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domingo, 11 de maio de 2014

Primeira comunhão e seu aspecto místico




"Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, abençoando-o, o partiu e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo. E tomando um cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos;pois isto é o meu sangue, o sangue do pacto, o qual é derramado por muitos para remissão dos pecados". (Mat. 26:26-28)

 

 


No último fim de semana presenciamos a primeira comunhão de muitos jovens. Fato é que o momento foi de grande movimento na Igreja, e que me surpreendeu a quantidade de automóveis nas proximidades. Isso nos mostra ainda da importância da religião em nossa sociedade, e de valores éticos que se mantêm, mesmo em competição a mil entretenimentos e atrativos da sociedade pós-moderna e consumista. Por outro lado, na Igreja Católica vemos grande importância na eucaristia, cerimônia que nos leva a última ceia do mestre Jesus com os apóstolos, na sua aparente sociedade secreta. O pão representando o corpo e o vinho, o sangue, que foi repartido na Igreja (espécie de corpo místico) e assim feita a comunhão sagrada. Essa nada mais é que a união com o Cósmico, que temos na meditação e encontro com Deus. O corpo representa um veículo de consciência, uma manifestação em algum plano ou dimensão. Mas entendo que esse corpo místico está além da igreja, além da cerimônia, está na dimensão Universal como Cristo Cósmico, o Reparador dos Mundos, espécie de Sol metafísico, doador da vida. Sendo o mestre um Novo Adão, assim é um novo diagrama da árvore da vida da cabala, o chamado Adão Kadmon, antes da queda, protótipo do universo e do homem. O homem é um pequeno universo, microcosmo. Mas vamos a diversas opiniões e fatos históricos, para depois retornarmos.
 
 

A eucaristia teve de tal modo em certa época, que "A cerimônia que se revestiu de lendas, foi reformada no Concílio de Trento". Acabou aproximando o sacrifício da cruz. Já Santo Ambrósio disse: "Sabes, portanto, que o que recebes é o Corpo de Cristo. O qual na véspera da sua paixão tomou o pão em suas santas mãos. Antes da consagração é pão: mas logo que se acrescentam as palavras de Cristo é o seu corpo. Antes das palavras de Cristo o cálice contém vinho e água: mas logo que as palavras de Cristo tenham operado se faz ali o sangue de Cristo. Que redimiu o povo. Portanto não é em vão que tu dizes amém, confessando já em espírito que recebes o corpo de Cristo". A cerimônia assim transformou o profano em sagrado, ou a presença de Cristo transformou o mundo e a carne (pão). É a palavra que opera essa transubstanciação, é o Verbo que se aproxima da "palavra perdida", da "palavra de poder" de certas sociedades iniciáticas. Certamente, Jesus possuía a "Palavra", e isso mesmo quem foi contra a sua obra o reconheceu. Também Santo Agostinho disse: "Esse pão que vedes no altar, santificado pela palavra de Deus, é o corpo de Cristo. Este cálice, ou melhor, o que esse cálice contém, santificado pelas palavras de Deus, é o sangue de Cristo". O mesmo a respeito da palavra ou Verbo.
 
 
 

Para Santo Tomás a "Eucaristia contém o próprio Cristo que se entrega à morte, ela é presencialização do sacrifício único de Cristo; é ao mesmo tempo comemoração da paixão de Cristo, sacramento prefigurativo da glória eterna e sinal eficaz da graça que nos concede". Confunde-se um pouco com o que nos disse João a respeito do Verbo no início, que era Deus. Também parece que essa palavra precisa de ar, logo de sopro (espírito), para assim manifestar a vida nas coisas. Essa vida é o que torna estas coisas partes do corpo de Cristo, um corpo místico maior que a Igreja, sendo uma parte que sustenta cosmicamente a vida da Natureza. Sem o Cristo, o inverno viria e todas as coisas morreriam. E o seu corpo deve assim ser ainda mais comemorado. A eucaristia ou outro rito nos sintoniza com esse mistério de Cristo, da comunhão com seu "corpo". E esse rito é em si também uma forma de fraternidade entre irmãos cristãos, e mais que mera memória, se reveste de um aspecto místico incomparável, auxiliado por anjos e pela Presença Divina ou Shekiná. (de meu livro "Comentários à Bíblia", Editora AG Book)



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