Sejam bem vindos ao site sobre a Bíblia do ponto de vista místico e esotérico

Informações a respeito de cabala cristã, martinismo, arqueologia bíblica, interpretações, textos místicos e assuntos relacionados



quinta-feira, 29 de maio de 2014

Aspectos místicos nos estudos bíblicos


Aspectos místicos nos estudos bíblicos


Então houve guerra no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão. E o dragão e os seus anjos batalhavam, mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou no céu”. (Revelação 12:7)



viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram”. (Gênesis 6:2)



Ao dizer isso, voltou-se para trás, e viu a Jesus ali em pé, mas não sabia que era Jesus”. (João 20:14)



Abriram-se-lhes então os olhos, e o reconheceram; nisto ele desapareceu de diante deles”. (Lucas 24:31)





Já vimos vários pontos em que notamos estudos bíblicos com certa tendência mística. Isso de modo algum constitui heresia ou quebra de dogma, mas sim ensinamento elevado que reflete uma tradição oral. Já tratei de tradições judaicas, evangélicas, católicas, martinistas, cabalistas, teosóficas e tantas outras, a fim de mostrar que a Bíblia tem uma profundidade hermenêutica, e que relatos como relativos a anjos, queda, carruagem de Deus e outros têm fundamento. Nesse artigo falo de ensinamentos dos Testemunha de Jeová, haja vista ler algum material a respeito, pesando com o que já vi em outras tradições cristãs.

De interesse é a abordagem altamente interpretativa das obras da Sociedade Torre de Vigia, que vão além do texto literal. Informações raras sobre profecias e sobre a queda dos anjos, bem como sobre a constituição do corpo de anjos e daquele que será usado após ressurreição, bem como sobre o livro Revelação. De início percebi que o autor fala que Jesus é o Arcanjo Miguel, e que assim se trata dele ressuscitado. Já li em tradições cabalistas que me pareceu ser Jesus um anjo chamado Metatron. Fato é que no cristianismo primitivo muitos achavam que Jesus (Yehoshua) era um anjo, ou até mais. O Metatron é o “anjo da face”, e ele poderia ver Deus face a face, uma vez que notamos na Bíblia relatos de profetas que assim não podiam se portar. Já Miguel (ou Micael), é um arcanjo de grande importância, em especial em operações teúrgicas. Vemos ele retratado vencendo Satanás, ou ferindo um Dragão. Dragões ou Bestas são retratados no livro de Revelação.
 
 

Sobre a queda dos anjos e de Lúcifer, já vimos em várias tradições o evento, mas sem achar o nome escrito na Bíblia, e sabendo que isso vinha em uma tradição oral. Nos Evangelhos ditos apócrifos, existe mais detalhado o evento e sabemos que então se trata de uma fonte verdadeira. E a guerra no céu entre anjos teria acontecido em 1945, segundo o autor de livro “Poderá viver para sempre no paraíso na Terra”. Isso porque em Daniel se profetizar sete tempos numa árvore simbólica. Já tratei desses sete tempos em meu livro Comentários a Bíblia e outros, e os mesmos pensei se referir a um tempo bem mais considerável. Contudo o ano tem sua importância por vermos nesse a Primeira Guerra Mundial, e por mais alguns anos. Os anjos poderiam estar influenciando o temperamento das pessoas do mundo. Contudo mostra o saber místico por trás desse chave sétupla.
 
 

Também que os anjos namoraram as mulheres, e não gigantes. Esses anjos mesmo tendo corpo espiritual, de certa forma se materializaram. Assim ocorreu com Jesus após ressurreição, o qual já não possuía o mesmo corpo. Isso me lembra certa doutrina mística que fala de Jesus ter voltado em um “corpo vital”, e assim não sujeito a tantas necessidades, como o corpo carnal. De qualquer forma é uma nova natureza. E que se reveste de eternidade. Os anjos então construíram para si corpos carnais, a fim de aqui no mundo para tomar mulheres por esposas. Os filhos dessa relação se tornaram gigantes. Diz que esses no dilúvio não se afogaram, e que retornaram ao céu em corpo espiritual (p. 95). Mas Jesus parece ter usado de um corpo diferente para aparecer após a ressurreição a Apóstolos e a Madalena, e por isso da dúvida de Tomé, não por sua falta de fé. Por tudo isso, com essa visão mística se começa a desvelar o texto, antes obscuro e misterioso.

sábado, 24 de maio de 2014

Dos pecados da sedição, do escândalo, sobre a mulher do poço e a Suma Teológica


Dos pecados da sedição, do escândalo, sobre a mulher do poço e a Suma Teológica





“Porque temo que, quando chegar, não vos ache quais eu vos quero, e que eu seja achado por vós qual não me quereis; que de algum modo haja contendas, invejas, iras, porfias, detrações, mexericos, orgulhos, tumultos” (II Cor 12:20)



“Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outra coisa em que teu irmão tropece”. (Rom. 14:21)

 

“Ai do mundo, por causa dos tropeços! pois é inevitável que venham; mas ai do homem por quem o tropeço vier!”(Mat. 18:7)

 

“Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido e vem cá. Respondeu a mulher: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido; porque cinco maridos tiveste, e o que agora tens não é teu marido; isso disseste com verdade”.(João 4:16-18)






Lendo a Suma Teológica, percebi em seu quinto volume, comentários sobre os pecados. Assim me veio uma passagem interessante sobre a sedição, e algumas sobre o escândalo, que hoje vemos tão presentes em nossa sociedade, em nome de uma pseudo-justiça ou pseudo-liberdade. Também me veio na leitura de obra de um padre catarinense, Jorge Tadeu Hermes, que a mulher samaritana citada em João, acaba por ver no relacionamento com Yehoshua (Jesus) algo que realmente satisfaz, em compensação aos seus antigos 5 maridos.




Na Suma Teológica se coloca os argumentos favoráveis e os contrários. Assim Tomás revela a tradição oral da igreja, bem como saberes da razão, como aquele que veio de Aristóteles, da filosofia grega. Trata dos pecados, e, me veio a leitura de dois em questão, da sedição e do escândalo. Essa sedição se parece muito com a rixa, como o que aqui citei da Carta aos Coríntios. Sedição é o tumulto preparatório a luta, Diz Isidoro que “sedioso é o que provoca a dissenção das almas e gera a discórdia”. Esta difere do cisma. Pode até ser, como foram alguma heresias, mas nem por isso leva a tal. Mas claro que se pode se opor a injustiça e a ditadura. Mas sedição em si é um grande pecado, como já assevera Paulo. Tal prejudica o trabalho espiritual.



Já o pecado do escândalo é o que vemos na fama, na moda atual de querer praticar um modelo de rebeldia, como pseudo-virtude e falsos valores. Vimos tantos e tantos na arte, que por fim faleceram em drogas ou tragédias. Para tanto, se leva o irmão a um tropeço ou queda espiritual. Não se trata de mero espanto contra algo, mas algo hipócrita que se opõe a própria espiritualidade. Isso ocorrendo por certo egoismo, e em objetos ou vantagens, como na alimentação, citada da Carta aos Romanos. E como ensina Mateus, ai do homem que leva o outro a tropeço. Se trata de um ato ou palavra contra a Lei de Deus. Vemos aqui a importância da Torá e da Tradição. E há o escândalo ativo e o passivo. Esse o que se escandaliza, o ativo o que escandaliza. Mas o justo (tsadik) pode parecer escândalo aos outros, e mesmo Pedro pelo que disse Yehoshua lhe servia de escândalo. Gregório disse que se fosse escandalizar com a verdade, seria melhor que abandoná-la. Também se fala de a Igreja não cobrar dízimo de lugares onde não de costume pagar, para evitar escândalo.

 


Já quando vemos a mulher samaritana do poço a que Yehoshua se revela como messias, percebemos de sua busca de bens do mundo, como dos seus cinco maridos e muitas tentativas de relacionamento, mas sem buscar o Noivo que é Cristo, e sem encontrar aquela água que sacia a sede espiritual. Vemos na atualidade uma série de relacionamentos e buscas em redes sociais, mas com isso as pessoas ainda não satisfeitas. Com a chegada co Cristo interno no coração da samaritana, ela consegue achar finalmente um “marido” verdadeiro, e não meramente aquele da carne. Pois com essa consciência messiânica ela vai até o Pai Celestial, e desse modo encontra aquela água que é ao mesmo tempo luz, como ensinam sábios hassídicos e o Bahir. Os muitos esposos não são muito em comparação aquele que traz a Verdade e a Vida.





sexta-feira, 16 de maio de 2014

De Paulo judeu e fariseu, do Domingo não retirando o Sábado, do sangue, mulheres profetizas e do nazireu segundo livro de Atos


De Paulo judeu e fariseu, do Domingo não retirando o Sábado, do sangue, mulheres profetizas e do nazireu segundo livro de Atos


“Por isso, julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus,mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue”. (Atos 15:20)

“No primeiro dia da semana, tendo-nos reunido a fim de partir o pão, Paulo, que havia de sair no dia seguinte, falava com eles, e prolongou o seu discurso até a meia-noite”. (Atos 20:7)

“Disse Paulo: Não sabia, irmãos, que era o sumo sacerdote; porque está escrito: Não dirás mal do príncipe do teu povo”. (Atos 23:5) “pois me conhecem desde o princípio e, se quiserem, podem dar testemunho de que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu” (Atos 26:5)

“toma estes contigo, e santifica-te com eles, e faze por eles as despesas para que rapem a cabeça; e saberão todos que é falso aquilo de que têm sido informados a teu respeito, mas que também tu mesmo andas corretamente, guardando a lei”. (Atos 21:24)

“Partindo no dia seguinte, fomos a Cesaréia; e entrando em casa de Felipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele. Tinha este quatro filhas virgens que profetizavam”. (Atos 21:4)



Vemos muitas vezes em certos cultos cristãos ou mesmo comentários de alguns, com relação a ataque aos judeus. Também vemos por parte de alguns irmãos judeus algum ataque a de talhes do cristianismo, ou do que tivemos de Escrituras por parte da igreja romana. Porém percebemos que não tem muito sentido os ataques, uma vez que a cultura nossa é judaico-cristã, e que ambas as tradições se complementam e sintetizam na figura do Mashiah, Yehoshua (Jesus), e que mesmo sabendo da condição de Paulo, não podemos assim nos precipitar.
 
 
Paulo era judeu, e mais, fariseu. Ele mesmo teria revelado isso e assim versado na sabedoria da Torá, mesmo também em tradições talmúdicas, senão até em kabalah. Essa última suposição nos vem quando vemos seus ensinamentos místicos, como a respeito de terceiro céu, corpo de glória e outros, que nos fazem pensar em algo que supera o nível de interpretação histórico e moral da Torá. Depois com esses escritos, como o livro de Atos, vemos que há uma conciliação entre judeus e gentios, e que aos poucos todos se acham em verdadeira crença ao Senhor IHVH (Jeová).

Os gentios convertidos tinham as lições a eles compatíveis. Vemos isso nos Filhos de Noé, ou Bnei Noah, onde se segue os 7 mandamentos. Claro que não se pode colocar os 613 mandamentos em pessoas que não estão inseridos na cultura judaica, e mesmo porque há passagens que colocam o Machiah com esse papel de levar a Salvação a um grupo maior. Sobre pagãos que aceitam IHVH, não há proibição, desde que abandonem suas práticas e a idolatria. Aqui se fala em sangue, mas o sentido não é apenas e se comer sangue (ou bem como proibição judaica de ingerir nervo ciático), mas em especial o derrabamento de sangue, através da violência.

Os cristãos foram mais tolerantes, e não mudaram Sábado para Domingo, mas adicionaram esse. Para quem desejasse guardar o Sábado, não há proibição. Mesmo porque o Sábado de Elohim é algo muito maior que um dia da semana, mas sim um período sagrado, a fim de comemorar a Criação. Mas também o sábado judeu não era obrigatório aos cristãos. Então o costume era guardado 300 antes de Constantino, por cristãos. Mas o domingo seria um “oitavo dia guardado com alegria” (Epístola de Barnabé), bem como os “Pais da Igreja” falavam a respeito de em atos não haver regra específica quanto a data a se guardar. Pois domingo teria sido o dia da ressurreição de Yehoshua. Mas o sábado deve ter sido ainda respeitado por muitos.
 

Sobre o voto de Nazir, ou nazireu, nada prejudica a crença, sendo o que se fala em capítulo 21:24, e assim é o que se atualmente tem por promessa. Também retiros espirituais podem se assemelhar a ele, bem como dias de jejum, não se fazer a barba e assemelhados. Vemos aqui uma espécie de exercício espiritual, e assim algo dedicado em sacrifício a Jeová. Faz em si mesmo o sacrifício do animal, ou cordeiro, e assim nos mostra o Cristo interno, de modo que pelas virtudes e castidade se sacrifica a animosidade. Isso pode ser temporário ou permanente, mas no geral parece ser por apenas um prazo. A prática parece ter sido feita por místicos, que superaram apegos ao mundo e que têm dedicação total a D'us.

Sobre as mulheres e sua aceitação por Yeheshua e apóstolos nos ensinamentos, fica clara a passagem que fala até mais, em verdadeiras profetizas. Quando pensamos em pentecostes, e na manifestação do Espírito Santo (Huach Hakodesh), vemos que não há distinção tamanha entre o gênero. Antes já havia mulheres importantes nas Escrituras, e lembramos de Sara,  Rute, Ester e tantas outras, mesmo em Miriam (Maria), e então sabemos desse contato da Presença Divina, Shekiná, também para com as mulheres. Yeheshua tinha especial atenção a elas, e em apócrifos se fala de papel central de Maria Madalena, nesse sentido de doutrinação especial. Por fim, mesmo Paulo, que era um tanto rigoroso a esse respeito, lembrou da importância delas na propagação das doutrinas de Mashiah.




















domingo, 11 de maio de 2014

Primeira comunhão e seu aspecto místico




"Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, abençoando-o, o partiu e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo. E tomando um cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos;pois isto é o meu sangue, o sangue do pacto, o qual é derramado por muitos para remissão dos pecados". (Mat. 26:26-28)

 

 


No último fim de semana presenciamos a primeira comunhão de muitos jovens. Fato é que o momento foi de grande movimento na Igreja, e que me surpreendeu a quantidade de automóveis nas proximidades. Isso nos mostra ainda da importância da religião em nossa sociedade, e de valores éticos que se mantêm, mesmo em competição a mil entretenimentos e atrativos da sociedade pós-moderna e consumista. Por outro lado, na Igreja Católica vemos grande importância na eucaristia, cerimônia que nos leva a última ceia do mestre Jesus com os apóstolos, na sua aparente sociedade secreta. O pão representando o corpo e o vinho, o sangue, que foi repartido na Igreja (espécie de corpo místico) e assim feita a comunhão sagrada. Essa nada mais é que a união com o Cósmico, que temos na meditação e encontro com Deus. O corpo representa um veículo de consciência, uma manifestação em algum plano ou dimensão. Mas entendo que esse corpo místico está além da igreja, além da cerimônia, está na dimensão Universal como Cristo Cósmico, o Reparador dos Mundos, espécie de Sol metafísico, doador da vida. Sendo o mestre um Novo Adão, assim é um novo diagrama da árvore da vida da cabala, o chamado Adão Kadmon, antes da queda, protótipo do universo e do homem. O homem é um pequeno universo, microcosmo. Mas vamos a diversas opiniões e fatos históricos, para depois retornarmos.
 
 

A eucaristia teve de tal modo em certa época, que "A cerimônia que se revestiu de lendas, foi reformada no Concílio de Trento". Acabou aproximando o sacrifício da cruz. Já Santo Ambrósio disse: "Sabes, portanto, que o que recebes é o Corpo de Cristo. O qual na véspera da sua paixão tomou o pão em suas santas mãos. Antes da consagração é pão: mas logo que se acrescentam as palavras de Cristo é o seu corpo. Antes das palavras de Cristo o cálice contém vinho e água: mas logo que as palavras de Cristo tenham operado se faz ali o sangue de Cristo. Que redimiu o povo. Portanto não é em vão que tu dizes amém, confessando já em espírito que recebes o corpo de Cristo". A cerimônia assim transformou o profano em sagrado, ou a presença de Cristo transformou o mundo e a carne (pão). É a palavra que opera essa transubstanciação, é o Verbo que se aproxima da "palavra perdida", da "palavra de poder" de certas sociedades iniciáticas. Certamente, Jesus possuía a "Palavra", e isso mesmo quem foi contra a sua obra o reconheceu. Também Santo Agostinho disse: "Esse pão que vedes no altar, santificado pela palavra de Deus, é o corpo de Cristo. Este cálice, ou melhor, o que esse cálice contém, santificado pelas palavras de Deus, é o sangue de Cristo". O mesmo a respeito da palavra ou Verbo.
 
 
 

Para Santo Tomás a "Eucaristia contém o próprio Cristo que se entrega à morte, ela é presencialização do sacrifício único de Cristo; é ao mesmo tempo comemoração da paixão de Cristo, sacramento prefigurativo da glória eterna e sinal eficaz da graça que nos concede". Confunde-se um pouco com o que nos disse João a respeito do Verbo no início, que era Deus. Também parece que essa palavra precisa de ar, logo de sopro (espírito), para assim manifestar a vida nas coisas. Essa vida é o que torna estas coisas partes do corpo de Cristo, um corpo místico maior que a Igreja, sendo uma parte que sustenta cosmicamente a vida da Natureza. Sem o Cristo, o inverno viria e todas as coisas morreriam. E o seu corpo deve assim ser ainda mais comemorado. A eucaristia ou outro rito nos sintoniza com esse mistério de Cristo, da comunhão com seu "corpo". E esse rito é em si também uma forma de fraternidade entre irmãos cristãos, e mais que mera memória, se reveste de um aspecto místico incomparável, auxiliado por anjos e pela Presença Divina ou Shekiná. (de meu livro "Comentários à Bíblia", Editora AG Book)



segunda-feira, 5 de maio de 2014

Da virgindade de Maria, de Adão sem mulher e sem estômago e do Espírito Santo feminino, com relação a saberes da cabala cristã


Da virgindade de Maria, de Adão sem mulher e sem estômago e do Espírito Santo feminino, com relação a saberes da cabala cristã







“De toda árvore do jardim podes comer livremente;mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gen. 2:16).



“Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gen. 1:27).

 

“Então Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, uma vez que não conheço varão?” (Luc. 1:34)



“o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, ela se achou ter concebido do Espírito Santo” (Mat. 1:18)



“Alguns dizem que Maria concebeu por obra do Espírito Santo. Mas eles estão enganados. Não sabem o que dizem. Quando uma mulher alguma vez concebeu por obra de outra mulher?” (Evangelho de Felipe)





Pela leitura do príncipe dos filósofos, Jacob Böehme, que parece ter escrito muito sobre cabala cristã, vemos que os segredos envoltos nas Escrituras se cobrem de muitos mistérios. Isso segundo ele foi dado por uma revelação divina, mas percebemos também que se revela a sabedoria de uma tradição oral. A concepção e o nascimento do messias Yeshua (Jesus) se reveste de questão principal. Sua mãe, Miriam (Maria), parece ter para a concepção, quando teve a operação da Ruach haKodesh (Espírito Santo), que é feminina. Mas isso se resolve segundo Böehme, pois Maria teria manifestado uma natureza masculina, e se mantido virgem, haja vista o processo ser de essência celestial. Com Adão houve a falha nesse processo, de tal modo que em Miriam, veio o Messias reparar essa falha de Adão, do mesmo ter comido da árvore do conhecimento do bem e do mal (ou da morte).



Os gnósticos cristãos já sabia, que Ruach haKodesh (Espírito Santo) é feminino. Mas no presente evangelho citado, atestam a virgindade de Maria (Miriam), mesmo assim. Assim disse Böehme:Com relação à virgindade de Maria, com relação à vida terrestre, antes da benção, antes do coração de Deus ter se movido, não podemos dizer, de forma alguma, se ela era uma virgem completa e perfeita, de acordo com a primeira virgem antes da queda” ; “Compreendemos agora, o que Maria se tornou com a concepção, ou seja, uma virgem pura e verdadeira, de acordo com a parte celeste” e “Aqui ela toma a tintura do correto fogo e correto homem, e se torna também uma verdadeira virgem masculina, como era Adão em sua inocência..”. Assim se resolve o impasse da natureza feminina do Espírito Santo, e de Maria superar essa dificuldade. Ainda, Yeshua diz que no Reino dos Céus a mulher se torna homem, e que não haverá mais maridos e esposas, sendo assim para nós infrutífera a discussão do gênero nesses aspectos teológicos. Maria se tornou virgem para a condição de ter por filho Yeshua, o messias.

 


Citou-se Adão em sua inocência. Esse Adão, era macho e fêmea, antes de Eva. Para tanto, não necessitava de mulher, e assim ensina Böehme. Com a árvore da tentação, ele comeu, ou melhor, imaginou a criação da ajudante, através de seu lado ou sephira, mas isso não mais em sua condição de pureza ou de corpo celeste, mas material. Esse Adão inocente era imagem e semelhança de Yahuh (Deus), sem defeito ou limitação da carne. Tanto que “comer” significa uma analogia para imaginar, pois a Adão era permitido “nomear” as coisas, ou mesmo as criar. Esse Adão não tem também assim estômago. Citando novamente as lições do teósofo cristão, Böehme: “O corpo exterior recebia o alimento paradisíaco- que não era tomado no estômago ou carcaça, já que o homem não possuía este apêndice. Além disso, ele não possuía forma masculina ou feminina, pois era os dois (...)”. Então, houve uma necessidade material que não havia antes, e por isso da queda, uma vez que o Adão perfeito era espiritual ou celeste.

 


Para tanto, vemos que Adão possuía uma natureza pura, e que chamar Yeshua de Novo Adão é viável, haja vista que o primeiro antes do fruto proibido era assim celeste e angelical. Pois Yeshua possui assim a essencialidade celeste e partilha da qualidade dos anjos, sendo também superior aos mesmos, como Adão o era antes da queda. Isso implica uma forma de reprodução espiritual. Claro que no estado em que estamos, é mitsvá, mandamento, gerarmos filhos. Mas com o Reino prometido, levados pelo Messias, já não mais teremos essa natureza. E que esse mesmo Adão tinha o poder de ordenar os anjos, bem como de criar pela imaginação, sendo essa o fruto. E se com Eva não se pode permanecer em uma natureza eterna, tendo-se a morte e sofrimento, com o Novo Adão Yeshua, se pode superar essas dificuldades, encontrando uma terra de alegria, descrita no livro Revelação. Como está em Apocalipse 7:16: “Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem cairá sobre eles o sol, nem calor algum”.



Fontes



A encarnação de Cristo – Jacob Böehme



Bíblia - versão Almeida – e rocket e-book



Apócrifos II




quinta-feira, 1 de maio de 2014

A tradição oral e a cabala cristã


A tradição oral e a cabala cristã





“Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura” (Marc. 16:15).


“Quem vos ouve, a mim me ouve; e quem vos rejeita, a mim me rejeita; e quem a mim me rejeita, rejeita aquele que me enviou”. (Luc. 10:16)


“E todos ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem”. (Atos 2:16)


“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado e assim todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades e este será o meu pacto com eles, quando eu tirar os seus pecados” (Rom. 2:25)





Quando vemos sobre a existência da escrita, também percebemos que antes dela havia uma tradição oral. Isso se deu também com a Torá, a qual foi entregue a Moisés na forma escrita e também na Oral, ou Mitsvá, segundo Maimônides. Segundo Rabino Shamai Ende, em prefácio ao Talmud, “a Torá oral, consiste nas explicações, interpretações, indicações, leis, costumes e tradições extraídas da Torá escrita”. E “ao entregar a Torá oral a Moishê, D-s o ordenou que esta não poderia ser escrita”. Para tanto, ainda sevemos de outra tradição que apenas era estudada após os 40 anos de idade, que era a Kabalah, e que vemos depois escrita em Zohar, Bahir e Sepher Yetzirah. Tudo isso se alinha a Torá escrita, e a complementa.
 
 

Com Yeshua (Jesus), essa lição parece ter sido continuada em seus discípulos (Talmidin), de modo que resta ensinos que também eram dados de boca a boca. Houve a escrita desses ensinamentos e também uma tradição, chamada apostólica, bem como a sintonia entre cristãos alinhados com sábios judeus “convertidos”, os quais aprenderam a kabalah, bem como fundaram a chamada cabala cristã, tendo como expoentes Reuchlin e Pico Della Mirandola. Mas tudo isso proveio de judeus, mesmo estes aceitando o Yeshua como messias. Posteriormente continuou em tradições como o Martinismo, em místicos como Jacob Boehme e Saint Martin. Mas de início cristãos pregavam, e ensinavam apenas por palavras. Com a morte dos discípulos de Yeshua, restou que se necessitava de escrituras, surgindo o que temos por Novo Testamento. Isso tudo foi transmitido de geração em geração, e até mesmo a Torá escrita, teria sido antes resultado de 4 tradições, a Javídica, Eloísta, Deuteronômica e Sacerdotal.



Mas a Kabalah guarda um segredo ainda maior que o Talmud, e assim vemos relatando Pico, em suas “900 Teses”: “Para os kabbalistas, a coluna de rigor é a coluna da Letra, a Torah escrita, seca porém necessita erudição, ao passo que a Clemencia é a Torah Oral, a do mundo das experiências espirituais, da mística”. Deste modo, vemos a importância da tradição oral, que leva a essa mística, em sintonia com escolas como a chassídica, que engloba ensinos da cabala com a Torá, mas sem abandonar ou desrespeitar a Torá escrita. E a cabala cristã fez se encontrar a sabedoria de Yehshua de acordo com tradição mais espiritual e profunda. Segundo Pico, Yeshua teria deixado verdades de alcance reservado, e assim talvez não tenham sido escritas, e mesmo assim, estão naquelas parábolas e ensinos que necessitam de uma chave de interpretação. Ensinos assim de mente para mente, sem escrita, lembrando do que teria falado Orígenes. Também Swedenborg teria lembrado que: “Se só olharmos a letra, não poderemos ver de forma alguma que o Verbo do Antigo Testamento contém profundos arcanos do Céu”. Há a necessidade de um espírito para a letra.






Já falamos aqui também da tradição oral estar em grande parte naqueles escritos não aceitos no canon pela Igreja, e que chamamos de apócrifos. Mesmo esses escritos que possuímos presentes na Bíblia, teriam sido baseados em um texto base, referido como “Q” (Quelle, ou Fonte em alemão). Desta feita o que era uma tradição oral dos Talmidin (Apóstolos), se transformou em Novo Testamento. Tudo parece requerer uma espécie de iluminação, como atesta Jacob Böehme: “A pessoa de Cristo, assim como sua encarnação, não pode ser conhecida pela compreensão comum ou pela letra das Santas Escrituras, sem a Iluminação Divina”. Mesmo com deturbação do termo “cristo”, lendo-se mashiah, se poderia compreender que se trata de uma consciência messiânica. Saint Martin fala sobre Moisés, que ao subir a montanha e a proibição do povo nesse acesso, uma vez que requeriria uma preparação da alma, fazendo a analogia de um pequeno preparo para os pequenos combates, e um grande aos grandes combates. Assim vemos que essa tradição oral (um grande preparo) se transforma em escrita, e que complementa e afirma a escrita, não contrariando a Torá, mas desde o início compartilhando dela a Criação do mundo. Pois a voz vem do Sopro, e está escrito que assim ganhou vida Adão, bem como estava assim o Eterno sobre as águas, quando da Criação. E na Ética dos Pais, está escrito que D-us havia Criado as coisas por dez pronunciamentos, assim através da palavra. E João ainda se refere a Yeshua como a Palavra, ou o Verbo. Por tudo isso que há importância desse contexto de não se ver apenas no que está escrito o que vai de acordo com a Torá ou com a vontade de D-us.





Fontes



900 Teses – Pico Della Mirandola



A dignidade do Homem - Pico Della Mirandola



Arcana Coelestia – Emanuel Swedenborg



A Encarnação de Jesus Cristo – Jacob Böehme



Instruções aos Homens de Desejo – Saint Martin



Bíblia – e-book – Versão João Ferreira de Almeida



Talmud Bavli – Editora Lubavich