Sobre
o princípio das dores, fim do mundo e a ceia santa, do ponto de
vista esotérico
“Ora,
Jesus, tendo saído do templo, ia-se retirando, quando se aproximaram
dele os seus discípulos, para lhe mostrarem os edifícios do templo.
Mas ele lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não
se deixará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada. E estando
ele sentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus
discípulos em particular, dizendo: Declara-nos quando serão essas
coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo”. (Mat.
24: 1-3)
“E
ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; olhai não vos
perturbeis; porque forçoso é que assim aconteça; mas ainda não é
o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra
reino; e haverá fomes e terremotos em vários lugares. Mas todas
essas coisas são o princípio das dores. (Mat. 24:6-8)
“Enquanto
comiam, Jesus tomou o pão e, abençoando-o, o partiu e o deu aos
discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo. E tomando um
cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos; pois
isto é o meu sangue, o sangue do pacto, o qual é derramado por
muitos para remissão dos pecados”. (Mat. 26: 26-28)
Passamos
por um momento espiritual. Isso nos lembra em contraste com o nosso
apego material, e assim nos vêm a memória o Cristo, que nos mostra
esse caminho espiritual. Isso não se faz sem alguma dificuldade
inicial, e assim o fim dos tempos. Tal fim não é necessariamente
externo, mas mais interno. É um certo batismo verdadeiro e profundo.
Também uma eucaristia espiritual e mística que nos une ao Cristo
Cósmico. Essa lição da ceia é ainda alquímica, como lembra
Corinne Heline, em seus comentários esotéricos a Bíblia. Também
John Scott nos leva a pensar no que é esse tal fim do mundo. E o que
vem a ser esse Monte das Oliveiras, em sentido místico? E qual será
a pedra sobre pedra que não estará derribada? Será que o Divino
agirá com alguma “maldade” extinguindo toda a possibilidade de
existência humana? Será que guerras, catástrofes naturais e
perseguições transformam o mundo em algo melhor, ou o levam para a
espiritualidade?
Há
entre muitos teólogos uma certa escatologia, defendida em sentido
fatalista e pior, materialista. De modo algum a doutrina bíblica é
meramente moralista e material, e mesmo não se pode nem relacionar
fatos que ocorreram na noite dos tempos, com a nossa realidade
presente. Claro que se esperar e marcar datas para o fim do mundo e
para a segunda vinda de Cristo, bem como uma série de invenções,
se atacando igrejas, governos e países é igualmente contraditória.
Essas invenções e interpretações limitadas nos deixam perplexos,
e cada vez mais pessoas temem ou mesmo desejam um fim, não evoluindo
ou se transformando. O Cristo veio para nos transformar, e nada
teremos de temer. Para isso um ponto de vista místico e interno nos
dá melhor resposta a dita “escatologia”, que na verdade é o
retorno para o Pai, e nesse sentido algo bom, mas que exige
transformação de natureza e o que se chama em Mateus de “princípio
das dores”.
Como
vimos nesse estudo, a linguagem da Bíblia é uma linguagem das
raízes, simbólica e se referindo a mundo espiritual. Para isso, nos
vêm ensinar a cabala, bem como a gnose e a mística. E meras
guerras, catástrofes naturais e perseguições não melhoraram a
humanidade. O fator deve ser o amor ao próximo, e nesse estaria toda
a lei, bem como a adesão ao Criador. Nesse sentido que o ensinado
pelo Yeshua (Jesus) em
Mateus, fala desses símbolos de transformação espiritual, e
atemporal. O Monte das Oliveiras simboliza um elevado plano
espiritual. O fim do mundo ocorrerá tanto individualmente, quanto
cosmicamente, conforme Max Heindel, e o fim do mundo é o fim da
materialidade, conforme Scott. E alguém se pergunta se acabaria
tudo? Não ficará pedra sobre pedra. Mas ficará a alma, ou melhor,
aquela parte espiritual que se desenvolve, não se confundindo com o
corpo astral inferior ou de desejos, estes últimos presentes em
algumas sessões espíritas. A fome descrita significa a fome
espiritual, e os terremotos são os tremores da saída do espírito
do corpo, em abertura de vórtices. As guerras são contra os eus, os
egos e personas que nos afastam do caminho de transformação. As
nações são os desejos e distrações que nos afastam do Pai
Celestial.
Sobre
a ceia, esta além do mistério da eucaristia, guarda ainda um
significado esotérico adicional. John Scott, em se referindo ao
espírito de Cristo que nos sustenta a vida, e que penetrou na terra
após os gólgota, além de ter um cuidado especial com os planetas
de nosso sistema solar, bem como simbolizando o vinho a Força Vital.
A casa do Pai seria um estado elevado disso. Também Corinne Heline
lembra de um sentido alquímico, onde o vinho representa o princípio
masculino, e o pão representa o princípio feminino. Cristo
ensinava seus discípulos a construírem a pedra filosofal dentro de
si mesmos. Desse modo é errôneo quem vê a lei hermética do gênero
como marca apenas de outras vertentes, excluindo a cristã. A
castidade é uma chave cristã, também. E o lava pés é a limpeza
espiritual dos chacras, que muitas vezes sofreram com sentimentos
negativos e mesmo a influência do mundo. Um sinal da humildade do
iniciado é o lava pés.
Fontes
-
Sagrada Bíblia,
versão João Ferreira de Almeida, em ebook Microsoft Reader
-
Interpretação Esotérica do Evangelho de São
Mateus. Por Roberto Gomes da Costa.
Fraternidade Rosacruz Max Heindel.
-
Estudos Gnósticos sobre a Bíblia Hebraica.
Editorial Mória.
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