Detalhes
em livros de Números e Deuteronômio de acordo com versões bíblicas
“E
Balaão foi com Balaque, e chegaram a Quiriate-Huzote”. (Num. 22:39
– Almeida)
“E
Bilam foi com Balac, e chegaram a cidade de seus mistérios” ou “na
cidade de suas visões”. (idem – Bíblia Aramaico, Targum
Onkelos)
“E
fora da cidade medireis para o lado oriental dois mil côvados, para
o lado meridional dois mil côvados, para o lado ocidental dois mil
côvados, e para o lado setentrional dois mil côvados; e a cidade
estará no meio”. (Números 35:5 – Almeida)
“e
derrubareis os seus altares, quebrareis as suas colunas, queimareis a
fogo os seus aserins, abatereis as imagens esculpidas dos seus
deuses e apagareis o seu nome daquele lugar”. (Deut. 12:3 –
Almeida)
“e
suas árvores idolatradas (Asherá)” (idem, Bíblia Hebraica)
“romper
suas estátuas, e queimar seus bosques” (idem, Targum Onkelos)
“Quando
teu irmão, filho da tua mãe, ou teu filho, ou tua filha, ou a
mulher do teu seio” (Deut. 13:6 - Almeida)
“a
mulher de tua afeição” (Bíblia Hebraica)
“a
mulher de teu amor” “a mulher de teu pacto” (Bíblia Aramaico,
Targum Onkelos)
Vemos
na leitura de diferentes versões da Bíblia, que encontramos
detalhes curiosos. As línguas têm essa limitação, e cada cultura
vê algo ao seu modo. Um amigo fez pesquisa em diversas bíblias, de
diferentes línguas, e percebeu grandes discrepâncias. Em especial
numa Bíblia africana, onde certos termos não existem. Assim vemos
mesmo nas mais originais, como nos Targuns, algo que pelo não
entendimento da língua hebraica por alguns, fazia com que restasse
um comentário e uma versão mais acessível, o que atualmente vemos
em traduções como na “Linguagem de Hoje” e outras. Isso nos
mostra também que existe uma segurança através da tradição oral,
através do que restou dos comentários dos sábios e exegetas. Resta
porém que se tenha a intuição de perceber o contexto e a
finalidade dessa hermenêutica.
De
interesse vi na passagem sobre Balaão e Balaque, onde se fala da
cidade onde foram. Fato é que no normal se descreve o nome da
cidade, mas nas versões de targum, percebe-se que se fala em cidade
de seus mistérios, ou mesmo cidade de suas visões, o que mostra os
dons de vidência de Balaão. Também se fala na cidade de seu
território. Fato é que as traduções deveriam levar em conta esses
detalhes, e ao menos mostrar algum comentário, não desperdiçando a
experiência dessa versão Aramaica. Fato é que esses detalhes se
complementam, e fazem com que possamos compreender de modo mais amplo
alguma passagem da Sagrada Escritura.
Já
numa passagem em Deuteronômio referente aos ídolos Asherás, fato é
que as diferentes versões nos mostram detalhes desse culto, como a
questão de árvores e bosques, o que no paganismo era comum, sendo
até a própria árvore divinizada ou cultuada. Disso fica um exemplo
a árvore de Odin, se assemelhando a esses ídolos. A versão
aramaica assim complementa essa característica, e nos faz
compreender lacunas, que apenas com comentários se podem clarear. As
imagens esculpidas vão de encontro ao mandamento de não as cultuar,
e não ter outros deuses. Isso também está na bíblia no que se
refere a Belzebul, e mesmo nos Baals e nos “lugares altos”, que
não sejam para Yahu (IHVH).
Também
em Deuteronômio se fala em parentes ou amigos seduzirem a outros
deuses, ou idolatria, se coloca detalhe especial na mulher ou esposa.
A versão normal fala mulher de teu seio, mas as versões outras
colocam mais romantismo na passagem. A hebraica fala em mulher de tua
afeição, e a versão aramaica fala em mulher de teu pacto, ou
mulher de teu amor. Mais uma vez isso demonstra comentários e
detalhes que se somam, e que colocam certa ênfase no texto,
encorporando alguma hermenêutica. A regra contra quem levasse a
idolatria era a morte para o mesmo.
Já
no livro de números de fala em 2000 côvados, referindo-se sim a
subúrbio da cidade. Nesse sentido explica Maimônides diz que pela
lei tem de ser de 3000 côvados para todos os lados, desde o muro da
cidade até o exterior. Esses 2000 côvados seriam em verdade para os
campos e vinhedos, que se medem sem os subúrbios. A medida do côvado
é em torno de 45 centímetros, que é na verdade a medida da
distância do cotovelo até a ponta do dedo médio. Fala-se em também
dois palmos. Em Ezequiel se coloca 52 centímetros. Vale por fim que
desses detalhes que compreendemos melhor as Escrituras, e que isso
envolve toda uma cultura.
Como é bom ler seus textos bíblicos um aprendizado pra mim.
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