Passagens sobre fogo, nudez e mortos na Bíblia, segundo sábios da
Mishna e Gemara
“Não
é a minha palavra como fogo, diz o Senhor, e como um martelo que esmiúça a
pedra?” (Jer. 23:29)
“Pois
os vivos sabem que morrerão, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem
tampouco têm eles daí em diante recompensa; porque a sua memória ficou entregue
ao esquecimento (Prov. 9:5).
“Pomba
minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me o
teu semblante faze-me ouvir a tua voz; porque a tua voz é doce, e o teu
semblante formoso” (Cant 2:14)
“Não
descobrirás a nudez da mulher de teu pai; é nudez de teu pai.
A nudez de tua irmã por parte de pai ou por
parte de mãe, quer nascida em casa ou fora de casa, não a descobrirás. Nem
tampouco descobrirás a nudez da filha de teu filho, ou da filha de tua filha;
porque é tua nudez.” (Lev. 8:10).
Quando lemos certas passagens
bíblicas, vemos que sua interpretação necessita de uma tradição oral confiável,
e de uma jurisprudência de sábios. Ainda mais quando se refere a descumprimento
dos mandamentos (mitzvot), e quando
envolve certa dimensão mística, além daquela prática do dia-a-dia. Desta forma,
em especial sobre o antigo testamento já temos esse material, através da
Mishna, que é essa ‘repetição’ da tradição oral, de modo a interpretar
corretamente a Bíblia.
Sobre
a passagem referente ao fogo em Jeremias, vemos que o que quer ensinar é que a
Palavra não está sujeita a impureza, assim como o fogo. Vemos assim que também
nas vestes não se aceita mescla de fios, e por aí vai. Então quem está com a
Bíblia, não deve se preocupar com a impureza, ou se a pode levar ou não a
determinado local. Apesar de que não seria nobre ler no banheiro, ou em local
fétido. O fogo purifica e renova, assim como a palavra de Deus faz o mesmo. Assim
mesmo quem está impuro, poderia se ocupar da Torá (Bíblia), como o caso de quem
teve relação com sua esposa. Por outro lado, melhor que não se ocupe, antes que
se purifique na água.
Sobre
a passagem dos Provérbios (Mishlei) ou melhor, Parábolas, vemos que não se
refere aos mortos em um sentido materialista, mas sim aos verdadeiros mortos
(ímpios) e os que são chamados de vivos, que são os justos (tsadikin). Então os justos vivem, mesmo
que tenham morrido, porque participarão da congregação dos justos. Já os ímpios
encontram Gehena, e estão em condição
de mortos. Isso confirma Ezequiel, em capítulo 21 versículo 30. Então as almas sabem o que passa no mundo, e
em Talmude se discute sobre duas moças (falecidas) que conversam no cemitério. Mesmo
porque tais almas retornam em guilgul
(reencarnação).
Já sobre a nudez, sabemos da proibição
de não se descobrir nudez de irmã, madrasta etc. Mas o que vem a ser essa
nudez? Jesus já deu a resposta ao afirmar que quem cobiça a mulher do próximo
já comete adultério. O que interessa aqui é o desejo e ver de forma provocativa
a mulher. Pois revela mais a alma animalesca, a influência dos demônios. Desta
feita, segundo a Mishna e sábios, a nudez está em mais formas, como na voz da
mulher, nos seus cabelos e mesmo no dedinho do pé. Deste modo, sobre um sábio
que aconselhava jovens a se banhar no rio, foi questionado se ele não cometia
esse pecado. Ele então falou que para ele aquelas moças eram como patos. Desta
feita, o que é combatido na escritura é a má intenção, esse desejo cobiçoso
sobre a mulher, que a ofende – desde que não a peça em casamento. Por isso Salomão
falou dos cabelos, da voz da mulher, porque isso despertava o desejo, era a
nudez.
A
respeito das passagens a que não se chega à interpretação e a um consenso, os
sábios dizem que a isso o profeta Elias irá resolver. Podemos ver nisso que o
Messias (Mashiah) ou Cristo resolve,
e assim temos muitas respostas nos ensinos de Yeheshua (Jesus). Mas com relação ao que já temos um estudo, ótimo
que aproveitemos, e que devemos lembrar que Jesus sabia tanto quanto esses
sábios, uma vez testado na Sinagoga aos 12 anos. E nos 4 Evangelhos se vê muito
ensino talmúdico do mestre de Nazaré. Resta por fim observarmos a dimensão
mística e superior dessas passagens, e ver além da regra moral, uma regra
espiritual a que nos garante a vida eterna. Não desperdiçar a sabedoria nos
leva ao caminho da porta estreita, e nos deixa mais humildes.
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