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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Mateus em hebraico e diferenças com relação à versão grega



Mateus em hebraico e diferenças com relação à versão grega
 
“Eu, na verdade, vos batizo em água (nos dias, não fala água), na base do arrependimento(Teshuvah)”Mat 3:11
“Bem-aventurados os que choram (esperam), porque eles serão consolados”Mat. 5:4
“Não deis aos cães o que é santo (a carne sagrada), nem lanceis aos porcos as vossas pérolas” Mat 7:6
“Ou pensas tu que eu não poderia rogar a meu Pai (enfrentar meus inimigos), e que ele não me mandaria agora mesmo mais de doze legiões de anjos?” Mat 26:53
“E tendo cantado(retornaram) um hino, saíram para o Monte das Oliveiras”.
“Não está aqui, porque ressurgiu, como ele disse. Vinde, vede o lugar onde jazia (onde se levantou)” (Mat 28:6)

         O Evangelho de Mateus é de suma importância a doutrina cristã. Vemos porém que a versão que temos disponível em nossa Bíblias, está com certos erros de tradução, haja vista a dificuldade mesmo que traz a língua hebraica, por não ter antes vogais, o que depois foi suprido com certos sinais. Lendo uma obra de Judeus que aceitam Jesus como o messias, notei a profundidade e detalhismo que tratam o tema, através de um escrito chamado Toldot Yehosuah, onde tem-se a versão em hebraico do livro de Mateus (Matityah), onde se trata de uma série de termos usados pelas igrejas, que na verdade assim como os nomes, foram coisas helenizadas, como os nomes, e assim retirando a dimensão do sagrado que carregavam tais detalhes. 
       Primeiro a literatura sagrada se reveste de certos detalhes, como em expressões e jogos de palavras que usava Jesus, com até calculo numérico das letras, o que se perde ao traduzir. Também os nomes bíblicos têm significados, são a essência das pessoas, e mudar um Yohanan em João, altera muito o sentido das coisas. Com relação a antigo testamento, nem se fala, haja vista tradições de sabedoria serem focadas em um texto inalterável. A versão usada, dos 70, em muito deixa a desejar e temos hoje um material mais fiel no velho testamento também, ou seja, o Targum, que é uma versão em aramaico da Bíblia Hebraica. Mesmo Bíblia Hebraica em português já temos disponível, com texto mais puro e fiel ao original.
       Isso nos deixa perplexos quando vemos a doutrina de fé das igrejas, as quais muitas vezes se focam na versão literal das Escrituras, mas já usando de coisas corrompidas, seja por versão adulterada romana, seja por traduções simplificadas, como de Rei Jaime e outras. Mas com relação a Mateus, vemos algumas confusões na tradução de certas palavras hebraicas que muda todo o sentido. Falar por exemplo nas bem aventuranças, “Bem aventurados os que esperam”, dá um foco bem diferente a uso da fé com sentimentalismos, o que ocorre em muito em igrejas populares. E o batismo seria nos dias de Teshuvá, com toda a amplitude que o termo exige, o retorno a Deus, e não apenas um superficial arrependimento, como muitos acham, e nem meramente na água. Apesar de que a purificação na água ser doutrina judaica. Vemos assim uma manipulação para a defesa de uma doutrina, como de colocar quem não se banhou em água nesse ritual, como alguém sujeito ao inferno e outras bobagens. Já no capítulo 26, não fala em nenhum “rogar ao Pai”, mas sim em enfrentar inimigos, alterando completamente o sentido da passagem. E não dar aos cães a carne sagrada coloca mais realidade na frase, não sendo tão metafórica como se podia entender antes. 
       Fato é que em outras frases difíceis de entender do mestre Jesus, como em “amar os inimigos”, há jogos de palavras que somente com o conhecimento do hebraico se pode entender. Desta feita, existe um véu de compreensão aqueles que apenas usam da versão grega, e sua má tradução, contaminada por interesses de igrejas x, y, z. Interessante é que até mesmo nas novas denominações, se acaba por perceber sempre uma busca de uma verdade maior, ou alguma identidade especial. Vemos assim que os escritos do Novo Evangelho devem estar em sintonia com o antigo, uma vez que segue a sua tradição e mesmo as promessas do Antigo testamente se cumprem no novo. Mateus em hebraico fica mais enquadrado nesse contexto do que a versão grega.

domingo, 8 de dezembro de 2013

O Reino dos Céus e seu encontro místico



O Reino dos Céus e seu encontro místico
      
“Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus. Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que diz: Voz do que clama no deserto; Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas” (Mat. 3:2).
“O reino de Deus não vem com aparência exterior; nem dirão: Ei-lo aqui! ou: Eí-lo ali! pois o reino de Deus está dentro de vós”. (Luc. 17:20)
“Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3:3).

A principal doutrina de Yeheshua (Jesus) parece ter sido a doutrina do Reino. Chamada de diversas maneiras, o mestre usava de parábolas para se referir a mesma, haja vista a carga de mistério do ensinamento, e a reserva de sua declaração. Aos discípulos, porém falava abertamente, sem parábolas. Na Bíblia há muitas referências ao Reino, sendo que no judaísmo a cabala se refere como a esfera de Malkut, revelando o atributo do reinado de Deus. Muitas vezes confundido o termo com mero poder temporal, ou com poder de igreja x ou y, e assim por diante, até mesmo em confusões teológicas e sectárias, resta que o Reino não fica muito próximo, como o mestre nos havia ensinado. Confunde-se com a chegada do Apocalipse, ou com algum poder mundial, ou mesmo com simples metáfora ou figura de linguagem. Mas o Reino é em verdade um estado sublime e real.
Teremos assim de fazer umas considerações sobre o Reino. Primeiro que o seu encontro místico deve dar um estado tal, que nada mais importaria, nem dinheiro, nem posses e nem nada. Isso fica claro quando Yeheshua leva muitas lições de desprendimento (kenosis), e mesmo o seu exemplo leva a imitação nesse sentido. Logo o Reino não está próximo no tempo, mas sim no espaço. Está em nós mesmos, como lembrou Lucas. Também não se confunde com reino temporal, não que o messias não venha também nesse sentido, mas que governa antes a todos, interiormente. Já em muitos escritos meus falei de Cristo Interno, o qual independe de Igreja, governo do mundo, rei etc.
Para se chegar a esse Reino, além de imitar o que nos ensinou Nosso Senhor Jesus, se tem de ter uma dedicação e uma busca no caminho, que além de purificação, conversão e fé, exige por fim uma união com Deus, ou ao Pai, tão proclamada e lembrada na oração do “Pai Nosso”. Também o ritual da eucaristia, bem como experiências com o Espírito Santo, revelam essa proximidade, e mesmo o Reino que está próximo, e o compartilhar dessa realidade. Estudos meramente teológicos são limitados, e a simples ocorrência de curas ou milagres, ou de mera prosperidade material não garantem o Reino, apesar de que muitas igrejas se foquem apenas nesse sentido. Nem a tradição ou a instituição x ou y levará meramente por sua afiliação o estado do reino de Deus. A experiência é pessoal e íntima. 
Para tanto, alguns místicos encontraram o Reino dos Céus, ou melhor, tiveram a experiência deste. Assim não basta apenas estudar, ter fé, ou trabalhar. Se tem de ter o merecimento e saber que é “chagada a hora” e que se estará “unido ao Pai”, se terá retornado a “casa do Pai”. Esse encontro leva aquele amor que tanto pregou o mestre, incondicional, relativo ao coração, e não a concupiscência. Isso nos ensina principalmente a parábola do “Filho pródigo”, que se perde no mundo, mas que retorna ao Pai. Desta feita, o Reino já está próximo, e basta que retornemos ao mesmo, uma vez que o Pai não rejeita o filho. E além da fé e da razão, a principal ferramenta que leva a compreender o que se trata o Reino é a intuição, que nos inspira e une ao Espírito Santo, assim levando que entremos nessa “porta estreita”, que é a iniciação nos mistérios de Deus.  Esse é o kerygma (boa nova). Exige assim a purificação e a iluminação que decorre da união com o Pai, na imitação de Cristo e na sua presença interior.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Salmos interpretados pelo Talmud



Salmos interpretados pelo Talmude
 
“Estejam na sua garganta os altos louvores de Deus, e na sua mão espada de dois gumes” (Sal. 149:6)
“o Senhor abre os olhos aos cegos; o Senhor levanta os abatidos (encurvados)” (Sal. 146:8)
“Fizeste com que os homens cavalgassem sobre as nossas cabeças; passamos pelo fogo e pela água, mas nos trouxeste a um lugar de abundância”.(Sal. 66:12)
“Ele faz cessar as guerras (desolações) até os confins da terra; quebra o arco e corta a lança; queima os carros no fogo”. (Sal. 46:9)
“Minha oração, porém, sobe até vós, Senhor, na hora de vossa misericórdia (hora de aceitação), ó Deus.” (Sal. 69:14)

 
       O livro dos Salmos da Bíblia, em hebraico traduzido como “livro dos louvores”, e na Torá chamado Tehilin, nos leva a profundos ensinamentos. Assim se deve, para compreender seus meandros, estudar a cultura judaica e sua tradição oral. Para tanto, Moisés recebeu no monte Sinai as tábuas da Lei (Torá), os mandamentos, a Mishna, o Talmud e até mesmo o Zohar. Usar apenas da Torá escrita seria temeroso, e se deve assim buscar a opinião dos sábios, que perpetuaram aquela tradição oral que se reveste de suma importância para entender o que está escrito. Assim o salmo é especial a se louvar a Deus.
       Primeiro que os dois primeiros salmos são na verdade um só, segundo talmudistas. Porque começa e termina pela expressão “Bem aventurado”, sendo que ainda o segundo salmo seria uma referência a gentios e guerra de Gog e Magog. Indo para o aspecto místico, o salmo 91 e o 149, um referente aos 1000 e 10000, e outro a espada de dois gumes, se referem a mazikin, aos demônios, que são em maior número que os seres humanos. A espada de sois gumes é a oração Shemáh, recitada ao começar e terminar o dia. 
 
       No salmo 146 fala que o Senhor levanta os encurvados (mal traduzido para abatidos...), e assim nos leva a pensar em Nosso Senhor Jesus, na cura do coxo. Mas originariamente se referia a oração (onde se fica encurvado), do Shemáh noturno. No que tange a Salmo 66, o mesmo se refere a água e fogo, e que os sábios no Talmud veem como o julgamento da água e fogo, pois a face da pessoa envergonhada (pelo pecado) fica rubra (fogo) ou branca (água). Já no Salmo 46, quando se diz : “Ele faz cessar as desolações até os confins da terra”, não se deve ler desolações (Schamot), mas sim nomes (Shemot), pois o nome provoca as ações nas pessoas. Percebemos assim os nomes bíblicos com a chave de comportamento das pessoas, mesmo o que ocorre com estes. E no “nome” nesse salmo se refere as gerações de Noé, uma vez “Hen” é nome ao contrário. O nome revela o destino. 
       Com relação a Salmo 69, quando o mesmo fala na oração e hora da misericórdia, na verdade a tradução é “hora da aceitação” (Ratzon), sendo a hora que reza a congregação na sinagoga. Sobre as regras de comportamento na sinagoga, há um livro judaico chamado Shulkan Aruch, que trata isso em pormenores. Para a Presença Divina (Shekiná), se devem reunir pelo menos 10 pessoas em oração, segundo certos escritos. Apesar de que Jesus (Ieheshua) falou para não rezar-se como os hipócritas, que são aqueles que não se concentram na oração, e ainda falando para se trancar no quarto (do coração, interno etc). Vale que bendizer a Deus sempre é recomendado, e que Davi serve de exemplo nesse sentido. O livro dos salmos traz ainda muitos mistérios, e aqui no presente artigo ficaria muito extenso falar desses detalhes, mas é um livro profundamente místico. O livro do Zohar comenta sobre esse viés, mas já falei o bastante do tema em minha obra Comentários à Bíblia.