Regras do Levítico segundo sábios a respeito de costumes, casamento,
comércio e ano sabático
“Não
comereis coisa alguma com o sangue; não usareís de encantamentos, nem de
agouros. Não cortareis o cabelo, arredondando os cantos da vossa cabeça, nem
desfigurareis os cantos da vossa barba. Não profanarás a tua filha, fazendo-a
prostituir-se; para que a terra não se prostitua e não se encha de maldade.”.
(Lev. 19:26, 27, 29)
“Como
um natural entre vós será o estrangeiro que peregrinar convosco; amá-lo-eis
como a vós mesmos; pois estrangeiros fostes na terra do Egito. Eu sou o Senhor
vosso Deus” “Balanças justas, pesos justos, efa justa, e justo him tereis. Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do
Egito”. (Lev 19:34,36)
“Seis
anos semearás a tua terra, e seis anos podarás a tua vinha, e colherás os seus
frutos; mas no sétimo ano haverá sábado de descanso solene para a terra, um sábado
ao Senhor; não semearás o teu campo, nem podarás a tua vinha” Lev. 25
Vemos muitas vezes que as regras necessitam de
interpretação, e que apenas sua boa interpretação que leva a efetividade. Temos
assim de encontrar a razão dessas leis, sua ratio
legis, de tal modo que no caso do que temos na Bíblia, não é diferente.
Parece que o cerne dessas regras constantes no livro de Levítico é de separar a
nação de Israel, escolhida, daqueles povos pagãos, que cultuavam outros deuses,
ou melhor, da idolatria. Conhecemos essas regres especialmente pelos 10
mandamentos, apesar de que lembramos que em verdade para a humanidade, ou
filhos de Noé, são 7 mandamentos, e que para judeus são 613. Isso ainda inclui
a tradição oral, o Talmude e uma série de detalhes, como os ensinados pelo
mestre Yehoshua (Jesus), como amar ao
próximo como a si mesmo, lição já presente nos Salmos. Ademais, para judeus são
duas classes de mandamentos: 1 – Mishpatim,
que são os mandamentos racionais e lógicos; 2 – Juquim, que são os mandamentos oriundos da Sabedoria Divina, acima
da razão.
Sobre as regras de costumes, fala o livro
de Levítico contra costumes pagãos, de modo que não seria proibido a um judeu
interpretar sonhos ou usar de um poder espiritual, mas que isso já está
presente na tradição mística judaica, na cabala, Zohar, midrash, Talmud etc.
Assim existe sim uma tradição mística e não se confunde com a pagã, e por isso
da proibição em questão, o que não significa que o judeu ou judeu messiânico
tenha de se esquivar de qualquer intuição e inspiração divina. Mesmo porque os
profetas previam o futuro, e assim a proibição é de se seguir costumes pagãos,
como a necromancia, feitiços usando sangue para cultivo, como o citado,
seguindo a regra do casamento, o que se afasta de apoiar vida promiscua de
filha. Sobre o casamento, para o judeus ele não é indissolúvel ou sacramental.
Apesar de que o adultério era punido severamente, até com pena de morte. O
casamento é chamado pelos sábios de Kidushín,
consagração. A regra do casamento vale para os filhos de Noé. Também a
aparência devia ser diferente de outros povos, o que há na referência da barba
e cabelo aparado. Também deve se lembrar que isso não deve ser confundido com o
sacrifício animal informado na Torá-Bíblia, e nem com outros costumes ali
descritos. Mas no judaísmo místico, na cabala existiam os Baal Shem, que eram também espécie de curandeiros, assim como
existiu a “sorte”, pela Urim e Tumim, o que prova contra rigores de alguns, que
falam ser proibida toda forma de inspiração, curandeirismo ou previsão.
Ao se ler os exegetas e sábios
comentaristas no Chumash (Abarbanel,
Rashi, Ibn Hezra, Maimônides e outros), se percebe também que a regra referente
a estrangeiros já antecipava o que Yehoshua
havia feito, aceitando-se que Deus é Criador da humanidade, e que se deve
segundo comentaristas, “amar o estrangeiro”. Deste modo a questão supera a
noção de nacional. Não se trata de um nacionalismo. Assim a humanidade é
entendida como filha de Noé. Também se fala numa regra de justiça ou equidade,
de modo que se refere a balança não tenha dois pesos, ou que a moral seja
dupla. Sobre o him ele é pequena
medida, e a efa é a grande medida. Ser
igual tanto no pequeno julgamento quanto no grande. Aqui interessante que os
sábios colocam o comerciante equivalente ao juiz, de modo que ambos pesam
coisas e julgam. Deve-se ser justo e não adulterar a balança. E assim o pequeno
inclui o grande (him inclui efa).
Sobre o ano sabático, ou Iovél, há uma certa contradição dos
exegetas. Uns acham que esses sétimo ano de descanso da terra, seria para se
exercitar a benevolência e misericórdia com os povos (Maimônides), outros acham
que se deve ter outros motivos, de interesse um que fala que seria um ano
dedicado ao estudo da Torá (Ibn Hezra). Para tanto, segundo esse último seria
um modo de se afastar do materialismo, do acúmulo de bens materiais. Na verdade revela o mistério do número 7, a heptada, e seu ciclo. A lição
que fica que somos apenas inquilinos desse mundo, lembrando lição de Yehoshua, que somos transeuntes. Por
tudo isso vemos que o Levítico tem de ser analisado se observando o contexto, e
que para se evitar julgamentos temerários, se deve consultar os sábios e a
tradição que envolve as mitzvot
(mandamentos), a fim de não se ter balança pesada demais, e nem leve demais. E
o centro é a separação de costumes pagãos, em especial que envolviam regras
irracionais, imoralidades ou perversidades. Deve-se refletir a sabedoria do
Criador, e as leis servem para que se busque esse objetivo.
Mariano um texto bíblico riquíssimo, gostei parabéns!!
ResponderExcluirCaro Mariano, a sua interpretação é muito boa, levando a exegese de LEVÍTICO para os dias da atualidade com a observação da importância da Lei Mosaica inscrita no PENTATEUCO. Lembro que são JUDEUS MESSIÂNICOS os que aceitam a JESUS CRISTO como o MESSIAS enviado por DEUS e a sua aceitação como SALVADOR nos conduzirá a VIDA ETERNA. Que o SENHOR JESUS te acompanhe sempre.
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