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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Luz antes das estrelas, a luz dos 7 dias e Bíblia Oral



Luz antes das estrelas, a luz dos 7 dias e Bíblia Oral
 

“Disse Deus: haja luz. E houve luz.Viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz dia, e às trevas noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro”. (Gên. 1: 3-6) - 1°Dia da Criação
“E disse Deus: haja luminares no firmamento do céu, para fazerem separação entre o dia e a noite; sejam eles para sinais e para estações, e para dias e anos;e sirvam de luminares no firmamento do céu, para alumiar a terra. E assim foi. Deus, pois, fez os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; fez também as estrelas”. (Gên. 1: 14-16) - 4°Dia da Criação
 “E a luz da lua será como a luz do sol, e a luz do sol sete vezes maior, como a luz de sete dias, no dia em que o Senhor atar a contusão do seu povo, e curar a chaga da sua ferida” (Isa. 30:26).
“E agora o homem não pode olhar para o sol, que resplandece no céu quando o vento, tendo passado, o deixa limpo” (Jó 37:21).
“A cidade não necessita nem do sol, nem da lua, para que nela resplandeçam, porém a glória de Deus a tem alumiado, e o Cordeiro é a sua lâmpada”. (Apo. 21:23)
      
Quando nos lembramos do Verbo Criador de Deus, sabemos que a Palavra descrita na Bíblia nos leva a grandes mistérios. Assim se trata da passagem que se refere a luz antes de existirem luminares, estrelas, Sol e Lua. Em certos escritos essa luz se identifica muito com o próprio Senhor Deus, e ainda com seus servidores ou anjos, que por isso justifica a palavra Elohim, termo no plural. Para tanto, ainda há autores sábios que falam que no céu não há linguagem, e assim se operou a obra dos Profetas, por uma luz inspirada. Também há um livro judaico muito importante, referente à cabala, que se intitula Sepher ha Bahir, ou o “Livro da iluminação”, onde a luz cumpre um papel especial. Também lá se descreve a Criação como feita por dez (10) ordens ou pronunciamentos, que é confirmada em Ética dos Pais, um escrito de Mishna. São tradições orais, ou melhor, a Torá (ou Bíblia) oral, que foi uma das duas recebidas por Moisés no Monte Sinai. Sem a Lei oral, não se pode entender a escrita, apesar de a escrita ser mais importante.
       O primeiro domínio é da luz, e o segundo é inclui as ordens de anjos. “A luz é a vida das águas” (O Bahir). E a luz é a Palavra, a Torá (Bíblia), e é a força oculta de Deus (Sal. 31:20) e Torá é luz (Prov. 6:23). E essa luz é a Torá oral, ou melhor, aquela tradição que acabou resultando nos Talmudes, Mishnas e comentários dos sábios. Por isso que Ieheshua (Jesus), que era judeu, ser aceito por muitos judeus sábios da Lei, e até por fariseus (nem todo fariseu era hipócrita...). Jesus citava a Palavra, seja ela escrita, seja ela oral. As tradições talmúdicas eram conhecidas por Jesus, e assim ele estava com a luz. 
       Essa luz antes das estrelas nos leva muito a uma concepção metafísica da luz, e mesmo simbólica. Isaias fala da “luz dos 7 dias”, que seria maior que a do Sol e da Lua, e, diferente destas, uma vez que possivelmente se refere a própria obra de Deus antes do quarto dia da Criação. Já no primeiro dia vemos essa luz metafísica, e os 7 dias referidos parecem uma forma de se falar nos auxiliares (Elohim), nos anjos, que se subdividem em diversas espécies. Apesar de que é Deus mesmo quem faz, e essa luz está reservada aos Justos e ao Mundo Vindouro. 
 

       Essa luz antes das estrelas também era muito intensa, e assim ninguém pode olhar para ela. Assim parece que esta só pode ser vista pelos justos, e por isso da separação das trevas, ou da distância que se guarda para o último futuro. O justo é assim a pedra preciosa (desprezada por Isaac e Abraão, “arquitetos” do mundo), que se tornou pedra angular. E em Jó se fala que a luz é brilhante (bahir) nos céus (37:21). E Ele falou “Haja luz”, porque a luz já existia. A luz então é metafísica e já existia no próprio Criador. E os dias que trata Isaias são os 7 dias da Criação, sendo o sétimo do descanso. Esse “descanso” com a Alma, se refere a que o sábado sustenta todas as almas. Uma referência a Aliança também. Por fim, Cristo é a lâmpada, e não se precisa de luzes, mas a Glória de Deus ilumina a cidade santa no Mundo Vindouro.


Fontes:
-Bahir
-Pirke Avot
-Bíblia (João Ferreira de Almeida)
-Torá
-Jumash


terça-feira, 3 de setembro de 2013

Cântico dos cânticos e sua análise


“Cântico dos cânticos” e sua análise oculta
 
“Eu sou morena, mas formosa, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Quedar, como as cortinas de Salomão”. (Cant. 1:5)
“Eis que é a liteira de Salomão; estão ao redor dela sessenta valentes, dos valentes de Israel, todos armados de espadas, destros na guerra, cada um com a sua espada a cinta, por causa dos temores noturnos”. (Cant. 3:7-8)
“Há sessenta rainhas, oitenta concubinas, e virgens sem número. Mas uma só é a minha pomba, a minha imaculada; ela e a única de sua mãe, a escolhida da que a deu à luz. As filhas viram-na e lhe chamaram bem-aventurada; viram-na as rainhas e as concubinas, e louvaram-na” (Cant. 6:8-9).

            O livro do “Cântico dos cânticos” é muitas vezes pouco estudado, sendo apenas atribuído a uma referência ao casamento, e na relação entre Deus e Israel, ou a Cristo e sua Igreja. Também os personagens são atribuídos a dois ou três, a bela donzela e sua paixão por Salomão, ou, entre três personagens, que seria a donzela, seu amado, pastor desconhecido e Salomão narrando, como um poeta. Vemos que talvez uma interpretação que ninguém se refere é que essa mulher seja apenas símbolo da sabedoria, e daí a mais bela e desejada. Sendo ainda escrito por Salomão (ou copiado...) e assim de um homem que buscava acima de tudo a sabedoria. Suas inumeráveis esposas e concubinas o deixariam entretido, e não vejo que estaria correndo apaixonado atrás de uma trabalhadora rural de vinhas. E claro fica que o texto se refere não a carnalidade de Salomão, mas as ordens de anjos, e por isso do elevado número de “soldados” e “mulheres”, e de sua lembrança. Mas é a escritura sagrada mais bela. 
            Primeiro que um livro chamado “Os originais da Bíblia”, lembra que a tradução original talvez seja “preta” em vez de morena, e assim um amor inter-racial. Também aqui nesse livro há poemas de casamento da Síria, onde tal cerimônia durava em torno de 7 dias, então lá populares. E comparar uma bela jovem a uma égua do faraó é algo bem cultural de uma época, semelhante às comparações atuais de uma bela mulher a uma máquina automobilística. O nome original é “Shir ha Shirim”. A palavra para beleza em hebraico, “hadar” pode ser também por troca de letras significar “que habita”, segundo livro judaico Sepher ha Bahir.
            Já no livro do Zohar, a respeito de cabala, vemos as passagens onde há a referência aos 60 soldados ou 60 rainhas, 80 concubinas etc, como uma forma de falar dos anjos. Também quando se fala nas oitenta concubinas, e assim caminha uma visão mística desse texto. Para tanto, 60 miríades de anjos, ou de nefilim ou gigantes. Salomão significa Rei da Paz, e certos escritos não judeus falam de que é “portal para o Sol”. E vinhedo é Israel, conforme Isaías 5:1-3, sendo a nascente fechada, as águas do firmamento mais alto, onde as águas se congelam, e onde repousa sobre as cabeças das “bestas santas” (hayot), ou os anjos, as rodas de Ezequiel e semelhantes. Também no versículo 11 do capítulo 6, fala-se na vinha que cresce como os espíritos sensuais, ou qliphot, espécies de demônios que ocultam a luz, os habitantes da árvore do bem e do mal. O número de 60 então são os anjos de geburah, ou da dimensão da justiça de Deus. As 80 concubinas se referem aos demônios, que fazem um trabalho de certo ocultamento da luz, estão na esquerda ou “outro lado”. A pomba se refere a virgem, a Presença Divina, ou Shekinah. Um termo simples como a própria Sulamita, dada mais é que o mesmo nome Salomão com certa adição de letras (Shelomo-Shelomith). 
            O texto ganha muitas vezes uma dimensão tântrica, ou mesmo gnóstica, então de uma espiritualidade sexual. As concubinas significando em muito certa fornicação, pelas qliphot, que seria o que na Idade Média era tratado como súcubos, espécies de vampiros sexuais. Também lembra muito o Imperador Amarelo, e suas experiências com essa energia da vida, também o qual possuía muitas esposas. Fato é que esse teatro descrito no livro tem muito mais que uma mera relação de paixão, casamento ou mesmo divina e “distante”. Assim a regra deveria ser certa castidade onde existe algum “amor” intocado, e para aquele que busca a sabedoria como Salomão, a compreensão talvez esteja no Sol, que dá a energia vital e certo princípio que não deve ser abusado. Também um livro que só era permitida a leitura em idade madura, assim como Ezequiel, entre os estudos judaicos. O motivo talvez seria não confundir a espiritualidade com sensualidade. Vale que o Cântico dos cânticos é a escritura sagrada mais bela, e que é também “habitação” a aquele que busca a sabedoria.