. Ali se mostra apenas uma interpretação literal, como a pretérita, onde a Igreja versus Roma, ou de uma interpretação histórica, também referente a Igreja. Já a futurista coloca judeus em tribulação e leva a situação para além de milênio, arrebatamento e segunda vinda. Isso sem falar que claramente simbólicas são outras tantas passagens, como numéricas, que já tinham a gematria e regras prontas, e não se precisa inventar novas interpretações, segundo a cabala. O cristianismo supera a limitação da Lei, não para negar a lei e colocar uma fé no lugar, mas para justamente cumprir as mitzvot (mandamentos), pelo amor ao próximo e a Jeová. Logo, da interpretação já tem escola tanto judaica quanto católica, isso sem falar em hermenêutica e cristologia, fora a cabala e a gnose, que vão mais para quarto nível ou místico.

             Do tema da Salvação, vemos que a palavra se refere mais a Hessed em hebraico, ou misericórdia, graça. Na parábola do Bom Samaritano e tantas outras o Salvador fala sobre obras, e não se precisa ir muito além para se valorar esse aspecto. O mesmo se diga da fé, onde se tem fé e se salva. Logo, não cabe a diferenciação protestante de se criar nova doutrina, mas se unir o que se possui, e englobar as duas concepções. Basta ler ainda a tradução de Peshita, sem as mudanças religiosas em Bíblia, para se ver que se trata de ambas as concepções. Em Efésios 2:8: “Porque pela hessed sois salvos, por meio da emunah, e isto não vem de vós, mas de Elorrim. Não vem só das obras, mas de duas fés (emunah e obras mitzvot) para que ninguém se glorie”. Logo se fala também da sefira cabalística de Hessed, o que amplia bem mais a concepção espiritual, não sendo bem uma simples fé, como na “fé” que meu time de futebol irá ganhar o jogo. E isso depende do Criador, assim como depende ainda nas obras, que também podem ser insatisfatórias, como na parábola dos talentos. Parece que nisso se mostra que unicamente a Lei (antiga) não é satisfatória, mas que esta precisa de Cristo para se cumprir, na regra do amor ao próximo. Nem a graça presente em Hessed é a mesma coisa que em meu comércio dou balas de “graça”, mas sim um aspecto espiritual, nada tendo a ver com se evitar as obras, como se disse do bom samaritano. Já em Tito 3:5 se fala em Espírito Santo e a renovação espiritual daí decorrente.

            Sobre a recompensa, esta parece se referir a lei de causa ou efeito, ou que no oriente se entende por karma. Nesse quesito que se inverte a teologia, confundindo a obra material com um resultado espiritual, quando o espiritual estaria além das obras, em Cristo. Com Cristo não se está mais sujeito a karma, ou sob o império da Lei. Mas isso não se basta apenas com simples fé e palavratório de algumas igrejas, mas sim está em aspecto de se vestir uma nova natureza, em especial com um novo corpo. A equivalência de forma com o Criador é o que sempre se chamou de tsadik ou justo, ou santo. Isso claro que se reflete em fortíssima fé, e também em obras santas. Cristo merece a nossa imitação. Deste modo, existe um karma (causa e efeito natural) que pagamos quando éramos nações (não se refere a países..., mas sem o Criador), e caminhamos assim para sermos Israel (ou buscarmos o Criador – Iashar Kel), onde estamos sobre a Torá (o amor ao próximo), em um processo de evolução ou escada. O estado final seria uma apocatástase ou liberação da roda (de sânsara), ou mesmo uma entrada em Binah (paraíso, Éden, Jerusalém Celestial) e exige maior empenho que unicamente fé corriqueira ou uma obra ou outra. A transformação do Cristo Cósmico nos dará um novo corpo, espiritualizado, e dessa forma estaremos salvos e recompensados, e por isso o Apocalipse falar de futuro. Logo, superamos a recompensa do karma, passamos para um estado de Cristo e perdão, e por fim a outro estado de recompensa espiritual, em nível de união com Deus. Viemos da queda, passamos por um reencontro, e voltamos ao Pai, semelhante a parábola do filho pródigo, e isso se refere a nossa alma. Não cabe assim diferenciar judeus, gentios e povo de Deus, mas todos são como Um em Deus. No mais o livro de Apocalipse abunda em termos gnósticos, como Aeon, Pleroma e outros, isso sem falar no aspecto interno do livro, referente a nosso próprio ser, e não a coisas exteriores. Sobre temas como o purgatório, o mesmo já se encontra citado em Talmude judaico, não sendo tema unicamente católico, e em nível místico, segundo Max Heindel, o purgatório é uma rememoração de eventos da vida pós-morte, dependendo tanto de obras quanto de fé. Muita coisa se resolve por reflexões maiores nas palavras usadas, como salvação, fé, etc, que tem aspecto místico e espiritual.

           

            Fontes:

- Bíblia em ebook, ebooksbrasil, versão João Ferreira de Almeida

- Torah Peshita, edição Gregory

Escola Dominical Apocalipse e Teologia


quinta-feira, 29 de março de 2018

O sacrifício anual e místico da Páscoa


O sacrifício anual e místico da Páscoa










Estamos nos aproximando da Páscoa. O sacrifício pascal é em geral até compreendido, mas em muito confundido com mero feriado e dia de descanso profano, ou com chocolates. Para o Católico, lembrando o Código de Direito Canônico, é um domingo de dia de festa, conforme Cânone 1246 a 1248, e assim tem missa obrigatória. Demais igrejas cristãs também comemoram e fazem reuniões ou cultos. Fato é que a Páscoa do ponto de vista místico nos faz refletir ainda mais, e participando ou não de ritos exteriores, vivemos na natureza e interiormente uma grande transformação pelo sacrifício anual do Cristo Cósmico. Vejamos em seguida.







Em cada ano vemos o sacrifício de Cristo, e assim ele penetra na Terra e renova as coisas. Antes de Cristo o caminho do mistério era reservado a poucos, mas com sua vinda, ele ficou aberto para quem quiser aprender. A iniciação ficou acessível. Mesmo com a sedução de espíritos lucíferos em contrário, se pode encontrar o caminho de Cristo através do amor, superando exigências antigas ligadas a lei, e apenas a lei. Com a graça se percebe que a salvação dos perdidos se faz possível. Assim Cristo entra no coração da Terra e proclama de certo modo que a morte não existe. Isso nos leva a um novo estado de consciência, e mesmo sem ritos exteriores, podemos perceber que existe o Cristo Interno. Para isso temos de superar o Ego, o antigo inimigo que nos afasta de aceitar a espiritualidade e esse nível elevado de consciência, que leva a união com o Pai Celestial. Na crucifixão se diz que a sigla INRI se relaciona ao rei dos judeus. Mas mais, misticamente vemos que se refere aos 4 elementos, em hebraico Iam, água; Nour, fogo; Ruach, ar e Iabeshab, terra. Os elementos têm significado espiritual. Os dois ladrões são a mente e o coração que não buscavam a espiritualidade. A grande pedra tirada de seu sepulcro simboliza a pedra do desejo. Maria Madalena representa as emoções inferiores e Maria mãe as superiores. O sepulcro é a glândula pineal. A elevação da força vital até a glândula pineal. Por fim, Jesus aparece aos discípulos ressuscitado, na montanha. Montanha representa um elevado nível de consciência.








Conclui-se que o importante desse feriado de Páscoa é que busquemos a paz, no espírito de Cristo tenhamos o amor ao próximo, que perdoemos e ainda busquemos a sabedoria do Espírito Santo. Cristo reparou a humanidade com seu sacrifício, ou reparou Adão, e Maria reparou Eva. Possamos também trilhar o caminho da reintegração e nos tornarmos novos homens, pessoas renovadas e adentrando no Reino Celestial. Possamos ter conosco o Cristo Interno e superemos o ego inimigo, trilhando o caminho do amor e do serviço desinteressado de caridade. Sacrifiquemos os animais internos de desejos egoístas e trabalhemos em tudo para o Eterno Deus.




Figuras 2 e 3 de Vicente Velado.