Sobre
a proibição de imagem dos servos de Deus, sobre graduação de egos
e benevolência de Deus, do mundo superior, conforme a cabala e
tradição oral
“Não farás para ti
imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem
em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra”. (Ex. 20:4)
“Não fareis outros
deuses comigo; deuses de prata, ou deuses de ouro, não os fareis
para vós”. (Ex. 20:23)
“se for o sacerdote
ungido que pecar, assim tornando o povo culpado, oferecerá ao
Senhor, pelo pecado que cometeu, um novilho sem defeito como oferta
pelo pecado”. (Lev. 4:3)
“Mas é de eternidade
a eternidade a benignidade do Senhor sobre aqueles que o temem, e a
sua justiça sobre os filhos dos filhos” (Sal. 103:17)
“a benevolência de
D'us passando de mundos superiores ao mundo inferior sobre aqueles
que O temem” (idem, Tanya)
Hoje
falaremos sobre temas como o uso de imagem, sobre a bondade der Deus,
e sobre a graduação de egos, no que se refere a sacrifício pelos
pecados cometidos. Vimos ao longo da história sobre diversas
doutrinas e teorias sobre essas passagens bíblicas, mas muitas vezes
sem se observar os mundos superiores ou espirituais. Geralmente se
preocupa com a visão moral e apenas o mundo material. Sem sentido em
muitos casos, uma vez que não mais temos o costume de certos
sacrifícios, e nem nosso mundo vive sem as “imagens”, seja de
nós mesmos ou de muitas coisas, incluindo personagens bíblicos e
filmes. Também o Salmo 103 explica algo a mais
do que apenas o tempo, mas se refere aos mundos superiores. Fato é
que a cabala, bem como a tradição oral nos dão respostas a tudo
isso.
Uma
heresia referida pelo Talmud é a de Betusianos, que apenas
acreditavam no que está escrito, na Torá escrita. Por outro lado,
vemos que o texto por si gera muitas confusões. Já expliquei sobre
isso em meu livro “Bíblia e Tradição Oral”, pois há uma
necessidade de se saber a linguagem das raízes (espirituais). Assim
vieram os sábios e os cabalistas, que revelaram a luz do Criador e a
receberam, sendo isso revelado em momentos históricos mais recentes,
após o ARI, Isaac Luria, e mesmo antes pelo Zohar, e que depois o
foi ainda mais por Baal HaSulam, e mais atualmente por Michael
Laitman.
Na
lição do Rab Laitman, a
referência ao Levítico 4:3 e seguintes, se refere a gradação de
desejos e de egos. Assim o pecado do sacerdote e assim de outras
pessoas, conforme graus de desejo. Mas como lembra o rab, está na
lição dos sábios o fato de que se escreve: “Eu criei a
inclinação ao mal, eu criei a Torá como tempero para ela, pois a
luz nela a retornará ao bem” (Kiddushin
30b). Assim não há pecado. Pois se estudarmos a Torá em grupo,
revelaremos a qualidade da doação (não mais do ego..). Pois
Torá vem da palavra Ohr, luz. Os desejos egoístas são chamados de
Egito, e se começa a corrigir disso no Sinai. Mas o deserto do Sinai
é de Sina (ódio), e assim ansiamos pela conexão. Os pecados são
descobertos em nós, assim como o Egito em nós. Logo, todos os
pecados internos foram preparados para nós desde o início.
Já
no livro cabalístico do Likutei Amarim Tanya, fala-se no Salmo
103:17 como uma relação de mundos superiores espirituais e o nosso
mundo. Nesse sentido que a benevolência de Deus passa dos mundos
superiores até o mundo inferior. Isso significa que a luz de Deus,
o infinito, Ein Sof,
que irradia os mundos superiores tanto quantitativamente quando
qualitativamente, se irradiam, até que os seres fiquem em um estado
de autoanulação verdadeiro (ali falado em temor), sendo estes
absorvidos na Luz do Criador. Estes mundos
superiores são os hechalot
(salões), com os anjos e almas dentro deles, os quais são chamados
por seus nomes no livro cabalístico do Zohar. Logo, esse é o
sentido do salmo.
Por
fim, sobre a construção de imagens, o Talmud revel grande
clareamento. Pois quando se diz para não fazer imagens em Êxodo
20:20, na verdade se diz no sentido de “Não fareis imagens dos
meus servos que Me servem do alto”. Lá a discussão de início se
refere a não fazer imagens do Sol e da lua, seguindo a proibição
de se fazer um castiçal (menorá) e mesmo de se construir uma
residência com as mesmas medidas e detalhes do templo sagrado. Mas
em momentos de crise eles fizeram um candelabro de madeira, e as
imagens de planetas são permitidas por não se conseguir as
reproduzir. Não se poderia fazer um castiçal de 7 velas, mas se
poderia de oito, e assim por diante. Em verdade, quando se refere aos
“servos” do alto, se fala naqueles seres espirituais descritos na
carruagem ou trono celestial, da visão de Ezequiel, assim aos Chaiot
Hakodesh,
aos seres de quatro faces. E a isso que se refere em última
instância o versículo, e assim falou também Rashi.
Fontes
-Bíblia
Sagrada, versão ebook João Ferreira de Almeida
-Michael
Laitman, em programa Kab TV, de 27/11/2014, “Segredos do Livro
Eterno”
-Likutei
Amarin Tanya, volume 6, Editora Beith Lubavitch
-Talmud
Bavli, Rosh Rashaná
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