PARÁBOLAS
DE JESUS SOB PONTO DE VISTA MÍSTICO E O HINO DA PÉROLA
“E
disse outra vez: A que compararei o reino de Deus? É semelhante ao
fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de
farinha, até ficar toda ela levedada”. (Luc. 13:20)
“Disse-lhe
o filho: Pai, pequei conta o céu e diante de ti; já não sou digno
de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei
depressa a melhor roupa, e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e
alparcas nos pés; trazei também o bezerro, cevado e matai-o;
comamos, e regozijemo-nos” (Luc. 15: 11)
“Outrossim,
o reino dos céus é semelhante a um negociante que buscava boas
pérolas; e encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo
quanto tinha, e a comprou”. (Mat. 13:45)
“O
que recebera cinco talentos foi imediatamente negociar com eles, e
ganhou outros cinco; da mesma sorte, o que recebera dois ganhou
outros dois; mas o que recebera um foi e cavou na terra e escondeu o
dinheiro do seu senhor”. (Mat. 25:14)
Vimos
já alguma coisa a respeito da parábola da semente de mostarda e
outras relacionadas. Também percebemos que eles falam na maioria do
Reino, e que assim nos dão o caminho de saberes elevados místicos
de Jesus, e que aos discípulos ele falava sem parábolas. Era assim
um código da iniciação cristã para se manter esse elevado saber
longe de homens de má-fé, ou dos “cães”, “porcos” etc.
Aqui veremos que há mais ensinamentos e que há uma tradição oral
por trás desses conhecimentos, o que em muito foi já descoberto nos
manuscritos do Mar Morto, e nos evangelhos lá encontrados. Também a
tradição oral está em ordens monásticas e de cavalaria, e ainda
em ensinamentos como o da cabala e o da gnose, que foram tratados de
heréticos, por questão política.
Comecemos
pela parábola do fermento. Esse é assim a essência espiritual que
transforma as coisas materiais, representadas pela farinha. Assim a
personalidade é transformada, ou encontra o arrependimento
(metanoia), passando pelas três medidas, ou seja, pelos corpos
físico, emocional e mental. Em outros evangelhos, como em certos
apócrifos (Pistis Sophia, Valentiano, Hino da Pérola etc) se fala
em “vestes”, que é o mesmo que esses corpos ou medidas da
parábola. Lembramos do ruah
dos hebreus e de doutrinas do sopro, pneumáticas. Assim com o
fermento se cresce até a plena consciência, a de Cristo.
Já
na parábola do filho pródigo, há uma crença cristã essencial,
que a do Retorno a Casa do Pai, que aqui se trata do Criador, e não
de um simples senhor rico ou proprietário de muitas coisas
materiais. Não se trata de teologia da prosperidade. Mas sim de um
retorno ao modo espiritual mais elevado, essa consciência de Cristo,
ou do Logos do universo. A herança se refere a poderes espirituais,
e o país distante é o mundo da personalidade ou ego, que está mais
centrada em Satanás, nos interesses a maldades desse mundo. Os
porcos simbolizam as forças materiais grosseiras, os instintos e
desejos baixos, que se faz pecar. As cascas são as vestes físicas
ou materialistas que são temporárias. Voltar ao pai é pelo caminho
do discipulado, superando a ilusão da separação e dualidade. Por
fim encontra a unidade com o Pai, como Cristo que falou que é um com
o Pai. A melhor veste se refere a um corpo glorioso, que não morre
ou entra em decomposição. Uma veste de luz, descrita em outros
texto místicos sobre Jesus. O anel dado a ele é um símbolo da
eternidade, do ciclo. O irmão mais velho com raiva é o profano ou
aquele velho eu do Ego (Satanás), sem o propósito espiritual. E
como explica o Hino da Pérola: “Sem me lembrar de seu esplendor,
pois a havia deixado na Casa de meu Pai na minha infância, ao vê-la,
imediatamente a Veste pareceu-me como a imagem de mim mesmo”.
Sobre
a parábola do negociante e as pérolas, este se explica no Hino da
Pérola, escrito apócrifo que trata desse verdadeiro tesouro
espiritual. Para tanto, simboliza a gnose ou conhecimento espiritual.
Isso leva a se encontrar a veste de luz, e o campo simboliza o
interior do homem. O livro do Hino da Pérola fala: “Apoderei-me,
então, da pérola e parti em direção à casa de meu Pai. Retirei
as vestimentas sujas e impuras, deixando-as em seu país de origem.
Dirigi-me para o caminho pelo qual havia vindo, a estrada que leva à
Luz de nossa casa, o Oriente”. E refere-se a esfera cabalística de
Tiphereth, onde os
seres de luz se misturam, e que gnósticos chama de determinado Eon.
Essa gnose é um tesouro, e esse tesouro se refere a alma, a sua
salvação. Não a acúmulo material dese mundo, e teologia da
prosperidade. Por isso que Jesus falava para largar tudo e seguir,
entregar todos os bens aos mendigos. Pois nada se compara ao tesouro
espiritual e sua busca, a volta a casa do Pai e a consciência de
Cristo. Já falamos que o Hino da Pérola é tão prestigiado, que se
encontra no canon da Igreja Ortodoxa Cristã Etíope, que não
aceitou concílios políticos da Igreja.
Já
sobre a parábola dos talentos, devemos ter em conta não apenas
aproveitar melhor o que Deus nos deu, como a sabedoria, que deveria
ser usada para o Senhor e evitando qualquer pecado. O valor do
talento, segundo Dake, é 79.220 dólares. Então não se refere a
uma quantia pequena. O valor que Deus nos dá é assim muito grande,
e representa muito trabalho. E quando o Senhor dá mais talentos, é
sinal que já foram aproveitados em existências passadas, lembrando
a doutrina de Gighul judaica. Por isso que os patriarcas ganham tanta
importância, e que sua boa obra é sempre lembrada. A oportunidade
que temos em uma vida e não aproveitamos, a exemplo do servo que
recebeu um talento e enterrou, mostra que trabalhamos contra nós
mesmos e contra a nossa alma. E a riqueza para o Senhor é a
espiritual, aquela dos santos e justos. Pois a quem muito é dado,
muito será cobrado. As lições de Jesus se repetem em vários
escritos e evangelhos, nesse sentido. Assim, o discípulo que tem
muitas virtudes, deve retornar mais ao Senhor. Assim seguir o caminho
espiritual que leva a vida uma com o Pai, no retorno a Sua casa.
tu cree na reencarnação entao?
ResponderExcluirSIM . DA FORMA JUDAICA.
ResponderExcluirSIM.
ResponderExcluirGostei muito do texto. Decodifica bem os ensinamentos.Contudo, permita-me: possui uma distinção enorme enorme em sua ordem - Ide, ego, e superego. Pode se dizer que entre uma e outra, conduz um abismo enorme. Contudo, o melhor no texto ao invés de ego, seria melhor superego. Neste ponto, o guerreiro já não vive pela espada. Ela tornar-se a outra face.
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