Da
virgindade de Maria, de Adão sem mulher e sem estômago e do
Espírito Santo feminino, com relação a saberes da cabala cristã
“De
toda árvore do jardim podes comer livremente;mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em
que dela comeres, certamente morrerás.” (Gen. 2:16).
“Criou,
pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e
mulher os criou” (Gen. 1:27).
“Então
Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, uma vez que não conheço
varão?” (Luc. 1:34)
“o
nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe,
desposada com José, antes de se ajuntarem, ela se achou ter
concebido do Espírito Santo” (Mat. 1:18)
“Alguns
dizem que Maria concebeu por obra do Espírito Santo. Mas eles estão
enganados. Não sabem o que dizem. Quando uma mulher alguma vez
concebeu por obra de outra mulher?” (Evangelho de Felipe)
Pela
leitura do príncipe dos filósofos, Jacob Böehme, que parece ter
escrito muito sobre cabala cristã, vemos que os segredos envoltos
nas Escrituras se cobrem de muitos mistérios. Isso segundo ele foi
dado por uma revelação divina, mas percebemos também que se revela
a sabedoria de uma tradição oral. A concepção e o nascimento do
messias Yeshua (Jesus) se reveste de questão principal. Sua mãe,
Miriam (Maria), parece ter para a concepção, quando teve a operação
da Ruach haKodesh (Espírito Santo), que é feminina. Mas isso se
resolve segundo Böehme, pois Maria teria manifestado uma natureza
masculina, e se mantido virgem, haja vista o processo ser de essência
celestial. Com Adão houve a falha nesse processo, de tal modo que em
Miriam, veio o Messias reparar essa falha de Adão, do mesmo ter
comido da árvore do conhecimento do bem e do mal (ou da morte).
Os
gnósticos cristãos já sabia, que Ruach haKodesh (Espírito Santo)
é feminino. Mas no presente evangelho citado, atestam a virgindade
de Maria (Miriam), mesmo assim. Assim disse Böehme:
“Com relação à
virgindade de Maria, com relação à vida terrestre, antes da
benção, antes do coração de Deus ter se movido, não podemos
dizer, de forma alguma, se ela era uma virgem completa e perfeita, de
acordo com a primeira virgem antes da queda” ; “Compreendemos
agora, o que Maria se tornou com a concepção, ou seja, uma virgem
pura e verdadeira, de acordo com a parte celeste” e “Aqui ela
toma a tintura do correto fogo e correto homem, e se torna também
uma verdadeira virgem masculina, como era Adão em sua inocência..”.
Assim se resolve o impasse da natureza feminina do Espírito Santo, e
de Maria superar essa dificuldade. Ainda, Yeshua diz que no Reino dos
Céus a mulher se torna homem, e que não haverá mais maridos e
esposas, sendo assim para nós infrutífera a discussão do gênero
nesses aspectos teológicos. Maria se tornou virgem para a condição
de ter por filho Yeshua, o messias.
Citou-se
Adão em sua inocência. Esse Adão, era macho e fêmea, antes de
Eva. Para tanto, não necessitava de mulher, e assim ensina Böehme.
Com a árvore da tentação, ele comeu, ou melhor, imaginou a criação
da ajudante, através de seu lado ou sephira, mas isso não mais em
sua condição de pureza ou de corpo celeste, mas material. Esse Adão
inocente era imagem e semelhança de Yahuh (Deus), sem defeito ou
limitação da carne. Tanto que “comer” significa uma analogia
para imaginar, pois a Adão era permitido “nomear” as coisas, ou
mesmo as criar. Esse Adão não tem também assim estômago. Citando
novamente as lições do teósofo cristão, Böehme: “O corpo
exterior recebia o alimento paradisíaco- que não era tomado no
estômago ou carcaça, já que o homem não possuía este apêndice.
Além disso, ele não possuía forma masculina ou feminina, pois era
os dois (...)”. Então, houve uma necessidade material que não
havia antes, e por isso da queda, uma vez que o Adão perfeito era
espiritual ou celeste.
Para
tanto, vemos que Adão possuía uma natureza pura, e que chamar
Yeshua de Novo Adão é viável, haja vista que o primeiro antes do
fruto proibido era assim celeste e angelical. Pois Yeshua possui
assim a essencialidade celeste e partilha da qualidade dos anjos,
sendo também superior aos mesmos, como Adão o era antes da queda.
Isso implica uma forma de reprodução espiritual. Claro que no
estado em que estamos, é mitsvá, mandamento, gerarmos filhos. Mas
com o Reino prometido, levados pelo Messias, já não mais teremos
essa natureza. E que esse mesmo Adão tinha o poder de ordenar os
anjos, bem como de criar pela imaginação, sendo essa o fruto. E se
com Eva não se pode permanecer em uma natureza eterna, tendo-se a
morte e sofrimento, com o Novo Adão Yeshua, se pode superar essas
dificuldades, encontrando uma terra de alegria, descrita no livro
Revelação. Como está em Apocalipse 7:16: “Nunca mais terão
fome, nunca mais terão sede; nem cairá sobre eles o sol, nem calor
algum”.
Fontes
A
encarnação de Cristo – Jacob Böehme
Bíblia
- versão Almeida – e rocket e-book
Apócrifos
II
Nenhum comentário:
Postar um comentário