Serpente
que caminhava, Adão criado fora do paraíso, casal antes de Adão e
concavidade interior da Terra em visão de Casanova
“o
Espírito de Deus incubava sobre a face das águas” (Gên. 1:2)
“Jeová
Deus havia ornado de plantas o jardim voluptuoso no Oriente, onde
colocou o homem que acabava de fazer” (Gên. 2:8)
“Deus
vos ordenou não comer de todos os frutos das árvores desse jardim?”
(Gên. 3:1)
“que
seja feita uma abóboda entre as águas para que separe as mesmas
águas umas das outras” (Gên. 1:6)
Encontrei
uma obra comentando o Gênesis, dos anos de 1780, onde observei
vários detalhes místicos interessantes, e bem como lembranças do
original em hebraico e mesmo do que temos na Vulgata, de tal modo que
nos aparecem perplexidades de interpretação. Casanova é conhecido
pela sua vida de mulherengo, ou por suas obras de estilo quase
erótico, mas pouco se fala em estudos como esse, que se trata de um
verdadeiro comentário místico do livro Gênesis bíblico. E um
trabalho feito com fé, apesar do espírito do renascimento, que se
envolve de uma profundidade extra em assuntos teológicos e envoltos
de uma visão de religiões comparadas.
“Quem
estuda a Bíblia deve deter-se em todas as passagens que, à primeira
vista, lhe pareçam contradições; e apenas deve abandoná-las
quando, à força de estudo, descobriu que as contradições são
apenas aparentes, pois se se pudesse verificar que na santa escritura
há uma única contradição em matéria de fé nossa religião
passaria a ser declarada imediatamente falsa” (Comentário Literal
Sobre os Três Primeiros Capítulos do Gêneses – Giovanni Jacopo
Casanova). Para tanto, aqui selecionei algumas passagens polêmicas,
e um tanto misteriosas. A principal novidade do autor é declarar que
existe uma concavidade em nosso planeta com outra humanidade, e que
esta terra seria talvez o paraíso.
Casanova
pensa de modo parecido ao meu. Fala que existiu um primeiro casal, e
que Adão não estaria sozinho. Assim cumpriria a lei hermética do
gênero, presente em toda a natureza. Relembra doutrina de andrógino
propagada por Platão e ainda fala que Adão teria sido criado em
nosso mundo, e depois transportado para o paraíso (este na parte
interna de nosso planeta), e depois na queda transportado para nossa
superfície. Ademais, fala em Adão mortal no paraíso, haja vista
que não comeu do fruto da árvore da vida. Outrossim, que Eva saiu
virgem do paraíso. Esses detalhes nos deixam pensativos, haja vista
questões serem debruçadas pelos padres da Igreja primitiva e pelos
teólogos posteriores. De interesse é que o autor faz duras críticas
a Agostinho de Hipona, o que nos mostra que Casanova era entendido em
filosofia, tanto quanto em mulheres, pelo qual teve a fama. Essa
terra interior a nossa a que ele fala, teria um sol fixo e uma vida
semelhante a nossa, porém mais paradisíaca. Depois a teoria se
chamou da “Terra Oca”, e até os alemães da Segunda-Guerra
procuravam ainda esse local, que teria uma caverna ou entrada aqui em
nossa superfície.
Sobre
a serpente, sabe-se que ela não era da mesma forma antes da queda e
do pecado de Adão e Eva. Assim alguns autores como Basílio e Josefo
falam que ela estava de pé, ou devia estar. Para tanto pensaríamos
que ela caminhava, e que se assemelhava aos animais com patas ou
mesmo ao homem. Claro que a serpente não come pó, mas sim animais,
peixes, e outros seres, como roedores. Vale lembrar que já comentei
sobre o tema, pois a palavra nahash
significa concupiscência, e a serpente seria uma alegoria para a
própria tentação. E se relaciona a sexualidade, assim como o
próprio fruto, pela gnose.
Essa
obra trás muitas discussões dos padres da igreja, e ainda algumas
crítica relevantes. Apesar na fé do autor nas Escrituras, nem tanto
se coloca em relação a Igreja, quando se trata de ciência. Assim
comenta: “Tudo o que a Igreja faz, e que nos comunicou, é verdade;
mas nem todas as verdades, que se referem a fé, podem ser conhecidas
pela Igreja”. Para tanto, há muita ciência que tivemos de um
distanciamento da opinião de padres, e outra que encontramos mesmo
na Bíblia. Fato é que o sentido místico e de sabedoria permanece,
e que mesmo em comentários de renascimento, percebemos o grande
saber das Escrituras, que revelam mais que seu mero sentido literal,
nos levando a uma tradição oral que serve de chave a sua
interpretação mais profunda. Esse sentido talvez esteja no coração
do homem, e na sua intuição, que necessita de uma hermenêutica
profunda e principalmente de revelação.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAMEI O TEXTO BÍBLICO. UMA TERAPIA ESPIRITUAL.
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