Sejam bem vindos ao site sobre a Bíblia do ponto de vista místico e esotérico

Informações a respeito de cabala cristã, martinismo, arqueologia bíblica, interpretações, textos místicos e assuntos relacionados



quinta-feira, 1 de maio de 2014

A tradição oral e a cabala cristã


A tradição oral e a cabala cristã





“Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura” (Marc. 16:15).


“Quem vos ouve, a mim me ouve; e quem vos rejeita, a mim me rejeita; e quem a mim me rejeita, rejeita aquele que me enviou”. (Luc. 10:16)


“E todos ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem”. (Atos 2:16)


“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado e assim todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades e este será o meu pacto com eles, quando eu tirar os seus pecados” (Rom. 2:25)





Quando vemos sobre a existência da escrita, também percebemos que antes dela havia uma tradição oral. Isso se deu também com a Torá, a qual foi entregue a Moisés na forma escrita e também na Oral, ou Mitsvá, segundo Maimônides. Segundo Rabino Shamai Ende, em prefácio ao Talmud, “a Torá oral, consiste nas explicações, interpretações, indicações, leis, costumes e tradições extraídas da Torá escrita”. E “ao entregar a Torá oral a Moishê, D-s o ordenou que esta não poderia ser escrita”. Para tanto, ainda sevemos de outra tradição que apenas era estudada após os 40 anos de idade, que era a Kabalah, e que vemos depois escrita em Zohar, Bahir e Sepher Yetzirah. Tudo isso se alinha a Torá escrita, e a complementa.
 
 

Com Yeshua (Jesus), essa lição parece ter sido continuada em seus discípulos (Talmidin), de modo que resta ensinos que também eram dados de boca a boca. Houve a escrita desses ensinamentos e também uma tradição, chamada apostólica, bem como a sintonia entre cristãos alinhados com sábios judeus “convertidos”, os quais aprenderam a kabalah, bem como fundaram a chamada cabala cristã, tendo como expoentes Reuchlin e Pico Della Mirandola. Mas tudo isso proveio de judeus, mesmo estes aceitando o Yeshua como messias. Posteriormente continuou em tradições como o Martinismo, em místicos como Jacob Boehme e Saint Martin. Mas de início cristãos pregavam, e ensinavam apenas por palavras. Com a morte dos discípulos de Yeshua, restou que se necessitava de escrituras, surgindo o que temos por Novo Testamento. Isso tudo foi transmitido de geração em geração, e até mesmo a Torá escrita, teria sido antes resultado de 4 tradições, a Javídica, Eloísta, Deuteronômica e Sacerdotal.



Mas a Kabalah guarda um segredo ainda maior que o Talmud, e assim vemos relatando Pico, em suas “900 Teses”: “Para os kabbalistas, a coluna de rigor é a coluna da Letra, a Torah escrita, seca porém necessita erudição, ao passo que a Clemencia é a Torah Oral, a do mundo das experiências espirituais, da mística”. Deste modo, vemos a importância da tradição oral, que leva a essa mística, em sintonia com escolas como a chassídica, que engloba ensinos da cabala com a Torá, mas sem abandonar ou desrespeitar a Torá escrita. E a cabala cristã fez se encontrar a sabedoria de Yehshua de acordo com tradição mais espiritual e profunda. Segundo Pico, Yeshua teria deixado verdades de alcance reservado, e assim talvez não tenham sido escritas, e mesmo assim, estão naquelas parábolas e ensinos que necessitam de uma chave de interpretação. Ensinos assim de mente para mente, sem escrita, lembrando do que teria falado Orígenes. Também Swedenborg teria lembrado que: “Se só olharmos a letra, não poderemos ver de forma alguma que o Verbo do Antigo Testamento contém profundos arcanos do Céu”. Há a necessidade de um espírito para a letra.






Já falamos aqui também da tradição oral estar em grande parte naqueles escritos não aceitos no canon pela Igreja, e que chamamos de apócrifos. Mesmo esses escritos que possuímos presentes na Bíblia, teriam sido baseados em um texto base, referido como “Q” (Quelle, ou Fonte em alemão). Desta feita o que era uma tradição oral dos Talmidin (Apóstolos), se transformou em Novo Testamento. Tudo parece requerer uma espécie de iluminação, como atesta Jacob Böehme: “A pessoa de Cristo, assim como sua encarnação, não pode ser conhecida pela compreensão comum ou pela letra das Santas Escrituras, sem a Iluminação Divina”. Mesmo com deturbação do termo “cristo”, lendo-se mashiah, se poderia compreender que se trata de uma consciência messiânica. Saint Martin fala sobre Moisés, que ao subir a montanha e a proibição do povo nesse acesso, uma vez que requeriria uma preparação da alma, fazendo a analogia de um pequeno preparo para os pequenos combates, e um grande aos grandes combates. Assim vemos que essa tradição oral (um grande preparo) se transforma em escrita, e que complementa e afirma a escrita, não contrariando a Torá, mas desde o início compartilhando dela a Criação do mundo. Pois a voz vem do Sopro, e está escrito que assim ganhou vida Adão, bem como estava assim o Eterno sobre as águas, quando da Criação. E na Ética dos Pais, está escrito que D-us havia Criado as coisas por dez pronunciamentos, assim através da palavra. E João ainda se refere a Yeshua como a Palavra, ou o Verbo. Por tudo isso que há importância desse contexto de não se ver apenas no que está escrito o que vai de acordo com a Torá ou com a vontade de D-us.





Fontes



900 Teses – Pico Della Mirandola



A dignidade do Homem - Pico Della Mirandola



Arcana Coelestia – Emanuel Swedenborg



A Encarnação de Jesus Cristo – Jacob Böehme



Instruções aos Homens de Desejo – Saint Martin



Bíblia – e-book – Versão João Ferreira de Almeida



Talmud Bavli – Editora Lubavich

5 comentários:

  1. Estimado Mariano, parabéns pelas palavras elaboradas neste arrazoado. Convenhamos que o Amigo continue e alargue os estudos e nos traga a luz o conhecimento de forma clara e concisa como tem demonstrado neste artigo. Que o Senhor Deus te Ilumine. Bom Dia.

    ResponderExcluir
  2. GRANDE ARTIGO MARIANO. UMA FONTE DE CONHECIMENTO PRA ENTENDERMOS MELHOR A BÍBLIA. ESTOU LENDO A BÍBLIA É MUITO SIMBOLOGIA, COM ESTA LEITURA DO SEU ARTIGO CLAREIA OS MEUS CONHECIMENTOS. PARABÉNS AMIGO,

    ResponderExcluir
  3. BOA TARDE AMIGOS, INGO E NERY. QUE BOM QUE ADMIRAM ESSA LEITURA PROFUNDA E QUE ESTOU MAIS COMPREENSÍVEL. AQUI TRATEI DE FORMA CONCISA, MAS NO LIVRO TEREI TODOS OS ARTIGOS EMUM CONJUNTO, ESSE SOMADO AOS MEUS DOIS LIVROS ANTERIORES. ABRAÇÃO. ESTEJAM COM DEUS

    ResponderExcluir
  4. Sobre o tema cabala cristã, convido-o a conhecer o trabalho desenvolvido por mim e pelo Prof Marlanfe T Oliveira:

    http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=42159954&termo=cabala%20crist%C3%A3

    http://movimentonafronteira.blogspot.com.br/2014/01/cabala-crista.html

    http://movimentonafronteira.blogspot.com.br/2014/08/convido-todos-assistir-este-video-o.html

    ResponderExcluir
  5. Já vi amigo. Achei muito interessante e em sintonia com grande parte do que escrevo. abraço

    ResponderExcluir