Paulo
e o conhecimento dos mistérios na iniciação cristã
“Quando se achou só, os que estavam ao redor dele, com os doze,
interrogaram-no acerca da parábola. E ele lhes disse: A vós é confiado o
mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se lhes diz por
parábolas” (Marc. 4:10-11)
“Porque todos quantos fostes batizados em Cristo vos revestistes
de Cristo” (Gal. 3: 27).
“Por isso daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne;
e, ainda que tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não
o conhecemos desse modo” II Cor. 5:16).
“como pela revelação me foi manifestado o mistério,
conforme acima em poucas palavras vos escrevi” (Efe. 3:3)
“Da mesma forma os diáconos sejam sérios, não de língua dobre,
não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância, guardando o
mistério da fé numa consciência pura” (I Tim. 1: 18).
“Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que
estão no céu fossem purificadas com tais sacrifícios, mas as próprias
coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes. Pois Cristo não
entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, mas no
próprio céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus”. (Heb.
IX:23)
Paulo revela através de suas cartas
uma grande sabedoria, esta provinda diretamente de Cristo Jesus e de forma
real, mesmo que por um iniciador (que fez imposição de mãos), sem parábolas, o
que constitui a doutrina secreta dos mistérios. A escola dos mistérios existiu
em diversas partes do mundo, e no cristianismo também teve este seu próprio
mistério. No conselho que dá Paulo na primeira carta a Timóteo, vê-se bem que
entre aqueles iniciados (“diáconos”) e que estes tenham comportamento de
virtudes, não se entregando ao vinho ou ganância, e em especial, guardando o
mistério.
Assim aos que não eram iniciados no
mistério de Cristo, este eram chamados de “cães”. Por isso da alegoria de não
se deixar aos cães migalhas de pão. Por isso de se ensinar sobre o mistério do
Reino por parábolas ao povo, e aos discípulos em particular, os apóstolos, se
ensinar sem parábolas. Isso se nota nos evangelhos apócrifo, sem as mudanças
operadas pelas igrejas e concílios. Assim os recém iniciados eram chamados de
criançinhas (não se trata de sentido literal...) e os já revestidos de Cristo
eram chamados de “perfeitos”. Paulo mostrava isso tudo claramente em suas
cartas, e de modo algum queria apenas pregar a massas em troca de dízimo,
prestava antes pela qualidade que pela quantidade.
Estar assim com Cristo está muito
além de apenas conviver com o homem Jesus ou com meramente seus ensinamentos. Na
verdade é estar junto a Cristo, com o Cristo interno e vivo, transformado em
uma nova criatura, como um verdadeiro iniciado ou até mesmo adepto,
representando as virtudes e sendo por dentro e por fora um seguidor de Cristo,
batizado na água e batizado no fogo. Assim vivendo em si o que viveu Cristo
Jesus, não sendo mais desse mundo, como são os profanos. Por isso das
experiências místicas de Paulo, de ele ter entrado no terceiro céu e compreender
aqueles mundos dos anjos e demônios, e mesmo do Reino dos Céus, ensinado por
Jesus, sem parábolas, através de um iniciador. Por isso do próprio Paulo não se
focar mais tanto na carne, ou no plano físico, haja vista sua compreensão desse
mistério do Reino dos Céus, e do seu Reino Interno.
E Cristo bem como todos os profetas,
mesmo personagens bíblicos representam algo maior, por analogia, e esse algo
maior é o céu, seus governantes celestes (anjos, arcanjos, potestades, astros,
satélites etc), e assim revela o sacrifício de muito mais do que animais desse
mundo ou do físico, mas se constitui em um tabernáculo celestial, naquilo que
os hebreus já conheciam por sua cabala, ou no “sacerdócio segundo Melquisedeque”.
Por isso ele fala de tal modo com Nicodemus, porque por regra este último deveria
conhecer esses mistérios. Apesar de que a nova aliança parecia restaurar a
antiga naquilo que este tinha de mais elevado, ou seja, em sua mística. E assim
Paulo é claro em muitas de suas cartas, e mesmo nos Atos, manifestando uma
verdadeira transformação do iniciado cristão. E Cristo não é mais conhecido
apenas como da carne, mas sim como Cristo Interno e Cósmico, restaurador dos
mundos e Juiz das potestades, pelo tesouro do Reino.
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