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domingo, 26 de junho de 2011

Os 144000 salvos do apocalipse no seu cap. 7 e a Cabala

Os 144000 salvos do Apocalipse no seu Cap. 7 e a Cabala


         E ouvi o número dos que foram assinalados com o selo, cento e quarenta e quatro mil de todas as tribos dos filhos de Israel: da tribo de Judá havia doze mil assinalados; da tribo de Rúben, doze mil; da tribo de Gade, doze mil; da tribo de Aser, doze mil; da tribo de Naftali, doze mil; da tribo de Manassés, doze mil;da tribo de Simeão, doze mil; da tribo de Levi, doze mil; da tribo de Issacar, doze mil; da tribo de Zabulom, doze mil; da tribo de José, doze mil; da tribo de Benjamim, doze mil assinalados. (Apo. 7:4-8)     


       Os textos do livro do Apocalipse ou Revelação Já fizeram muitas pessoas pensarem muito, ainda mais sem as chaves de interpretação, que tem de ser de acordo com as ciências antigas. Muitas igrejas entendem que entre seus membros estão os 144000 descritos para se salvar, como a Testemunhas de Jeová e a Adventista, bem como muitos Pentecostais e Neo-pentecostais ainda entendem que são um dos salvos aí descritos. Seria muito restritivo entender que apenas esse pequeno número será salvo, mas ninguém pode esquecer que com Noé foram apenas 8 pessoas! Mas existem mais de cem “Noés” pelo mundo, e muitos povos têm histórias semelhantes sobre o assunto. Contudo o nosso site propõe a dar as chaves cabalísticas sobre esse número, pois os próprios números em sistema hebraico se encontram lacrados ou selados nesse sistema, não em outro.
         Cito de início uma opinião de uma Rosacruz: “Dentro do conhecimento oculto há uma chave que encerra a solução deste simbólico versículo, de uma maneira muito lógica. Em hebraico, os valores numéricos são representados por letras. Assim, como neste idioma Adão é ADM, temos que o valor de A é 1, o de D, 4 e o de M,40. Eis aqui os 144.000. Se, por outro lado, somamos estes valores, temos como resultado 9, isto é, o número que representa a humanidade. Em outras palavras, o homem Adão, ou seja, toda a humanidade, será salvo. Ainda neste capítulo do Apocalipse está simbolizado o Zodíaco, com seus doze signos através dos quais a humanidade nasce e evolui, quando se lê que todos os filhos de Israel salvar-se-ão, sendo 12.000 de cada uma das doze tribos. (Símbolos Bíblicos a Luz da Rosa Cruz). Aqui encontramos uma chave além da cabalística-numérica, que se refere ao homem ou humanidade (=Adão), mas também uma astrológica. Adão soma 9, mas também outro número em Apocalipse, 666 (Apo. 13:18), não vai além de tal conceito 6+6+6=18, 1+8=9, número do homem novamente. Quanto as 12 tribos, não há na época talvez desse escrito apocalíptico uma ciência que não seja a astronomia a revelar o mistério desse número, pois são as doze constelações, ou o Zodíaco. Aqui se pensa que o 144 se refere a um grande ciclo em nosso Universo, como 12 x 12=144. Aqui leva a Israel celestial, ou as verdadeiras doze tribos a que são referidas no capítulo 7.
         Sobre esses números, bom é lembrar as lições do místico Westcott com seus estudo:
12. Tribus de Israel.
12. Apóstoles del Cordero (XXI. 14).
12. Puertas en la Nueva Jerusalém.
12. Ángeles para guardarlas (XXI. 12).
12. Fundamentos de los Muros de la Nueva Jerusalém.
12. Estrellas en la cabeza de la mujer (XII. 1).
12. Clases de fruto en el Árbol de la Vida (XXII. 2).
144. Codos, la altura de las murallas de la Nueva Jerusalém(XXI. 17). (Wynn Westcott)
         Aqui se repete o mistério do 12 novamente, com seus significados e várias passagem da Bíblia fazendo alusão a tal número. Cabe aqui lembrarmos de Pitágoras e seu sistema que parece ter traduzido essa linguagem, e lá os números são parte da Divindade, ou são caracteres demiúrgicos. Já no Apocalipse vemos um fim, algo como o fim de volta nessa espiral da existência da humanidade (Adão). Todos da humanidade estão sob as 12 constelações ou doze tribos, mesmo sobre os doze Apóstolos do mestre Jesus.
         Claro que os judeus se basearam também em doze deuses de outras nações, nessa inspiração e mesmo João com seu livro não fugiu dessa inspiração. Lembra assim Westcott que Heródoto: “Nos cuenta que los Egipcios fundaron el sistema de una Teología de Doce Dioses. Los Hebreos no cabe duda que en algún tiempo adoraron al Sol, la Luna, los Siete Planetas y los Doce Signos del Zodíaco. (Véase Reyes, XXIII-5 y Job, XXXVIII-32). Dunlop, en su obra «Vestigios», afirma que de los nombres de los 12 meses que usaban los Judíos, algunos son idénticos a los nombres de las Deidades, como Tammuth, Ab, Elul, Bul. Hay grupos de 12 Dioses en las regiones de muchas naciones antiguas, como los Caldeos, Etruscos, Mamertines, Romanos, etc. En Escandinavia, el Gran Odin tuvo 12 nombres o atributos personificados. Los Kabalistas dicen que las 12 permutaciones del Tetragrammaton, son: IHVH, VHIH, HIVH, HVIH, IHHV, IVHH, HVIH, VIHH, HHVI, HIVH, VHHI, HHIV. El Talmud dice: «Ninguna persona cuando muere deja de ocupar el corazón de sus deudos hasta los 12 meses»”(Los Números). Esse calendário de deuses nos lembra dos nossos sete dias da semana, referência a sete deuses como Mercúrio, Marte, Saturno,  etc, o que em espanhol fica bem bem claro: Segunda=Lunes, terça=Martes. O sistema é certamente egípcio, e Moisés nos trouxe essa herança mística e teológica, proveniente porvavelmente de alguma iniciação sua. Mesmo com Jetro deve ter recebido algum lição nesse sentido. A influência dos Caldeus aqui é clara também, e João não fugiu a regra. No livro cabalístico da Criação, Sepher Yetzirah, se fala em 12 letras simples, no hebraico. 
          A menudo, junto con este enfoque, se da la promoción de un movimiento cuyo eje puede ser una persona concreta-Ellen White de la Iglesia Adventista del Séptimo Día; José Smith de la Iglesia Mormona; Elder Parle de la secta coreana del Olivo; Diettich Bonhoeffer, el profeta del “Cristianismo sin religión.” (Teologia Contemporânea in www.4share.com, acesso em nov. 2010). Voltando ao número entendido de forma literal, e pessoas em tribos literais, nos leva a perguntar onde estão as 12 mil pessoas de cada tribo ali descrita? Aqui não faz a referência a uma tribo-igreja só, mas a 12, e assim sendo poderíamos pensar em 12 igrejas, não apenas na Testemunhas de Jeová, Adventista ou Mórmons (Igreja dos santos dos últimos dias), ou mesmo no entendimento citado de White, Smith etc. Mas sem as ciências antigas, se procurarão salvos em todos os lugares, surgem falsos profetas e se condenam bestas-demônios em governos, etc. Tudo isso é perigoso.
         Voltando a nossa linha, mística, Rosacruz e Martinista, citamos Saint Yves: “Este mismo término AthMa, en la Lengua angélica primordial, la de las Correspondencias de la Palabra del Verbo, es al mismo tiempo un Número: 1440. Este mismo número, en sonometría moderna, es el jerarca verbal del modo central cromático de mi, y en angélico el Arpa arcangélica solar de nuestro Sistema zodiacal. Multiplicado por 100, es el jerarca del Modo enarmónico de la Sabiduría divina. Es el Arpa de su Arcángel: Herm-es-Thoïth, Rafaël-Trismegisto; pero aquesto en el Mundo de Gloria, cuyo Sol viviente es el "Lumen de lumine" del Credo de san Atanasio y del Génesis de Moisés: Ha-OR. y, para que uno no pueda equivocarse ahi, san Juan (Apoc. VII, 4, 9,10 y XIV, 1, 2. 3. 6) lo hace sonar por 144.000 Arpas, y cantar por 144.000 Elegidos. El patrón de oro del Arqueómetro da su verificación sonométrica como el Arqueómetro mismo todas sus Correspondencias sagradas”(Saint Yves d' Alveindre– Arqueômetro).  Aqui adentramos na língua dos anjos e já em ideias cabalísticas presentes no Zohar, com referências a Hermes e Toth, divindades egípcias, ou anjos. Referência interessante a 144 mil arpas, bem como ao Verbo, o que nos leva a Cristo, novamente uma língua angelical, verbo demiúrgico, diferente das nossas palavras que muitas vezes são vazias. A chave também deve levar em conta tal enfoque onde o Logos participa do fim desse ciclo-espiral, e não se refere a um fim total, mas a entrada no Reino e salvação.  Assim a totalidade, mesmo um evangélico assim reconhecendo: “Tudo o que podemos dizer honestamente é que, se pelo contexto, os 144.000 parecem representar a igreja em sua totalidade, é uma interpretação apoiada pelos elos que parecem existir entre alguns de seus fatores (3,4 e 10) e certas idéias bíblicas básicas. (A Mensagem de Apocalipse: eu vi o céu aberto. Michael Wilcock, p.24)

Por fim, ainda nos resta uma lição de Jorge Adoum: “Também o número 144.000 representa aos deuses atômicos que estão concentrados no cérebro, dependentes dos doze líderes que regem as doze faculdades do Espírito, porque o líder maior tem sob suas ordens a doze líderes menores e cada um destes dirige a mil átomos construtores, os que se diferenciam em incontáveis força menores que no versículo 9 se acham com roupas brancas diante do trono”. (Rasgando Véus). Entendo assim que as chaves para tais escritos se encontra na Cabala, na Numerologia, na Astrologia e assim por diante, uma vez sendo ciências antigas mais de acordo com o pensamento dos que escreveram esses escritos. Semelhante é a escritos de alquimistas, onde não se compreendendo a linguagem daqueles, nada se consegue compreender. Assim a humanidade está salva, apesar de alguns por si mesmos (primeira ressurreição), e outros pelas coisas difíceis que os converterão (segunda ressurreição). No mais, simbologia cósmica e cabalística, nada de Reinos, Monstros, Guerras, Catástrofes etc.



Fontes
-Jorge Adoum – “Rasgando Véus: A Revelação do Apocalipse de São João”
-Zohar
-Sepher Yetzirah
            -Winn Westcott – “Los números: su oculto poder e místico significado”
        - Michael Wilcock – “A Mensagem de Apocalipse: eu vi o céu aberto”.
            - “Teologia Contemporânea” in www.4share.com, acesso em nov. 2010

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Eucaristia, Corpus Christi e Adão Kadmon


Eucaristia, Corpus Christi e Adão Kadmon




Palavras-chave: comunhão, igreja, corpo, eucaristia, homem, cabala, Novo Adão.


           
            Comemoramos essa data com grande fé e alegria, mas esquecemos de todo o simbolismo que envolve a data e até onde o cristianismo celebra o corpo de Cristo. Na Igreja Católica vemos grande alusão com a eucaristia, cerimônia que nos leva a última ceia do mestre com os apóstolos, na sua aparente sociedade secreta. O pão representando o corpo e o vinho, o sangue, que foi repartido na Igreja (espécie de corpo místico) e assim feita a comunhão sagrada. Essa nada mais é que a união com o Cósmico, que temos na meditação e encontro com Deus. O corpo representa um veículo de consciência, uma manifestação em algum plano ou dimensão. Mas entendo que esse corpo místico está além da igreja, além da cerimônia, está na dimensão Universal como Cristo Cósmico, o Reparador dos Mundos, espécie de Sol metafísico. Sendo o mestre um Novo Adão, assim é um novo diagrama da árvore da vida da cabala, o chamado Adão Kadmon, protótipo do universo e do homem. O homem é um pequeno universo, microcosmo. Mas vamos a diversas opiniões e fatos históricos, para depois retornarmos.
         A eucaristia teve de tal modo em certa época, que “A cerimônia que se revestiu de lendas, foi reformada no Concílio de Trento. ” (Teologia e liturgia dos sacramentos). Acabou aproximando o sacrifício da cruz. Já Santo Ambrósio disse: “Sabes, portanto, que o que recebes é o Corpo de Cristo. O qual na véspera da sua paixão tomou o pão em suas santas mãos. Antes da consagração é pão: mas logo que se acrescentam as palavras de Cristo é o seu corpo. Antes das palavras de Cristo o cálice contém vinho e água: mas logo que as palavras de Cristo tenham operado se faz ali o sangue de Cristo. Que redimiu o povo. Portanto não é em vão que tu dizes amém, confessando já em espírito que recebes o corpo de Cristo”. A cerimônia assim transformou o profano em sagrado, ou a presença de Cristo transformou o mundo e a carne (pão). É a palavra que opera essa transubstanciação, é o Verbo que se aproxima da “palavra perdida”, da “palavra de poder” de certas sociedades iniciáticas. Certamente, Jesus possuía a “Palavra”, e isso mesmo quem foi contra a sua obra o reconheceu (basta ver escrito Yeshua ben Pandira). Já Santo Agostinho disse: “Esse pão que vedes no altar, santificado pela palavra de Deus, é o corpo de Cristo. Este cálice, ou melhor, o que esse cálice contém, santificado pelas palavras de Deus, é o sangue de Cristo. ...E a seguir vem, entre as preces santas que haveis de ouvir, o fazer, por virtude da palavra, o corpo e o sangue de Cristo. Se prescindes da palavra, o pão é pão e o vinho é vinho. Acrescenta a palavra e é outra coisa. Que outra coisa? O corpo e o sangue de Cristo. Acrescenta a palavra e teremos o sacramento (Sermão 227 e 220)”. O mesmo a respeito da palavra ou Verbo.
         “A partir do século XI o acento recai sobre o culto à Eucaristia de tal maneira que no século XIII praticamente a única finalidade da eucaristia era ser vista e adorada. Neste contexto o sacrário ganha muito mais importância que o altar. Em lugar de dar preferência à celebração e dela decorrer a adoração o que se vê é o caminho inverso. O momento mais importante da missa acaba sendo a consagração em lugar da comunhão. Foi deste período que herdamos a festa de Corpus Christi com a respectiva procissão. Naturalmente isso veio em consequência das controvérsias medievais sobre a doutrina da presença real” (Teologia e liturgia dos sacramentos).  Por influências ainda de gnósticos, acredito que o simbolismo se exacerbou em seu poder, e que daí advieram festas e procissões. Isso surgiu talvez por comemorações anteriores, de cunho astrológico, em homenagem a signos de Virgem-Peixes, que estão relacionados a essa época. É o Cristo Solar crucificado em Virgem, e isso faz parte da dimensão mítica da tradição, que foi ainda herdada pela Igreja Romana via Império Romano. Mas talvez para não se entrar em choque com as manifestações populares anteriores. A natureza, ou o Cristo morre e ressuscita a cada Páscoa até agora, e assim se renova, revive o que parecia morto. Isso leva nove meses de prazo. Parece simbolizar a morte e a sua não ocorrência, como apenas uma transição para o Reino dos Céus, na ressurreição. O Sol isso manifesta, renascendo a cada manhã e parecendo morrer no inverno e renascer no verão.
         Já para Santo Tomás a “Eucaristia contém o próprio Cristo que se entrega à morte, ela é presencialização do sacrifício único de Cristo; é ao mesmo tempo comemoração da paixão de Cristo, sacramento prefigurativo da glória eterna e sinal eficaz da graça que nos concede. Os escolásticos fazem três importantes distinções na compreensão da Eucaristia:  Sacramentum tantum – pão e vinho, ações e palavras são o sinal externo; Sacramentum et res – o efeito é o corpo e o sangue de Cristo; Res tantum – a finalidade é a graça, a incorporação e a união com Cristo” (Teologia e Liturgia dos Sacramentos). Confunde-se um pouco com o que nos disse João a respeito do Verbo no início, que era Deus. Também parece que essa palavra precisa de ar, logo de sopro (espírito), para assim manifestar a vida nas coisas. Essa vida é o que torna estas coisas partes do corpo de Cristo, um corpo místico maior que a Igreja, sendo uma parte que sustenta cosmicamente a vida da Natureza. Sem o Cristo o inverno viria e todas as coisas morreriam. E o seu corpo deve assim ser ainda mais comemorado. A eucaristia ou outro rito nos sintoniza com esse mistério de Cristo, da comunhão com seu “corpo”.
         Contra o padres e cristãos em geral, “en los siglos XII y XIII hubo diversas sectas espirituallsticas que, por aborrecimiento a la organización visible de la Iglesia y por reviviscencia de algunas ideas gnósticomaniqueas, negaron el poder sacerdotal de consagrar y la presencia real (petrobrusianos, henricianos, cataros, albigenses)”. (Manual de teologia dogmática- p.276, Ludwig Ott). Mas já falamos que grande parte da simbologia vem desse meio gnóstico, e que a Igreja combateu e destruiu o que pode, apesar de eles possuírem chaves de interpretação mística de muitos assuntos dos Evangelhos. Nesse passo, a teosofia cristã e místicos como Böehme, Max Heindel e outros, entenderiam a situação de modo cósmico ou até como alegoria astronômica, com o Cristo Solar sacrificando seu corpo pelo mundo, pela manutenção da Natureza e da vida. Sacrifício que se manifesta no outono/inverno, nos signos negativos entre os doze do zodíaco. Também um cabalista cristão veria logo o corpo como um diagrama de Adão Kadmon, um arquétipo de todas as coisas que em Cristo se manifesta também em símbolo. O homem como imagem e semelhança não da queda, mas de uma regeneração em Cristo.
         Sabiamente entendeu o Papa Pio XII que “Mas o elemento essencial do culto deve ser o interno. É necessário, com efeito, viver sempre em Cristo, dedicar-se todo a ele, a fim de que nele, com ele e por ele, se dê glória ao Pai.”(Encíclica Mediator Dei). Assim um culto de cristo interno, quase na linha de Angelus Silesius. Enfim, o corpo místico de Jesus, como o relatado em evangelho apócrifo de Tomé:“Quem conheceu o mundo achou o corpo. Mas quem achou o corpo, desse tal não é digno o mundo”. Os Cristãos não são desse mundo. E Adão Kadmon, um Novo Adão que é Cristo, em seu corpo, prefigura esse Reino Vindouro de vida eterna.




Fontes


Teologia e Liturgia dos Sacramentos - Pe. Elcio Alberton
Manual de Teologia Dogmática - Ludwig Ott
Encíclica Mediator Dei -  Papa Pio XII
Cristianismo Rosacruz – Max Heindel
As Doutrinas Secretas de Jesus – Harvey Spencer Lewis
Cabala – Roland Goetschel


terça-feira, 14 de junho de 2011

Deteronômio e o dízimo

Deuteronômio e o dízimo


“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas”. (Mat. 23:23)



    O dízimo servia para o sustento dos pobres, das viúvas e seus filhos, bem como sacerdotes, não para o enriquecimento de sacerdotes ou ministros religiosos. Era prerrogativa da tribo de Levi, dos Levitas (sacerdotes). Assim a décima parte de colheita e animais, e devia-se a cada três anos. Então servia para dar à viúva, ao estrangeiro etc. Era uma contribuição com a obra de Deus antes de Cristo vir. Com Cristo Jesus não mais interessa a Lei para a carne, mas sim o Espírito Santo. “Também é certo que não temos nenhuma notícia que nos permita afirmar ter Jesus recebido o dízimo de seus seguidores. Ao que parece, a norma do dízimo não foi aplicada mais tarde, nem entre os judeu-cristãos, nem entre os cristãos pagãos” (Dicionário de Jesus e dos Evangelhos, p. 96). Desse modo, alguém que dá pouco com fé e devoção é melhor que aquele que dá muito e se arrepende.  Também as primícias eram reservadas ao Senhor. O mestre Jesus disse para ensinar o Evangelho e apenas aceitar o que nos oferecem. Não há aí o dever de coletar dízimo ou dinheiro dos fiéis. Muito pelo contrário, deve-se proclamar a Boa Nova e nada trazer consigo. Como o Cristo disse a um dos que queriam ser seu discípulos, ou seja, para vender tudo o que tem e dar aos pobres. Há aí a sabedoria do desapego. A própria Lei defende a caridade como um serviço essencial.
    Dízimo maior é o nosso progresso espiritual frente ao Pai. São os talentos (da parábola) que multiplicamos. É a boa árvore que devemos ser. O bom pastor. A boa ovelha. Para o Cósmico o amor é o verdadeiro dízimo. Não se pode servir a dois senhores (ao César do dinheiro e a Deus de amor). O dízimo não pode ser o bezerro de ouro (a divindade do dinheiro, da riqueza). Mas se deve ajudar o próximo quantas vezes? sete? Não, setenta vezes sete (infinitamente). Devemos acumular riquezas espirituais para dividir com a viúva (que se separou do Pai), de forma que retorne ao Pai. O Cristo pagou o maior dízimo, que é a remissão dos pecados, que foi a maior dívida do homem para com o Templo. O dízimo é uma semente que se plante, e, que cedo ou tarde trará bons frutos. Não se trata apenas de dinheiro a religião de que se é membro, mas de amor ao próximo em atos de caridade, tanto ao amigo como ao inimigo (pois todo ser é puro em sua origem, e, ninguém é necessariamente inimigo). 
    Contudo Jesus não cobrava dízimo, haja vista não ter sido descendente da tribo de Levi. Falou aos seus Apóstolos para pregar e nada pedir além de abrigo e comida: “E chamou a si os doze, e começou a enviá-los a dois e dois, e dava-lhes poder sobre os espíritos imundos;  ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, senão apenas um bordão; nem pão, nem alforje, nem dinheiro no cinto;  mas que fossem calçados de sandálias, e que não vestissem duas túnicas.  Dizia-lhes mais: Onde quer que entrardes numa casa, ficai nela até sairdes daquele lugar.  E se qualquer lugar não vos receber, nem os homens vos ouvirem, saindo dali, sacudi o pó que estiver debaixo dos vossos pés, em testemunho conta eles.  Então saíram e pregaram que todos se arrependessem;  e expulsavam muitos demônios, e ungiam muitos enfermos com óleo, e os curavam.” (Mat. 6:13) O que se percebe é que se pregava o Evangelho em troca de abrigo e comida, apenas. Verdadeiro dízimo é a caridade, o amor ao próximo e a Deus. Antes representa a Justiça.
    Mas ainda há quem tenha dado tudo pela Obra de Cristo: “Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um.  E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração,  louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos. (Atos 2:44-47). Já segundo Macedo, “a árvore proibida, no paraíso, representava o dízimo, isto é, a parte de Deus na qual o homem não podia sequer tocar, embora pudesse regá-la e fazê-la crescer”(p.99, 100). Mas isso não falou Jesus. A Igreja passou a usar de influências do judaísmo, mas entre os Apóstolos mesmo não vemos essa prática. Deste modo, Jesus não condenou o recebimento de dízimo, que em Mat 23:23 faz crítica ao mesmo, ainda por não o obrigar. Entre presbíteros eram selecionados os de maior virtude, então sem nenhuma ganância ou vontade de enriquecer. E o mestre Jesus também disse para dar tudo aos pobres, pegar a cruz e segui-lo, não dar a um templo ou igreja.
    A contribuição com a Igreja deveria ser voluntária, e não se chamando esta de dízimo, uma vez que não se tratam de Levitas que vão a receber. Nesse sentido John Wycliffe (1324-1383), teólogo e eclesiástico, precursor inglês da Reforma Protestante condenou a riqueza do clero e defendeu a abolição do dízimo: para ele, a Igreja deveria se manter com as doações voluntárias. Mesmo meu amigo filósofo Cléverson Israel Minikovsky faz uma crítica em sua Summa Philosophica: “Tese de n° 03.126: O que efetivamente é mencionado pela Bíblia é o dízimo e até o dia de hoje, na Igreja Católica, as intenções representam expressiva importância econômica, fato que se afigura não só como apropriação indevida de riqueza, mas como tese infundada que vislumbra a possibilidade de mudar o destino de alguém mesmo após sua morte, anulando o sacrifício de Cristo na cruz com a ideia de purgatório”. O dízimo é da carne, e a carne não herda o Reino dos Céus. Não se deve agir, por conclusão, como os fariseus e escribas a que criticou Cristo. Por fim ensinou Saint Martin: “O homem é o dizimo do Senhor”.




Fontes

Mat. 6:13

Atos 2:44-47

Mat. 23:23

Cléverson Israel Minikovsky – Summa Philosophica

Louis Claude de Saint Martin – O Homem de Desejo


César Vidal Manzanares - Dicionário de Jesus e dos Evangelhos

Alexandre e Analete Quintanilha – Chave Bíblica

CRIVELLA, 501 Pensamentos do Bispo Macedo, pp. 99-100 in A Teologia da Prosperidade, de Edson Poujeaux Gonçalves.


domingo, 5 de junho de 2011

Os Mistérios em Jó e a provação

Os Mistérios em Jó e a provação




7 Ele estende o norte sobre o vazio; suspende a terra sobre o nada.8 Prende as águas em suas densas nuvens, e a nuvem não se rasga debaixo delas.9 Encobre a face do seu trono, e sobre ele estende a sua nuvem.10 Marcou um limite circular sobre a superfície das águas, onde a luz e as trevas se confinam. 11 As colunas do céu tremem, e se espantam da sua ameaça” (Jó 26: 7-11).


Não foi certamente a troco de nada que Jó creu em Deus. A tentação de Jó foi semelhante a tentação que Jesus teve nos quarenta dias. Quarenta dias aí é um sentido simbólico ou místico. Satanás (o inimigo e deus Caldeu) é o mesmo, tanto em Jó, quanto ao tempo de Jesus. É sempre o egoísmo, o vício, a loucura e tudo o mais que afasta a humanidade de Deus. Não se trata apenas de doenças. Uma vida de prazeres pode também ser prejudicial ao espírito, quando há excesso.  Outrossim, o sofrimento pode ser uma prova, uma expiação para a vida do crente. Momentos de descrença existem no humano, que se engana em ilusões, de forma a perder sua perfeição.  Mas existe uma energia negativa, algo exterior ao homem – porém inferior. O mal não é, enquanto o bem é. O humano é um universo em miniatura e com fé ele pode dizer que algo aconteça a esse algo e acontece. A lição com Jó é que as coisas ruins podem acontecer para que nos aproximemos de Deus. Mas ainda há uma lição dos mistérios, de ocultismo a que Jó nos revela no Capítulo 26. Fala sobre “as águas” que que são o caos e o vazio, Tohu e Tofu dos cabalistas hebreus, que são relatados no livro do Zohar. Esse é o chamado “Caos”, que existiu antes do Deus criador, do Demiurgo. Pois o Espírito Dele pairava sobre a face dessas “águas” (a face era Ele mesmo e o reflexo a sua Mente), que são na verdade o Éter dos antigos, o que nós podemos relacionar com o Inominado antes de tudo, o chamado pelos místicos judeus de Ein Sof, Nada Infinito. Luz e trevas existem na Lua, e a referência a esse mistério é a lua, uma vez o calendário judaico um calendário lunar. Na Bíblia Católica (Ave Maria) o versículo 9 diz “Vela a face da Lua”. Os mistérios solares estão mais em Abraão, com seus doze filhos (Zodíaco, 12 letras simples etc) e com Salomão, e seu templo universal, até mesmo o tabernáculo de Moisés, além de Jesus e 12 apóstolos. Assim, com o Ein Sof surge o Logos (Cristo Cósmico) que cria todas as coisas, e como nos diz João, “e o Verbo era Deus”, isso pelas águas (batismo ou geração por Maria/Maia/Mar/águas metafísicas, ou Biná da árvore cabalística). Ademais, sem falar na serpente da eternidade, na luz astral, que também tem relação íntima com as águas, éter ou luz astral, e por isso citada no livro do Início (Bereshit em hebraico é “no início”), pois era nessas águas que o Espírito de Deus planava antes da Criação. O que se deve perceber com Jó é que a vida está cheia de lições, e, que mesmo na dificuldade não se há motivo para se afastar de Deus. Assim, não há mal sem resolução ou doença sem cura, contrariamente ao que pensa a nossa ciência. A fé de Jó o salvou de todos os males que padeceu, dando possibilidade deste viver uma nova vida (palingênese). Semelhante ao arcano da roda da fortuna, este se viu em altos e baixos, ou mais baixos que altos, mas nunca perdeu a fé em algo melhor, nunca foi vencido pelo inimigo (Shatan/barreira). Como disse um teólogo da IURD, Edson Poujeaux de Andrade “o Mal é fruto do encosto que atrapalha a sua vida, em especial a financeira, que consideram um sinal de bênção”. Mas este inimigo serviu também ao Senhor, para ver provado o homem. Semelhante a parábola dos talentos, onde foi elogiado quem os multiplicou.  Foi também a vitória sobre as trevas espirituais (representadas na natureza pelo outono e inverno) e a vitória da luz do verão. Assim, o Cristo nasce no inverno (hemisfério norte), salvando todas as coisas da extinção final, revelado pela luz da estrela no céu, pelos magos do oriente e seus presentes espirituais. Nasce assim o Cristo que salvou Jó, que é todo o homem sobre prova. Semelhante ao filho pródigo, todos podem voltar ao pai e serem recebidos com festa. E Jó nos mostra também que os Mistérios atravessam toda a história e estão ainda na Bíblia.

Fontes

Edson Poujeaux de Andrade – A teologia da prosperidade

Helena Petrovna Blavatsky - A Doutrina Secreta (vol. II)

Stanislas de Guaita – A serpente do Gênese

Simão ben Johai - Zohar

Bíblia – Jó 26: 9-11 e Gênesis 1:2