“Porque
se Deus não poupou a anjos quando pecaram, mas lançou-os no
inferno, e os entregou aos abismos da escuridão, reservando-os para
o juízo” (II Ped 2:4)
“aos
anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria
habitação, ele os tem reservado em prisões eternas na escuridão
para o juízo do grande dia” (Jud 1:6)
“Jacó
também seguiu o seu caminho; e encontraram-no os anjos de Deus.
Quando Jacó os viu, disse: Este é o exército de Deus. E chamou
àquele lugar Maanaim.” (Gên 32:1-2)
“Eis
que Deus não confia nos seus servos, e até a seus anjos atribui
loucura” (Jó 4:18)
“Vós
tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai;
ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade,
porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que
lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira” (Jo 8:45).
Lendo
“A Cidade de Deus” de Agostinho de Hipona, percebe-se a grande
atenção que se dá em alguns capítulos aos anjos, seja aos bons,
seja aos maus. Interessante detalhes sobre os
anjos, pois estes percebem Deus em si, a Criação em si, diferente
dos homens, que ficam apenas repetindo por Escrituras e imaginação
o que vem a ser essas coisas sagradas, mas que estão os anjos
próximos a Deus. Assim em Gênesis se vê Moisés falar que eles são
exército de Deus, e ainda com a analogia da escada de Jacó. Essa
escada de Jacó pode ser um símbolo que conversa com a árvore da
vida da cabala, e assim cada degrau ou esfera (sefira) revela uma
ordem ou algum anjo ministro.
A
felicidade dos anjos está na sua proximidade de Deus, segundo
Agostinho. “De maneira alguma e em tempo algum, os espíritos a que
chamamos anjos começaram por ser trevas” (vol 2, p. 43). Pois os
anjos foram criados na luz, e estavam perto de Deus. Mas como livro
de Judas fala, alguns não guardaram o seu principado. Essa parece
ter sido a queda de 1/3 dos anjos, que na verdade é as constelações
negativas, o que certas ordens de anjos se representam por rodas,
assim descritas em Ezequiel, e também representados por certos
animais ou bestas (os haiot), estes
descritos bastante na cabala, no livro de Zohar, ao comentar a Torá
(parte inicial da Bíblia). E esses anjos ajudaram e ajudam na
Criação, de modo que vemos emanações do Eterno.
Mas
se o diabo sendo um anjo caído (Samael ou Lúcifer), como ele peca
desde o princípio? Aqui se tem de ver em qual princípio. Claro que
fala da Criação, mas no momento do mundo e do homem, e não do
período pré-adâmico. Se esse anjo se desviou, foi antes de Adão,
assim antes da Criação ou “princípio”, nos céus. Antes do
mundo ou planeta Terra, existiam os céus. O princípio aqui é algo
após a criação dos anjos (ou emanação), e a criação de Adão.
Também há místicos que diferenciam o diabo (o ego interno do
homem, alma animalesca), de Samael ou Lúcifer, que seria
representado pela serpente do Éden (Gan-eden).
Provavelmente quando Jesus falava que alguém estava com o diabo,
muitas vezes ainda falava de espíritos menores, não do próprio
Satanás, e esses sim, desde o princípio perturbam o homem e o fazem
pecar. São as qliphot
ou conchas, que ocultam a luz. Assim os anjos do abismo, não se
confundindo com os anjos felizes que estão com Deus.
Mas
como lembra Agostinho, “foram criados e não se confundem com seu
Criador” (p.66) . Então são algo além, de mera teofania. Eles
são seres racionais, apesar de nem sempre ter a sabedoria. Mas eles
conhecem Deus e todas as coisas em si, ou através do Verbo (Logos),
diferente dos homens, que apenas buscam muitas vezes pela oração,
escrituras, imaginação, sentidos ilusórios etc. Os anjos não
compreendem Deus por palavras sonoras, mas sim pela verdade imutável
do Verbo. Mas Deus os fez na luz, e não os fez no pecado ou pecando
desde a Criação, mas uns pecaram no “princípio”, simbolizados
por constelações de energias de pouca luz, ou a queda. E são seres
que seguem regras. Os anjos caídos já nem sempre podem ser chamados
de anjos, mas já habitam uma zona inferior e são daemons.
PARABÉNS MARIANO SOLTYS PELO CRIATIVO TEXTO BÍBLICO.
ResponderExcluir